quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Presente de Natal – Sonho ou pesadelo?


Fim de ano chegando e hoje vamos apresentar um texto mais leve, com alguns conselhos úteis e práticos para que o Natal não transforme o ano de 2011 em um pesadelo financeiro. O Natal é uma data festiva no mundo inteiro, onde nos congratulamos e trocamos presentes. Muitos dizem que o Natal virou uma data de louvor ao consumismo, com o interesse maior no aspecto material da troca de presentes do que com o espiritual da celebração do nascimento do menino Jesus.
Não quero entrar neste debate, mas que o consumismo existe no Natal é um fato inegável. E não é privilégio apenas do Brasil, é um fenômeno mundial. E qual o efeito econômico desta data nas nossas finanças?
No Natal sempre existe aquela longa lista de presentes e lembrancinhas a comprar. Afinal, como não presentearmos nossos pais, filhos, cônjuge, namorado ou namorada, sobrinhos, patrões ou ainda colegas de trabalho em festinhas de final de ano, sem falar nos amigos mais próximos.
E como resistir às tentadoras promoções de produtos com descontos atraentes e prazos de pagamento a perder de vista? E às chamadas compras por impulso? Reconheço que a tarefa não é simples e aqui vão dois conselhos para fazer de seu Natal uma data aprazível também às suas finanças.
13º Salário – o que fazer com ele? Primeiramente, pagamento de dívidas. Se há dívidas no cartão de crédito, cheque especial, parcelas atrasadas de alguma compra, pague todas estas dívidas antes de pensar em comprar qualquer coisa. Uma vez que não há dívidas pendentes, recomendo guardar de 10 a 20% para poupança e, com o que sobrar, usar para compra de presentes, viagem com a família etc. Lembre-se que não existe coisa pior do que fazer dívida quando já estamos endividados.
Qual o limite de endividamento? De maneira geral, o consumidor não olha a taxa de juros embutidas nas compras a prazo e sim o valor da parcela. E, quando a parcela é baixa, podemos comprar, pois é barato. Ledo engano. A junção de inúmeras parcelas de baixo valor dá um montante alto que muitas vezes não podemos suportar. Para se manter em um patamar adequado, não é prudente que as parcelas de dívidas de compras a prazo sejam superiores a 10% da renda, assim como as dívidas totais (compras a prazo + financiamentos de longo prazo, como carro e casa própria) não sejam superiores a 30% da renda.
Seguindo estes pequenos conselhos de finanças pessoais, temos tudo para ter um Natal cheio de paz e tranqüilidade, onde as congratulações serão muito maiores do que as dores de cabeça na hora do pagamento dos presentes.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

O problema do Álcool Combustível

Nos últimos anos o Brasil produziu uma real mudança no que tange ao programa dos carros Flex. O grande avanço foi a possibilidade de escolha por parte do consumidor, se vai abastecer a álcool ou a gasolina.
No começo, o preço do álcool, agora chamado pelo seu nome químico correto, etanol, era muito convidativo e o boom foi imediato. No governo Lula chegou-se ao ponto de tentar transformar o álcool em commodity, assim como café, algodão, soja etc.
Mas, o que muitos analistas viram e alertaram foram dois problemas principais: da mesma matéria-prima (cana-de-açúcar) podem ser feitos etanol ou açúcar e que isto poderia fazer com que os preços fossem, de certa forma, manipulados. E uma segunda questão, talvez mais grave: poderíamos suprir uma demanda mundial por etanol? E aqui eu vou além, será que os produtores conseguem suprir a NOSSA demanda interna por etanol?
Os motores a álcool consomem, em média, 30% a mais com etanol do que com gasolina. Sendo assim, para o etanol ser mais vantajoso, deve custar 30% a menos do que a gasolina.
O portal Terra lançou um comparativo com os preços médios de álcool e gasolina (http://www.terra.com.br/economia/infograficos/alcool-x-gasolina/index.htm). Dos 27 estados, pasmem, em apenas três deles, São Paulo, Paraná (grandes produtores de cana) e Goiás o etanol é mais vantajoso. O estado onde a diferença é maior é Goiás, com uma diferença média de 37% no preço, ou seja, não é tão vantajoso assim, apenas 7% de diferença real.
O grande desafio para a consolidação e, principalmente, exportação dos modelos Flex com etanol e gasolina é haver uma garantia real de distribuição a preços competitivos o que, hoje, não podemos ainda garantir.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Economia e Liberdade Criativa nas Novelas

Para quem gosta de novelas, ontem deve ter sido um dia interessante, ou frustrante, depende do ponto de vista. Na novela "Passione" da Rede Globo havia um segredo do personagem de Marcelo Anthony, chamado Gerson que seria, conforme relatado pela imprensa especializada no início da novela, algo bombástico, nunca visto antes na teledramaturgia brasileira, ou, como diziam os autores, uma quebra de paradigma.
Como o segredo do personagem estava dentro do seu computador, logo surgiram teorias e conspirações de que o segredo era algo relacionado a pedofilia, zoofilia e outras coisas malucas.
Mas, o que isto tudo tem a ver com economia? Simples, depois da Rede Globo e dos autores da novela se calarem sobre o fato, pois estava gerando audiência, surge em cena a empresa Goodyear, patrocinadora do personagem Gerson (ele é um corredor de Stock Car na novela). O que disse a Goodyear? Digamos que ela passou um recado: ""Não teria como a Goodyear ajudar em algo ilegal. A única ação nesse caso seria tirarmos o patrocínio, mas isso [aparecer assim na trama] não teria sentido para nós. Sabemos que é tratável e que é uma coisa do cotidiano."(para ler mais sobre isto, sugiro uma reportagem da Folha.com no link http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/807429-globo-garante-a-anunciante-que-gerson-de-passione-nao-e-criminoso.shtml). O que isto significa? Simples, se for algo que atinja a imagem da companhia, o patrocínio ao piloto Gerson (e à novela, claro) seriam automaticamente cancelados.
Eu, particularmente, não acompanho a novela (não gosto e ainda trabalho a noite), mas, segundo o bom colunista televisivo do UOL, Mauricio Stycer (ver a coluna completa em http://televisao.uol.com.br/critica/2010/11/30/segredo-de-gerson-e-caso-de-procon.jhtm), o segredo era forte, pois a reação dos demais personagens, quando descobriram foi forte. Como citado na reportagem, "A primeira a fazer isso foi Diana, então mulher do piloto de Stock Car. A personagem de Carolina Dieckmann, que até então nunca havia desconfiado de nada errado com o marido, ficou enojada com o que viu na tela. O segundo a ver foi Saulo, irmão de Gerson, que tentou chantageá-lo após dar de cara com o computador escancarado." Caramba, para a mulher do sujeito ficar enojada e o irmão poder chantageá-lo, a coisa era grave.
Entretanto, qual o bombástico segredo, que mudaria o paradigma das novelas brasileiras e que fez o personagem se consultar com um psicanalista de renome (Flávio Gikovate)? Bem, pelo que deu para entender, o tal do Gerson gosta de sexo com sujeira, se sente atraído pelo cheiro fétido de banheiro e também que foi achacado por um policial ao ser pego por uma prostituta. Em virtude disto, passou a procurar na internet. Agora a pergunta: um sujeito vendo foto de sexo em banheiros públicos seria algo tão grave a ponto de ser chantageado e perder a mulher? No que isto muda o paradigma da TV brasileira? O mais paradoxal foi a reação do psicanalista na novela dizendo que o problema não era grave.
Das duas uma: ou, como Mauricio Stycer disse, isso é propaganda enganosa e os consumidores deveriam ir ao Procon ou então a coisa era realmente grave e devido à ameaça mesmo que velada de um patrocinador de peso da novela, o autor foi "convencido" a amenizar o suposto problema.
O que vocês acham? Deixo a pergunta no ar. E deixo também um segundo questionamento: o interesse econômico se sobrepõe à liberdade artística de criação? Também deixo esta pergunta no ar. Mas, um pequeno palpite: sem dinheiro, não há TV e produtos de qualidade. Simples assim.

sábado, 20 de novembro de 2010

Dia Nacional da Consciência Negra e Feriados no Brasil - Consequências para a Economia

Hoje é feriado, um feriado diferente, pois é feriado em algumas cidades (cerca de 200) e não é feriado na maioria das outras (cerca de 5.300). Não vou aqui debater se este dia deve ou não ser feriado, apesar de achar o dia Nacional da Consciência Negra algo bom para a sociedade, mas que não dever-se-ia parar o país por um dia devido a isto. Quero aqui discutir outra coisa, o número de feriados no Brasil. Vamos contá-los, em ordem cronológica:
1. 01 de janeiro, dia da confraternização universal: ok, é um feriado mundial, nada mais justo do que ser feriado no Brasil;
2. Carnaval: apesar de ser um feriado religioso e sermos um Estado laico (por que feriado religioso num país onde não há religião oficial?????), sou a favor do Carnaval, pela questão de geração de divisas para o país. O Carnaval é um produto brasileiro de exportação e o movimento turístico é muito alto e extremamente relevante, principalmente em lugares como a Bahia ou o Rio de Janeiro. Apesar disto, tecnicamente, segunda-feira de carnaval não é feriado e terça-feira é ponto facultativo;
3. Sexta-feira "santa", ou sexta-feira da paixão: um feriado religioso e, conforme explicado acima, se somos um Estado laico, logo, feriado religioso deveria ser abolido . Uma questão sobre isto: os feriados religiosos já tiveram sua função. Quando os empregados não possuiam férias, como forma de ajudar os trabalhadores, a Igreja instituiu que era pecado trabalhar nos dias "santos" e, por esta razão, temos dias para São João, Santo Antônio, São Pedro, Páscoa, Corpus Christi etc. Entretanto, nos dias de hoje, tais feriados não possuem mais sentido.
4. Dia de Tiradentes: considerado um herói nacional, Tiradentes lutou pela independência. Apesar da polêmica sobre se a Inconfidência Mineira foi uma luta pela independência ou se foi uma revolta pelos altos impostos da época, eu considero que este feriado não é tão ilógico, podendo ser mantido.
5. Dia do Trabalho: também um feriado mais ou menos mundial. Não vejo condições políticas de ser alterado.
6. Corpus Christi: pelas mesmas razões da sexta-feira "santa", não há sentido nos dias de hoje.
7. Dia da Independência do Brasil: o dia da independência é feriado em todos os países, marcados por desfiles militares etc. Feriado plenamente compreensível.
8. Dia da Padroeira do Brasil: ao contrário do que muitos pensam, o dia 12 de outubro é feriado por ser o dia da Padroeira e não por ser o dia das crianças. Dias das crianças foi uma invenção do comércio.
9. Dia de Finados: idem aos demais feriados religiosos.
10. Dia da Proclamação da República: também um feriado compreensível, a proclamação da república foi um marco na história brasileira.
11. Natal: também, apesar de ser um feriado religioso, com origem pagã (mas isto é outra história), é um feriado mundial.
Se não esqueci nenhum, há onze feriados nacionais. Além destes, há o feriado municipal de aniversário da cidade, totalizando 12. Se considerarmos o dia Nacional da Consciência Negra, sobe para 13. Se contarmos os feriados "emendados", podemos subir para 15 ou até mais.
O que isto significa? Significa que, em média, temos, no mínimo, 1 dia por mês onde nada funciona no Brasil. Se formos considerar que há, em média, 22 dias úteis no Brasil, temos 5% do mês parado por conta de feriados. Isto significa que não temos produção, não temos serviços bancários, não temos educação. Por falar em educação, o problema é maior, pois a educação tem o péssimo hábito de "emendar" feriados. Se o feriado é terça, segunda não há aula. E aqui uma pergunta. Por que? Se os pais trabalham, por que os filhos vão ficar em casa? Ainda busco uma explicação para isto.
Com tantos dias parados, é óbvio que perdemos competitividade em relação a outros países com menos feriados. Se considerarmos que um empregado trabalha oito horas por dia, há 96 horas não trabalhadas por ano em virtude de feriados, ou seja, um terço de um mês cheio (30 ou 31 dias) e metade de um mês útil (com 22 a 25 dias) não se trabalha no Brasil.
Em tese, nós pessoas físicas deveríamos gostar disto, certo? Principalmente eu, que também sou professor, deveria gostar mais ainda. Neste semestre, por exemplo, com diversos feriados nas terças-feiras, fiquei sem trabalhar também na segunda. Bem, na minha opinião, errado. Quanto menos dias um empregado trabalha, menor tende a ser seu salário, pois a empresa precisa de uma quantidade maior de trabalhadores para realizar a produção, fazendo com que o salário médio seja reduzido. Além disto, isto tira a competitividade do país, o que não é bom para a geração de empregos.
Finalmente, em minha opinião, pelo menos os 3 feriados católicos (sexta-feira "santa", Corpus Christi e finados) poderiam ser eliminados que não faria falta alguma para o desenvolvimento da nação.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Prêmio Top Blog 2010 - Finalmente entre os 3 melhores

É com grande satisfação que desejo informar que, graças ao apoio de todos, nosso blog foi escolhido entre os 03 melhores blogs de economia do Brasil pelo juri popular e semana que vem há a escolha do juri acadêmico.
Ainda não saiu a classificação final. A cerimônia de entrega dos certificados e possíveis prêmios será em São Paulo no dia 18 de dezembro.
Só tenho que agradecer a todos. A lista dos blogs classificados está em http://www.topblog.com.br/2010/index.php?pg=Top3 na seção Economia.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Entendendo o caso PanAmericano

Muito se tem falado sobre a crise do Grupo Sílvio Santos pela grande confusão que se instalou no braço financeiro do grupo, o Banco PanAmericano. Entretanto, o imbróglio ainda não foi claramente esclarecido. Vou tentar aqui explicar um pouco o que aconteceu e dar minha opinião sobre os culpados.
O que aconteceu foi super simples. Os diretores do banco "criaram" lucros. Por que? Simples, porque eles recebiam bônus (uma gratificação) em cima dos lucros do banco, logo, quanto mais lucro, maior o bônus (este problema é enorme na contabilidade e está por trás de grandes problemas financeiros, como o caso Enron ou a crise dos sub-primes em 2008 nos EUA).
E como foi feito? Aí mora o grande problema. A fraude foi, até certo ponto, simples, com venda de carteira de crédito sem a sua referida baixa no balanço. Parece complicado, mas não é. Imagine que você comprou uma casa por R$ 200.000,00 (isto é um bem que você possui, que na contabilidade chamamos de Ativo). Então, você resolve vender esta casa por R$ 220.000,00. Nesta operação, acontecem algumas coisas, você recebe o dinheiro pela venda, deixa de ter a casa e tem um ganho de R$ 20.000,00, ou seja, você tem um bem chamado dinheiro (R$ 220.000,00) e não tem mais a casa e, nesta operação, ganhou R$ 20.000,00 (entrou R$ 220.000,00 de dinheiro e saiu a casa no valor de R$ 200.000,00). Agora, vamos ao que o banco fez. Imagine que na hora de vender a casa você não tire a casa do seu patrimônio e ainda contabilize o dinheiro. Então, seu patrimônio passou para R$ 420.000,00, sendo R$ 220.000,00 em dinheiro e mais a casa (que já não é sua) no valor de R$ 200.000,00. Com isto, seu lucro é de R$ 220.000,00 pois, como você não tirou a casa do seu patrimônio, você ganhou R$ 220.000,00 sem dar nada em troca. Simples, e, até certo ponto, bastante tosco.
E, quem são os culpados? Na minha opinião, são 03:
a) os diretores, por motivos óbvios;
b) o Senhor Sílvio Santos que não promoveu uma gestão profissional no banco (agora diz que vai demitir todos os parentes do banco, fazendo uma gestão profissional - meio tarde, não?) e
c) a empresa Deloitte Touche Tohmatsu. Quem são eles? São a empresa de auditoria externa contratatada pelo banco e uma das maiores do mundo no ramo. E, por que são culpados? Simples, a função deles é garantir ao mercado e aos clientes do banco que as demonstrações contábeis são idôneas, ou seja, que os bens que estão registrados são reais. E o que a empresa disse das demonstrações do banco nos últimos 04 anos? Vou colar uma parte do parecer (para ter acesso ao parecer a às demonstrações contábeis, vá em http://cvmweb.cvm.gov.br/SWB/Sistemas/SCW/CPublica/CiaAb/FormBuscaCiaAb.aspx?TipoConsult=c e digite PanAmericano e depois DFP e aí é só consultar o ano desejado): "Em nossa opinião, as demonstrações financeiras referidas no parágrafo 1 representam adequadamente, em todos os aspectos relevantes, a posição patrimonial e financeira, individual e consolidada, do Banco Panamericano S.A. e controladas e entidades de propósito específico representadas por fundos de investimento em direitos creditórios em 31 de dezembro de 2009 e de 2008, os resultados de suas operações, as mutações de seu patrimônio líquido (controlador), os seus fluxos de caixa e os valores adicionados nas operações correspondentes aos exercícios findos naquelas datas e ao semestre findo em 31 de dezembro de 2009, de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil."
Agora, as demonstrações não estavam representando a posição patrimonial e financeira do banco. Agora, a empresa pode argumentar que a fraude não era detectável. Na minha opinião, uma grande bobagem. Analisando o balanço do banco, a carteira de crédito total do banco somava, em 30/06/2010 (último dado disponível) R$ 5 bilhões e 800 milhões, aproximadamente. O banco disse que poderia não receber, aproximadamente, R$ 400 milhões. Se as fraudes nas operações de crédito somaram R$ 2 bilhões e 500 milhões, então 43% da carteira era fraudulenta. Logo, a empresa de auditoria não conseguiu pegar uma fraude de 43% do total da carteira de crédito do banco? Bem, em minha opinião, isto se chama qualquer coisa, menos um trabalho competente.
Agora, de quem não é a culpa?
a) Contabilidade: querer culpar as regras contábeis (que foram fraudadas) ou as demonstrações contábeis por isto é como processar a Engenharia porque um prédio foi mal construído e desabou. A técnica é boa, o problema é que as pessoas a fraudaram.
b) Banco Central do Brasil: os diretores fraudam a empresa, a empresa de auditoria externa que é paga para isto não cumpre seu papel e o Banco Central do Brasil é culpado? O Banco Central não é auditor de demonstrações contábeis (isto é função da empresa de auditoria), ele realiza fiscalizações periódicas. Poderia fazer fiscalizações mais intensas? Poderia. Será que é necessário? Em minha opinião, é necessário responsabilizar também a empresa de auditoria por este tipo de fraude e não sei até que ponto o Banco Central deve assumir um papel de auditor de empresa privada, quando já há gente capacitada para isto.
Bem, sei que o post ficou longo, mas o assunto é complexo e exige uma certa explicação, muitas vezes longa, sobre todos os temas que o cercam.

sábado, 13 de novembro de 2010

Lucro Presumido – bom para uns, ruim para o país

No Brasil, as empresas que não são tributadas pelo regime simplificado de impostos (SIMPLES) podem optar por duas formas de tributação para o pagamento do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido. Estes regimes são o Lucro Real e o Lucro Presumido (há um terceiro tipo – lucro arbitrado – que é usado apenas pelo Fisco para fins de fiscalização).

No Lucro Real, a tributação se dá com base no Lucro da empresa (Lucro Contábil com alguns ajustes). Já o lucro presumido, a tributação é feita com base na receita, aplicando-se um percentual fixo para a "presunção de lucro" e depois um percentual para o cálculo do Imposto. Para maiores informações sobre o Lucro Real, clique aqui e para informações sobre o Lucro Presumido, clique aqui.

Paralelo a isto, pelas regras tributárias vigentes, até 100% do Lucro Contábil pode ser distribuído aos proprietários das empresas sem pagamento de imposto na pessoa física. Isto é feito pois, se o imposto já é pago na pessoa jurídica, não deve ser tributado novamente na pessoa física. E aí está o mal. A lei diz lucro contábil e não o lucro tributável. Aparentemente, não há problema nisto, mas, com um exemplo a seguir, podemos explicar melhor o fato. Consideremos que uma empresa comercial tenha uma receita de R$ 200.000,00 e uma despesa de R$ 150.000,00. Para simplificar o cálculo, vamos considerar apenas o Imposto de Renda, sem considerar a Contribuição Social.

Lucro Real
Lucro Presumido
Receita
R$ 200.000,00
R$ 200.000,00
Despesas
R$ 10.000,00
R$ 150.000,00
Lucro antes Imposto de Renda
R$ 50.000,00
R$ 50.000,00
Alíquota do Imposto de Renda
15% sobre o Lucro (consideremos que não há ajustes necessários)
1,8% da Receita – Considera-se uma presunção de Lucro de 12% sobre a Receita e 15% de imposto sobre esta presunção
Valor do Imposto
R$ 7.500,00
R$ 3.600,00
Lucro Líquido
R$ 42.500,00
R$ 46.400,00


Neste caso hipotético, a melhor forma de tributação para e empresa é o lucro presumido, pois o pagamento de imposto é mais baixo e a distribuição de lucro para o proprietário é mais alta, podendo, neste caso, ter R$ 46.400,00 de receita isenta na sua pessoa física, ao invés de R$ 42.500,00 pelo lucro real. Então a pergunta: qual o problema disto? Aparentemente nenhum, mas há o problema da maquiagem dos números. Vamos supor que R$ 46.400,00 não sejam suficientes para cobrir a variação de patrimônio do proprietário, pois ele precisa de, por exemplo, R$ 60.000,00 para isto. O que fazer? Há duas soluções, aumentar a receita (o que não é viável, pois há a incidência de diversos tributos sobre a receita) ou diminuir a despesa. Diminuindo a despesa, poderíamos ter a seguinte situação:

Situação Original
Nova Situação
Receita
R$ 200.000,00
R$ 200.000,00
Despesas
R$ 150.000,00
R$ 130.000,00
Lucro antes Imposto de Renda
R$ 50.000,00
R$ 70.000,00
Alíquota do Imposto de Renda
1,8% da Receita – Considera-se uma presunção de Lucro de 12% sobre a Receita e 15% de imposto sobre esta presunção
1,8% da Receita – Considera-se uma presunção de Lucro de 12% sobre a Receita e 15% de imposto sobre esta presunção
Valor do Imposto
R$ 3.600,00
R$ 3.600,00
Lucro Líquido
R$ 46.400,00
R$ 66.400,00


Neste caso, a despesa foi artificialmente reduzida em R$ 20.000,00 e o imposto ficou o mesmo, pois é calculado sobre a receita. Com isto, pode-se distribuir mais R$ 20.000,00 para os sócios, passando de R$ 46.400,00 para R$ 66.400,00. Novamente, que mal há nisto? Isto é bom, pois o empresário vai pagar menos imposto. A questão: é bom pra quem? Este comportamento induz a dois tipos de comportamentos:

  1. Compra de produtos (bens ou serviços) sem nota. Mas, qual o problema disto? O problema é que, quando compramos sem nota, alguém está vendendo sem nota e, se há uma venda sem nota, não há o repasse dos tributos ao governo (tributos, aliás, que já estão embutidos no preço).
  1. Aumento da informalidade. Uma das formas de eu ter menos despesas, de maneira oficial, é a contratação de empregados sem registro em carteira e, neste caso, nem precisamos ir a fundo sobre os malefícios desta prática.
Resumindo, o lucro presumido que é uma prática de facilitação de pagamento de tributos é, na verdade, uma arma potencial para caixa dois e informalidade no mercado de trabalho. Quais as conseqüências de se acabar com o lucro presumido? Em minha opinião, haveria um aumento significativo de compras e vendas com notas, pois não valerá mais a pena para o empresário efetuar compras sem notas para aumentar, artificialmente, o seu lucro. Isto ocasionaria uma complexidade contábil para as empresas? De modo algum. Todo escritório de contabilidade sério e competente já faz a contabilidade das empresas da mesma forma que no lucro real para fins de crédito e para fins gerenciais, ao contrário, isto faria com que as empresas olhassem para a contabilidade como a sua real função, a de oferecer informações úteis para a tomada de decisão e não apenas um modo de recolhimento de tributos.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

XVII Congresso Brasileiro de Custos

Está sendo realizado no período de 03 a 05 de novembro o XVII Congresso Brasileiro de Custos (http://cbc.edugraf.ufsc.br/), o maior evento acadêmico da área de custos do Brasil.
Este ano, o Congresso tem como tema "Sustentabilidade: além da mensuração de custos". Além das apresentações de trabalhos acadêmicos, neste ano o congresso conta com palestras de professores de renome nacional e internacional.
Este ano estou participando com a apresentação de dois trabalhos, entitulados:
"Estrutura de Custos das Empresas do Setor de Vestuário Listadas na Bovespa Utilizando Análise de Regressão Linear", tendo como autores eu, Jorge Eduardo Scarpin, e mais os co-autores Adriana Kroenke e Ari Söthe do Mestrado em Ciências Contábeis da Universidade Regional de Blumenau - FURB e,
"Aplicação do target costing e engenharia do valor na precificação de curso de pós-graduação", tendo como autores, além de mim, os mestrandos em Ciências Contábeis da Universidade Regional de Blumenau - FURB Paulo Wienhage e Irani Rocha.
Em breve começarei a postar os resumos e os links para os trabalhos, porém, ainda estou no processo de compilação e processamento de todos estes dados.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Criação de mão de obra especializada - O caso Blusoft - Blumenau-SC

Vale mencionar aqui um exemplo da falta de mão de obra especializada em alguns setores brasileiros, principalmente tecnologia, e as formas de encarar o problema.
Podemos ficar sentados e reclamando da falta de ação do governo em promover educação e treinamento para todos. Isto é uma reclamação válida, mas, na maioria das vezes, inócua. Outra solução pode ser tentada, a própria promoção da especialização da mão de obra.
Na cidade de Blumenau, há a Blusoft (Polo Tecnológico de Informação e Comunicação da Região de Blumenau), uma entidade sem fins lucrativos que congrega as empresas de tecnologia, a Prefeitura Municipal de Blumenau, a Fundação Universidade Regional de Blumenau - FURB, a Associação Empresarial de Blumenau - ACIB e a Associação das Empresas de Serviços de Informática de Santa Catarina - ASSESPRO. Tanto a prefeitura quanto a FURB, ACIB e ASSESPRO são associados institucionais, ou seja, não tem ação direta na entidade.
A Blusoft trabalha como uma associação para aproximar universidade, poder público e empresas e está com uma oferta interessante. Estão sendo oferecidas vagas para um curso gratuito de programador de 500 horas, com enfoque em nformática básica, passando por lógica de programação, até o desenvolvimento em linguagens como Java, Delphi, C#.Net e outras. O aluno não terá qualquer custo – todo o treinamento será pago pelas empresas participantes, que após o curso irão contratar os aprovados. Todo o curso será bancado pelas empresa que, ao final do processo, terão mão de obra devidamente qualificada.
No site do curso (http://www.proway.com.br/fortic/inscricao.asp), há a descrição dos requisitos:
Gostar e ter aptidão para a área de tecnologia.
Pretender trabalhar, logo após o treinamento, em uma empresa de tecnologia da informação.
Ter disponibilidade de participar dos treinamentos.
Desejável jovens universitários ou que estejam finalizando o ensino médio.
Idade entre 17 a 29 anos.
Agora, uma simples pergunta: "por que as empresas resolveram pagar um curso para quem nem é empregado e pode ser que nem venha a ser? Será que as empresas blumenauenses são bondosas e caridosas com a comunidade?"
A resposta é: NÃO, as empresas não são bondosas. Elas são, na verdade, muito inteligentes. Se não há mão-de-obra qualificada e precisa ser treinada, é muito mais barato fazer isso em conjunto do que de forma separada, pois, de forma separada, há a competição para contratação de empregados treinados e, se uma outra empresa vai oferecer um salário melhor para meu empregado que gastei dinheiro para treiná-lo, por que eu o treinaria? Entretanto, se todos treinarem em conjunto, o custo unitário fica menor, pois o professor atende diversos alunos, a estrutura física idem etc e não vai haver a necessidade de buscar empregados das outras empresas, inflacionando assim o mercado.
Resumindo, uma opção, aparentemente sem sentido empresarial, mas que reduz custos de treinamento e reduz o perigo de inflacionar o mercado por profissionais treinados. Um gol de placa da Blusoft. Aliás, quem quiser saber mais sobre a entidade (da qual não tenho vínculo algum), basta ir ao site http://www.blusoft.org.br e ter as informações, inclusive seu estatuto.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

O perigo da radicalização da imprensa

Acompanhando este segundo turno da eleição presidencial estou aborrecido, desanimado e, de certo modo, atônito com o que ando vendo por aí. A total falta de propostas dos dois candidatos, temas religiosos vindo à tona (será que alguém esqueceu que somos um Estado laico) como o aborto, afinal, se um candidato defende ou não o aborto, o que isto muda? Afinal, para legalizar ou fazer qualquer outra coisa em relação ao aborto deve haver uma lei do Congresso e não uma Medida Provisória da Presidência da República. Além disto, há uma chuva de dossiês contendo barbaridades reprováveis de ambos os lados, como o caso Erenice, dossiês do PT, desvio de caixa da campanha do PSDB, escândalo no Metrô de SP etc.
Até aí, tudo mais ou menos normal em se tratando de campanhas no Brasil. Entretanto, estamos vendo a radicalização da imprensa também, principalmente das duas revistas semanais mais importantes do Brasil, a Veja e a IstoÉ (nem vou entrar na Carta Capital, por ser uma revista muito secundária no cenário brasileiro).
A liberdade de expressão é um direito constitucional brasileiro e também expresso no Artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, onde diz que a imprensa deve ser "independente, livre e plural" (sobre isto, recomendo um ótimo texto disponível em http://www.pautasocial.com.br/artigo.asp?idArtigo=179). Mas, será que estas duas revistas têm sido independentes e plurais? Vemos a revista Veja publicando capas e mais capas ou atacando o governo ou enaltecendo a oposição (a capa com o Aécio Neves posando de Super Homem chegou a ser até hilária de tão ridícula) e, ao mesmo tempo, vemos a revista IstoÉ com capas e mais capas com escândalos da campanha de José Serra. Sinceramente, nada contra, desde que assumissem isso como uma posição editorial, assim como a mídia norte-americana faz (Fox News sendo fortemente republicana por exemplo e outros com uma tendência mais democrata, como o NY Times). Isto faz com que os ânimos se exaltem, com acusações sobre a revista Veja de ser neo-liberal, revista a serviço dos grupos poderosos que perderam o poder com a chegada do "povo" à presidência, que quer a volta da ditadura etc., e, ao mesmo, acusações sobre a revista IstoÉ de ser uma revista "chapa-branca" que, para ter benesses do governo, faz questão de defendê-lo, lançando mentiras contra a candidatura ética que vai salvar o Brasil e nos guiar à Terra Prometida. Pode ser que nenhuma das críticas sejam verdadeiras (eu não concordo com nenhuma delas, até por isso a ironia nelas e as aspas), mas, ao não ter uma evidenciação clara da sua posição política na linha editorial, faz com que as críticas e acusações sejam factíveis.
Posar de independente com reportagens onde se enfoca escândalo de um lado apenas é perigoso, pois faz criar uma tentação da criação de controles sobre a mídia (o tal Controle Social da Mídia que o governo quer fazer é um claro exemplo) e, controle da mídia = caminho para a ditadura, afinal, se eu não posso escrever ou falar o que eu penso, eu não sou livre, basta lembrarmos da famosa frase de Voltaire "posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las."
Parece que nossos veículos não estão sabendo usar a liberdade de imprensa tão defendida ou então gostam de viver no limiar entre a investigação e a irresponsabilidade.

Oktoberfest Blumenau 2010


 Terminou no último domingo a 27a edição da Oktoberfest Blumenau. Não vou falar exatamente da festa, mas sim das impressões que tenho sobre ela (para saber detalhes da festa, sugiro o site http://www.oktoberfestblumenau.com.br/).
Primeiro sobre minhas impressões da festa. Como moro em Blumenau a apenas 4 anos, não sou a melhor pessoa capaz de falar da história e tradição da festa, mas, como morador de outra região, acho a festa maravilhosa, não só pela festa em si, com a música, comida e bebida, mas sim com outros pontos que, a primeira vista, são passados despercebidos.
Em primeiro lugar a limpeza, seja dos pavilhões, seja dos banheiros, que, aliás, existem em números abundantes e raramente há fila (inclusive nos femininos). Apesar da festa ter muita gente (estimam-se públicos perto de 50.000 pessoas nos dias mais lotados, inclusive no sábado que eu fui, como pode ser vista na foto que eu tirei no dia 23/10 ao final do post), o chão é sempre limpo e raramente há sujeira nas mesas.
Outro ponto que merece destaque é a segurança. Neste ano fui na festa 03 dias e não vi uma briga sequer, nem das mais simples, do tipo empurra-empurra. Aliás, na festa há o regime de tolerância zero. É proibido ficar sem camisa e subir nos bancos e mesa. Mesmo que seja para tirar uma foto melhor, quando sobe-se no banco, em menos de 01 minuto (normalmente em 30 segundos) chega algum segurança e lhe pede para descer e não importa quem está no banco, pode ser jovens, idosos, senhoras, crianças, o tratamento é o mesmo. Isto é muito bom pois, quando o público vê que nem pequenos desvios são tolerados, não há incentivo para tumultos maiores.
Finalmente, o público. Apesar da festa ter muita cerveja e, com isto, muitas pessoas que abusam do álcool, em virtude principalmente da segurança, é muito fácil encontrar famílias com crianças pequenas e idosos, principalmente até a meia noite, uma hora da manhã (após este horário, a tendência é de se ficar apenas os mais jovens, como em qualquer tipo de festa, seja casamento, formatura etc.).
Enfim, posso dizer que a Oktoberfest Blumenau de 2010 foi linda, tão linda quanto nos anos anteriores que estive aqui e recomendo a todos virem e prestigiarem a Oktoberfest Blumenau 2011 que terá início em 06 de outubro de 2011 (a festa sempre começa na primeira quinta-feira de outubro e termina 18 dias depois).

Aliás, para quem gosta de números, faltam exatos 342 para o início da 28a Oktoberfest Blumenau.
E, para terminar, segue um poema bem humorado que retrata bem o sentimento de revolta no dia seguinte a uma boa festa. Não me lembro de quem é o poema, mas foi publicado no Jornal de Santa Catarina:
Ao despertar, senti minha cabeça pesada.
O acontecido, já não lembrava.
Despertador maldito.
A cada badalada, um insulto brotava.
Era a ressaca, tão comum companheira
Que logo avisava:
Farei de seu dia um suplício.
E você, seu estrupício, saia da cama
E vá trabalhar!

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Portal periódicos da Capes - Como usar

O portal de periódicos da Capes é uma iniciativa da Capes de disponibilizar, de maneira gratuita, as mais avançadas bases de dados mundiais para pesquisas acadêmicas.

Segundo o site do portal (http://www.periodicos.capes.gov.br/portugues/index.jsp) é oferecido acesso aos textos completos de artigos selecionados de mais de 15.475 revistas internacionais, nacionais e estrangeiras, e 126 bases de dados com resumos de documentos em todas as áreas do conhecimento. Inclui também uma seleção de importantes fontes de informação acadêmica com acesso gratuito na Internet.

O uso do Portal é livre e gratuito para os usuários das instituições participantes (a sua grande maioria insituições de ensino públicas). O acesso é realizado a partir de qualquer terminal ligado à Internet localizado nas instituições ou por elas autorizado.

Todos os programas de pós-graduação, de pesquisa e de graduação do País ganham em qualidade, produtividade e competitividade com a utilização do Portal que está em permanente desenvolvimento.

Entretanto, há um grande problema. O portal não é tão simples assim de ser usado, requer um pouco de habilidade no seu uso.

O professor Dr. Carlos Eduardo Facin Lavarda, colega de docência na Universidade Regional de Blumenau - FURB descobriu um vídeo elaborado pela Biblioteca da Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC e disponível no youtube (http://www.youtube.com/user/BIBLIOTECASUFSC#p/a/u/0/DDN_LgR2j08). O vídeo com um bom tutorial sobre o uso operacional do portal está colado aqui também.


segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Reforma Tributária – um grande desafio para o próximo governo

Um tema sempre recorrente na agenda das finanças brasileiras é a reforma tributária, afinal, o brasileiro paga muito imposto e algo precisa ser feito contra isto.

Nós contadores sempre brigamos por isto e tal fato me incomoda, eu diria que me incomoda muito, por sinal.

A classe contábil luta há anos para que a carga tributária brasileira seja reduzida. O que me pergunto é: a briga é dos contabilistas ou dos empresários? Será que é papel da classe contábil lutar contra isto ou é papel das entidades empresariais, tais como Fecomércio e CNI? A propósito, esta luta é tão fora de propósito que as empresas de serviços contábeis levaram mais de uma década para se enquadrarem no regime diferenciado de pagamento de impostos (SIMPLES) e ainda assim é o único ramo de atividade que deve dar uma contrapartida, trabalhando de graça para outros (sim, isto mesmo, as empresas de serviços contábeis devem fazer a contabilidade gratuita de micro empreendedores individuais para poderem entrar no simples). Será que o foco da briga está correto?

Outra questão levantada é que o brasileiro paga muito tributo. Será isto 100% verdade? Vamos analisar a questão. O Estado (qualquer que seja ele) tem alguns meios para gerar caixa para pagar as suas contas, que são: receitas correntes (basicamente a arrecadação de impostos), venda de ativos (privatizações, por exemplo), endividamento e emissão de moeda (o Estado pode criar dinheiro). Por que não emitimos moeda para pagamento das contas? Por que gera inflação (quanto mais dinheiro no mercado, menor o seu valor). Por que não pegamos dinheiro emprestado? O Estado, assim como nós, tem um limite para o endividamento e, quanto mais endividado, mais ficamos dependentes de bancos (igualzinho a mim, a você, a qualquer um). Privatização? Esta época já foi, já não há tantos ativos assim a serem vendidos, principalmente os não estratégicos, mesmo que voltassem as privatizações, não haveria como nos tirar do buraco se a receita caísse muito. Receitas correntes? Bem, assim como nós pessoas físicas, pequenas, médias e/ou grandes empresas, o Estado precisa gerar receita para pagar suas contas e, sem arrecadação, ou a inflação volta, ou vamos nos endividar novamente.

Se o Estado não pode renunciar às suas receitas, qual a saída? Bem, assim como nós todos, para termos mais dinheiro, ou ganhamos mais ou gastamos menos. Se não queremos aumento de tributos, devemos lutar sim é contra o aumento de despesas do governo para que a nossa vida fique melhor.

Mas, vamos voltar à reforma tributária. Podemos ter esperança que com uma reforma tributária pagaremos menos tributos? No conjunto, a minha opinião é que não, nenhum governo será louco de fazer uma ampla renúncia fiscal, sob o risco da volta da inflação e, em minha opinião, isto não é necessário. Não pagamos, no total, tributos demais, pagamos tributos de forma errada.

Devemos é fazer uma reforma tributária que simplifique o cenário tributário nacional e que garanta que TODOS PAGUEM SEUS TRIBUTOS. Vou explicar melhor (depois pretendo tratar alguns pontos de maneira mais específica em outros posts):

Já ouviram falar de um imposto chamado ICMS? Pois bem, é o imposto sobre circulação de mercadorias e serviços, um imposto estadual. Por ser estadual, sabem quantas legislações diferentes temos sobre este singelo tributo? Isto mesmo, 27, uma por unidade da federação (26 estados e o Distrito Federal). A lei sobre o ICMS é compilada em um documento chamado RICMS (Regulamento do ICMS). Ele é tão extenso que as secretarias da fazenda colocam nos sites por capítulos, para não ficar muito grande. Um dos únicos estados que permitem baixar o RICMS inteiro em .pdf é o Paraná. Sabem quantas páginas tem o RICMS do Paraná? Nada muito extenso, "apenas" 607 páginas. Vamos considerar que os outros não sejam tão extensos e que cada um tenha, em média, apenas 400 páginas. Se você quiser ficar por dentro do ICMS do Brasil, basta ler, aproximadamente, 10.800 páginas. Alguém acha isto algo sensato? Para uma empresa com filiais em diversos estados, há que se ter uma estrutura enorme só para lidar com isto. E o ICMS talvez seja o mais grave, mas não o único problema, temos diversos outros, como o Lucro Presumido (que é assunto para outro post), dois regimes tributários diferentes e sem nexo para PIS e COFINS, substituição tributária, retenções na fonte etc.

Como o Estado pode garantir que todos paguem os seus tributos? Só há um jeito, melhorando a máquina fiscalizatória (Receita Federal e Receitas Estaduais), seja contratando mais fiscais (por incrível que pareça, temos muito poucos fiscais, comparando com os países desenvolvidos) e com tecnologia. O Governo tem dado exemplos muito bons no sentido de melhorar o controle tributário por meio da tecnologia, sendo esperado um salto muito grande com a Nota Fiscal Eletrônica e o SPED. Quando isto for implantado, o Governo terá um controle quase em tempo real das transações de compra e venda de mercadorias e serviços, bem como um maior controle sobre o caixa 2 das empresas. Isto significa haverá menos venda sem notas e todos pagarão seus tributos. Isto vai matar as empresas? Negativo, tributo nunca matou ninguém, o que mata empresa é falta crédito, mau gerenciamento e concorrência desleal em alguns ramos praticados por sonegadores, logo, se houver um combate à sonegação, não vai haver mais concorrência desleal assim (como o problema grave com combustível a preço de venda ao consumidor mais barato que o custo de produção e venda com impostos). E, com o controle maior do Estado sobre as vendas e prestações de serviços, quem deveria ficar incomodado, a população em geral? Eu, particularmente, não teria problema com isto, creio que um sonegador sim, deveria ficar com "a barba de molho". Ademais, com menos caixa 2, o serviço contábil tende a ficar mais valorizado (mas isto é assunto para outro post também).

Resumindo, devemos todos, classe contábil, empresarial e sociedade em geral, lutar para uma racionalidade tributária, não diminuição da carga. Se todos pagassem seus tributos, todo mundo, individualmente, pagaria menos.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Voto Facultativo é a solução?

Muito se fala em voto facultativo, que seria uma coisa boa para o país. Já fui defensor desta tese, mas acho que, no Brasil, ainda não temos uma democracia consolidada a este ponto.

Vamos relembrar um pouco a história. O voto obrigatório vem desde 1932, com o intuito de dar legitimidade para o processo eleitoral da época. Há um excelente artigo na revista São Paulo Perspec. vol.13 no.4 São Paulo Oct./Dec. 1999, disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?pid=s0102-88391999000400016&script=sci_arttext que trata um pouco deste contexto histórico e outro na Revista de Informação Legislativa sobre argumentos contra e a favor do voto facultativo, disponível em http://www.buscalegis.ufsc.br/revistas/index.php/buscalegis/article/viewFile/28002/27560.

Entre os defensores do voto facultativo e do voto obrigatório, a tese que mais prepondera é sobre legitimidade. Há legitimidade numa eleição que a maioria da população vota por obrigação? Há legitimidade em uma eleição com poucos votantes?

O meu raciocínio é outro, vou mais para o lado da economia e das finanças no processo. O voto obrigatório diminui a o peso da compra de votos em uma eleição. Isto é um paradoxo, a primeira vista, pois, votando apenas quem quiser, como haverá compra de votos? Vou explicar melhor com um exemplo:

Suponha que uma cidade tem 100.000 eleitores e, para se eleger vereador, há a necessidade de 1,5% dos votos. Este número não é nem pequeno, nem tão fictício assim. Nas últimas eleições, um vereador em São Paulo capital se elegeu com 0,18% dos votos, em Londrina-PR (287.324 votantes) um vereador se elegeu com 0,56% dos votos e em Brusque-SC (68.779 votantes) o vereador menos votado precisou de 1,63% de votos para sua eleição. Detalhe que, nestas cidades, não houve o caso do vereador puxador de voto, como foi o caso do falecido Enéas Carneiro que, pela força da lei eleitoral, elegeu candidato com menos de mil votos.

Com as regras atuais, há a necessidade de 1.500 votos para se eleger. Suponha que um candidato qualquer, por força das mazelas do povo local, bem como por uma questão de índole, consiga comprar 500 votos para sua eleição (vamos supor, só supor que isto possa vir a acontecer em alguma campanha eleitoral no Brasil), logo, pelas regras atuais, ele precisaria batalhar por 1.000 votos na cidade.

Agora, vamos supor que o voto seja facultativo. Nos países onde isto acontece, o percentual de participação nas eleições varia de 40 a 60%. Vamos considerar que ficaríamos na média, ou seja, 50% de participação (o que acho uma previsão bem otimista). Neste caso, o vereador de nossa cidade fictícia precisaria não mais de 1.500 votos para se eleger, mas de apenas 750 votos. Será que o voto, sendo facultativo, faria as pessoas deixarem de vendê-lo? Sinceramente, acredito que quem vende o voto por uma cesta básica, vende em qualquer situação, sendo obrigatório ou facultativo. Neste caso, dos 750 votos necessários, 500 já estariam comprados, restando apenas 250 para sua eleição. O que isto significa? Significa que o candidato precisa batalhar por apenas 25% dos votos que precisaria batalhar para sua eleição.

Logo, os votos comprados teriam um peso relativo muito maior do que hoje, pois, como este caso hipotético mostra, os votos comprados que na situação de hoje representariam 1/3 dos votos necessários, com voto facultativo, a mesma quantidade de votos comprados representariam 2/3 dos votos necessários. O que eu quero evidenciar com isto? Simples, voto facultativo tende a gerar maior movimento de compra de votos e também, uma maior importância do voto de cabresto pois os votos, de maneira individual, passam a ter um peso relativo maior.

Resumindo, acho que não temos ainda uma democracia consolidada, nem uma situação econômica favorável para a adoção do voto facultativo.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Prêmio Top Blog 2010 - Já estamos entre os 100 melhores

É com muita satisfação que quero informar a todos que este blog foi classificado entre os 100 melhores blogs de economia do Brasil e está participando agora do segundo turno de votações. Para votações, basta clicar na imagem do top blog, no menu a esquerda da postagem ou ir direto em http://www.topblog.com.br/2010/index.php?pg=busca&c_b=23111150.

Efeito Marina e Segundo Turno

Eleição passou, previsão de vitória de Dilma Rousseff no primeiro turno foi por água abaixo.
Em minha opinião, o grande diferencial foi o efeito Marina Silva e vejo este fenômeno de forma interessante e intrigante para o segundo turno.
Como falei até no post da previsão da vitória da Dilma, a perda de votos de Dilma Rousseff estava intimamente ligada ao crescimento da candidatura de Marina, ou seja, havendo uma migração de votos.
Disto se pode inferir que os eleitores, desgostosos com os escândalos envolvendo a candidata petista não aceitou votar nela. Entretanto, também não aceitaram a candidatura de José Serra e descarregaram os votos em Marina Silva como uma terceira via.
Muitos analistas dizem que estes votos tenderiam a migrar para José Serra. Acho cedo demais para esta avaliação, pois, se estes votos descarregados em Marina já vieram da Dilma, por que iriam agora para o Serra e não retornariam para a candidata petista?
Teremos aí mais vinte dias antes da definição. Vamos aguardar e esperar o cenário clarear para uma definição mais precisa dos acontecimentos.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Perspectivas Eleitorais – Dilma eleita no primeiro turno

Nos meses de julho e agosto fiz uma série de posts sobre as tendências das pesquisas eleitorais (http://professorscarpin.blogspot.com/search/label/Elei%C3%A7%C3%B5es) e, já em julho havia uma clara tendência de vitória da candidata Dilma Rousseff no primeiro turno.

Entretanto, sempre havia ressalvas que fatos novos, como o horário político ou algum escândalo pudessem mudar a tendência. O horário eleitoral veio e Dilma disparou nas pesquisas. Entretanto, um fato novo entrou em cena, os recentes escândalos do governo. Isto alterou um pouco a curva de tendência, logo, me vi na obrigação de refazer os cálculos para ver se a tendência mudou.

Analisando as curvas das pesquisas Ibope e DataFolha, o comportamento mostrou-se o mesmo tanto para o horário eleitoral gratuito quanto para os escândalos. Para a análise, foram isolados, por meio de cálculos estatísticos os efeitos destes dois fatores da tendência da série histórica.

a) Horário Eleitoral Gratuito: o horário eleitoral trouxe um ganho para a Dilma e uma perda de votos para José Serra. Em média, Dilma Rousseff ganhou 2,6 pontos percentuais apenas pelo horário eleitoral, enquanto José Serra perdeu 0,9 ponto percentual. Apesar de parecer pouco, para José Serra foi um desastre, pois, esperava-se que a candidatura dele fosse alavancada pelo horário eleitoral e, a tempos, sua posição nas pesquisas estava um pouco estagnada.

b) Escândalos: em relação aos escândalos, houve dois momentos. A quebra de sigilo trouxe impacto nulo nas pesquisas, mas, o escândalo Erenice Guerra trouxe impactos relevantes e, de certa forma, curioso. A análise foi feita de duas formas, com o impacto agindo de uma só vez, ou com o impacto agindo de maneira linear, crescendo com o tempo. A primeira constatação é que o impacto não é linear e crescente, ou seja, o impacto aconteceu e foi estancado, os votos que a Dilma perdeu, perdeu e pronto, não está gerando efeitos crescentes. A segunda constatação é que, com o escândalo, Dilma Rousseff perdeu, em média, 3,9 pontos percentuais, porém, José Serra ganhou apenas 1,8 ponto percentual, fazendo com que 2 pontos percentuais ou migrassem para Marina Silva ou fossem para os indecisos, brancos ou nulos. Tal fato é muito ruim para a campanha de José Serra, já que, mesmo indo para um segundo turno, não há garantia da transferência destes votos.

Finalizando, minha expectativa para as eleições de domingo é Dilma Rousseff ter entre 53 a 55% dos votos válidos, assegurando assim, sua eleição no primeiro turno. Segunda-feira farei um post, ou analisando a razão da minha previsão ter errado ou então comentando o acerto dela.

A propósito, não tenho nenhuma vinculação partidária, irei justificar meu voto, pois estou a 600 km da minha seção eleitoral e, infelizmente, não terei como comparecer às urnas e, se o fizesse, meu voto não seria nem de Dilma Rousseff nem de José Serra.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Mestrado e Doutorado em Ciências Contábeis - Projeto Interação FURB

Hoje, dia 22 de setembro, está acontecendo na FURB (Universidade Regional de Blumenau) um evento de integração da Universidade com os alunos do Ensino Médio.
Na oportunidade os participantes poderão conhecer os laboratórios, bibliotecas e demais ambientes que compõem a estrutura da FURB, bem como conversar com os professores dos mais diversos Cursos de Graduação, a fim de esclarecerem dúvidas nas suas áreas de interesse (maiores informações em http://www.furb.br/especiais/interacao.php?secao=445).
Atendendo a uma solicitação do departamento de Ciências Contábeis, o Mestrado e Doutorado em Ciências Contábeis da FURB montou uma pequena apresentação para mostrar aos alunos do ensino médio o que são os cursos de Mestrado e Doutorado na nossa área.
Para postar no blog, o transformei em vídeo. A qualidade do áudio é ruim, pois foi feito de casa, com meu microfone portátil. A voz também não é aquelas mil maravilhas, pois não sou muito bom como locutor, mas acho que vai ser útil para conhecimento.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Religião, hipocrisia e liberdade de imprensa


Hoje pela manhã, ao ligar a internet para ver as notícias do dia, fiquei estarrecido com uma notícia vinda da Inglaterra (http://noticias.uol.com.br/bbc/2010/09/15/anuncio-de-sorvete-com-freira-gravida-e-proibido-na-gra-bretanha.jhtm). O resumo da notícia é: "Um anúncio de sorvete com a fotografia de uma modelo como uma freira grávida foi proibido pelo órgão que regula a publicidade no Reino Unido. A Advertising Standards Authority considerou que o anúncio desrespeitava as crenças cristãs. A Advertising Standards Authority (ASA, na sigla em inglês) considerou que o anúncio desrespeitava as crenças cristãs, principalmente de católicos."

Bem, realmente eu acho este tipo de anúncio de extremo mau gosto. Porém, onde está a liberdade de imprensa, a liberdade criativa, o Estado laico, o livre mercado etc? Afinal, não seria responsabilidade dos consumidores (mercado) punir este tipo de anúncio não comprando os produtos da empresa que fez o anúncio? A propósito, o nome da empresa é Antonio Federici.

E isto se contrapõe a outro fato, amplamente noticiado pela imprensa. Em 2005, o dinamarquês Kurt Westergaard ficou famoso no mundo inteiro com uma charge em que o profeta Maomé aparece com uma bomba no turbante. Isto deixou os muçulmanos revoltados, pois, segundo a religião islâmica, não é permitido fazer pinturas do profeta Maomé, sendo, portanto, uma grave ofensa, talvez até maior do que a freira grávida do anúncio do começo deste post. Pois bem, o que aconteceu com a charge e com o cartunista? Bem, a charge foi reproduzida em diversos jornais mundiais e o cartunista ganhou o prêmio de mídia do fórum de jornalistas M100. Segundo a decisão de um conselho de jornalistas, Westergaard foi premiado devido à sua inflexível defesa da liberdade de imprensa e de opinião e pela sua coragem de se posicionar a favor desses valores democráticos e de defendê-los, apesar das ameaças de violência e morte. (a reportagem completa do prêmio encontra-se em http://www.dw-world.de/dw/article/0,,5986184,00.html).

E agora, este pobre professor, pesquisador e blogueiro que vos fala fica com algumas questões:

1. Cartunista é jornalista?

2. Jornalista tem passe livre para ofender religiões e ser premiado por isto e publicitário não? Afinal, publicidade não é, de certa forma, regulada pela liberdade de opinião?

3. Ofender a religião muçulmana pode e ofender a religião católica não pode? Ou então, uma velha prática, comum nos idos da política brasileira: "aos amigos tudo, aos inimigos a lei"?

Em minha opinião, isto só tem um nome: hipocrisia e desrespeito, principalmente com a religião muçulmana. Isso sem falar do ranço autoritário e de profunda ignorância religiosa de dizer que o islamismo é do mal e o cristianismo é do bem.

Só para finalizar, não sou nem muçulmano, nem católico, mas sou fortemente a favor do respeito e da liberdade de opinião.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Inflação de Alimentos – um grave problema de longo prazo


Uma grande quebra de safra na produção russa de trigo fez os preços de pães e farinha subirem vigorosamente nas últimas semanas. Isto tem gerado preocupação em diversos países e até manifestações em outros, principalmente na África.
Este problema foi caracterizado por fatores climáticos. Entretanto, enxergo outro problema, não no curto prazo, mas no médio e longo prazo que é a tendência de inflação para os alimentos.
Para fundamentar este ponto de vista, vamos a algumas análises de cenários e tendências.
Países Desenvolvidos
Os países desenvolvidos estão com um poderio econômico menor, em termos relativos, do que nas últimas décadas. Alguns países estão com crise no emprego e na renda. Entretanto, mesmo em situações de crise, o consumo de alimentos é um dos últimos itens a ser reduzido, visto que alimentação é uma necessidade básica de todo ser humano.
Aliado a isto, a fronteira agrícola dos países desenvolvidos está no limite. Não há mais terras nuas para serem desbravadas, nem florestas para serem derrubadas. Por mais que avanços tecnológicos possam melhorar a produtividade, sua agricultura é pouco competitiva, sobrevivendo com enormes subsídios governamentais, o que deve ser diminuído no médio e longo prazo, pois os países em desenvolvimento usarão isto como moeda de troca para abrirem seus mercados aos produtos industrializados.
Países em Desenvolvimento
É o grupo de países que mais se desenvolve no mundo atualmente, com aumento da sua importância econômica relativa, bem como aumento de renda de sua população. Estes países, principalmente Brasil, Rússia e, de certo modo a China, são grandes produtores de alimentos e exportam um bom excedente de produção.
No médio e no longo prazo, caberá a estes países, juntamente com Argentina, em certo ponto a Austrália e alguns países africanos (com o avanço da tecnologia de produção de alimentos) prover alimento para a população mundial. Mas, isto tem um problema na equação. O consumo de alimentos nestes países está aumentando e, com o advento do aumento de poder de grupos que desejam um mundo mais sustentável (o que eu concordo) está fazendo com que a expansão da fronteira agrícola não seja tão grande quanto necessário. Tomando como exemplo o Brasil, há uma clara objeção ao avanço da fronteira agrícola rumo à Amazônia ou a outros ecossistemas, tais como o Pantanal, Mata Atlântica ou Caatinga.
Resta então a tecnologia. Mas, a tecnologia está enfrentando algumas barreiras de consumo. Uma grande saída para o aumento da produtividade é por meio da transgenia, onde serão produzidos alimentos em maior quantidade a um menor custo. Entretanto, a transgenia enfrenta um grande problema quanto à sua liberação por parte dos governos. Os governos são reticentes a liberar os alimentos transgênicos, pois não há garantia científica que tais alimentos não causarão danos ao ser humano no seu uso prolongado (20, 30 anos); porém, os estudos não podem ser feitos justamente pela falta do seu uso prolongado.
Países mais Pobres
Para completar o cenário, algo que não está sendo tão percebido no mundo é o aumento de renda dos países mais pobres, principalmente os países africanos. Por mais que a renda destes países ainda seja baixa, ela está em um ritmo crescente e, neste caso, quando a renda é baixa e cresce, o primeiro e principal item de aumento de gasto na população é com alimento, pois este excedente de renda vai direto para o consumo de alimentos.
Síntese dos panoramas
Considerando que o consumo de alimentos nos países desenvolvidos não está caindo e o consumo tanto nos países em desenvolvimento quanto nos mais pobres está subindo e considerando também que a produção alimentícia está perto do limite nos países desenvolvidos e enfrentando barreiras na sua expansão nos países em desenvolvidos, há claramente um cenário de aumento na demanda de alimentos maior do que o aumento na oferta e, como um preceito básico em economia, o preço destes produtos tendem a subir, caso este cenário se confirme.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

"Contador" Antonio Carlos Atella Ferreira diz que fez solicitação de procuração para 'um cliente' - (Folha.com - 01/09/2010)

Está na Folha OnLine (Folha.com - Poder - Contador diz que fez solicitação de procuração para 'um cliente' - 01/09/2010). Lendo a entrevista com o Senhor Antonio Carlos Atella Ferreira, senti vergonha de ser contador, por mais que atualmente me dedique à pesquisa e à docência.
O que vou transcrever agora são partes da entrevista, portanto, não estou inventando nada, apenas pondo comentários meus entre parênteses:

PARTE 1. FALANDO SOBRE O TRABALHO

Quem pediu a (procuração) da Verônica Serra?
Um cliente que pediu. Não sei quem é, algum advogado do Brasil.
Mas o senhor não lembra quem entregou o papel para o senhor?
Não lembro. Tenho 42 anos de profissão, tenho clientes de todos os lados, não vou lembrar um caso, o cafezinho que tomei lá atrás, mesmo porque faço de 15 a 20 por dia.

(...)
Qual é a sua profissão?
Contador, com direito a atuar justamente na área. (ERRADO, ESTE INDIVÍDUO É TÉCNICO EM CONTABILIDADE, COM REGISTRO NO CRC-SP, OU SEJA, ALÉM DE TUDO, É MENTIROSO, DESINFORMADO, OU NÃO SABE MESMO A DIFERENÇA ENTRE CONTADOR E CONTABILISTA)
Como é o seu trabalho?
O advogado me manda a procuração, eu vou lá e retiro o documento. Sou um office boy de luxo. (OFFICE BOY DE LUXO É PRA ACABAR COM QUALQUER CREDIBILIDADE DA PROFISSÃO CONTÁBIL)
(...)

PARTE 2: FALANDO SOBRE PERSPECTIVA POLÍTICA

É filiado a algum partido?
Não. Mas agora vou querer ser vereador [risos]
Já tem partido?
Uma legenda boa para se eleger. Estou vendo que o negócio é bom...
O seu nome aparece envolvido no caso do sigilo...
Vou tirar proveito. Lembra-se do caso do 'veado' costureiro que roubou o cemitério e saiu para deputado federal? Acho que não sou dessa qualidade, mas posso. (JÁ IMAGINARAM UM REPRESENTANTE ASSIM DA CLASSE CONTÁBIL?)

(...)
PARTE 3: SOBRE O OFÍCIO DE ADVOGADO (QUE BOM QUE AGORA NÃO É MAIS CONTADOR) E UNS PROBLEMINHAS NA JUSTIÇA

No Tribunal de Justiça de Rondônia há quatro, dois em sigilo de Justiça.
Maravilha! Mas não sou obrigado a te responder. Sou advogado. (QUE BOM, TALVEZ NÃO SEJA MESMO CONTADOR)

O senhor é filiado à OAB de São Paulo?
Não, não sou da banda podre. (QUER DIZER QUE A OAB-SP É BANDA PODRE? ELE DEVE SER ENTÃO DA BANDA LIMPA)

Por que o senhor teve cinco CPFs?
Tinha, mas pedi para o delegado da Receita suspender com uma carta de próprio punho e ele deferiu. Já vi que o senhor não é da área, é desinformado.
Mas por que o senhor teve tantos CPFs?
Por um direito de qualquer cidadão, é a própria Receita. Onde se tira um CPF? Por que tenho dois? Quem me forneceu, foi o senhor? (EDUCAÇÃO NÃO É MUITO O FORTE DO AMIGO CONTADOR)
(...)
PARTE 4: CELEBRIDADE INSTANTÂNEA

O senhor conhece o pessoal que trabalha na agência da Receita em Mauá?
Conheço no Brasil inteiro. Trabalho na área, pela força de trabalho seria difícil dizer que não conheço nenhuma pessoa que está na mídia, que é notável no momento. Agora é o meu momento de glória, igual foi com a menina da Uniban [Geyse Arruda]. (QUE BELA BASE DE COMPARAÇÃO, NÃO?)
(..)
PARTE 5: FUNCIONALISMO PÚBLICO

O senhor foi servidor?
Não tive o privilégio de ser um vagabundo a mais. (AQUI, É PRESTADO UM SERVIÇO À DEMOCRACIA. SE TODOS SÃO VAGABUNDOS, PARA QUE ESTADO???)
(..)
Bem, era o que eu tinha para dizer. Infelizmente, venho dizer que eu, realmente, senti vergonha hoje da profissão que escolhi e que tanto amo.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Novas Pesquisas Eleitorais - Presidente

Confirmando todas as tendências apontadas pelo blog desde julho, o efeito tesoura se confirmou. José Serra em trajetória descendente e Dilma Rousseff em trajetória ascendente.
A não ser que um fato novo ocorra, a eleição está decidida no primeiro turno. Nas postagens anteriores havia a ressalva do horário político que poderia mudar o cenário. Entretanto, com o horário político a tendência se acentuou mais ainda, ou seja, pode-se já deduzir que, por enquanto, Dilma Rousseff leva ampla vantagem no horário eleitoral.
Será que os últimos debates provocarão a virada do jogo? Eu, sinceramente, não acredito.

sábado, 21 de agosto de 2010

Pesquisa DataFolha - 20-08 - Comprovação das Tendências

Finalmente hoje, 21/08 com as pesquisas DataFolha para presidente, há uma visão que a eleição tem grande possibilidade de ser decidida no primeiro turno.
Aqui no blog, o primeiro post a tratar disto foi o de maio, vendo similaridades entre as eleições de 1994 e 2010, com a oposição sem coragem de bater na situação e, com isto, estagnando e, no final, perdendo a eleição (http://professorscarpin.blogspot.com/2010/05/similaridades-entre-eleicao-1994-e-2010.html).
Já no final de junho, este blog apontou a clara chance de uma definição no primeiro turno (http://professorscarpin.blogspot.com/2010/06/pesquisa-vox-populi-junho-de-2010-dilma.html e http://professorscarpin.blogspot.com/2010/06/pesquisa-cni-ibope-junho-de-2010-dilma.html).
Pela análise desta pesquisa, na verdade o horário eleitoral, que poderia virar o jogo, na verdade acentuou mais ainda a diferença, fazendo com que a nova previsão, com base na pesquisa DataFolha seja de 58% a 32% dos votos válidos a favor de Dilma Rousseff.
Como foi a primeira pesquisa depois do horário eleitoral, o modelo está começando a captar este efeito agora. Provavelmente, na segunda pesquisa, a previsão será mais apurada. Na minha opinião, a tendência é aumentar ainda mais a diferença, a não ser que um fato totalmente novo aconteça.
O gráfico com a previsão geral e tendência encontra-se abaixo:

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Cursos Gratuitos de Informática


Seguindo a linha do post anterior (http://professorscarpin.blogspot.com/2010/08/cursos-gratuitos-de-idiomas.html), segue a lista de cursos de informática, elaboradas pelos acadêmicos do primeiro semestre do curso de Ciências Contábeis da Universidade Regional de Blumenau (FURB).

A propósito, os alunos da turma são: Ada Maria Carsa; Aline da Costa; Amanda Caroline da Silva; Bianca Caroline Silveira; Camila Baloni; Cleiton Pereira Guedes; Daniela Reisch; Eduarda Cristine Grassi; Gabriela Pinto; Jucinéia Kamke; Jussane Schmidt; Kathlyn Quadri; Laís Daiane Schroeder; Paula Marjorie Ramos; Priscila Rafaela dos Passos; Rômulo Korb; Sirlene Heiden; Taisa Rezende; Tayse dos Santos; Vanessa Pereira Cardoso e William Meneghelli. O serviço de tabulação e compilação dos dados ficou a cargos dos monitores Lara Fabiana Dallabona e Paulo Sérgio Almeida dos Santos.

Seguem os principais cursos de informática encontrados.

Microsoft Word: http://007blog.net/curso-de-informatica-gratuito/; http://asdf.com.br/; http://concursos.ig.com.br/curso/pacote-basico-informatica.aspx; http://elearning.sfm.pt/; http://office.microsoft.com/pt-br/training/CR006195817.aspx; http://search.4shared.com/q/1/informatica; http://www.aprendaemcasa.com.br/; http://www.cursos24horas.com.br/cursos/word.asp; http://www.digicurso.com/; http://www.ecurso.com.br/; http://www.ev.org.br/Cursos/Paginas/Online.aspx; http://www.rksoft.com.br/html/digicerto_master; http://www.semlimites.com.br/informatica/informatica_educacao_cursosonline.shtm; http://www.sfm.pt/formacao/cursos-office.php; www.aprendamais.com.br.

Microsoft Excel: http://007blog.net/curso-de-informatica-gratuito/; http://www.asdf.com.br/; http://concursos.ig.com.br/curso/pacote-basico-informatica.aspx; http://elearning.sfm.pt/; http://www.gandaiabr.net/2008/02/curso-excel-online-gratis.html; http://search.4shared.com/q/1/informatica; http://www.aprendaemcasa.com.br/; http://www.cursos24horas.com.br/cursos/word.asp; http://idealgratis.com/curso/; http://www.ecurso.com.br/; http://www.ev.org.br/Cursos/Paginas/Online.aspx; http://www.juliobattisti.com.br/cursos/excelbasico/; http://www.render.com.br/cursos/gratuitos/aprendendo-excel-2007; http://www.semlimites.com.br/informatica/informatica_educacao_cursosonline.shtm; http://www.sfm.pt/formacao/cursos-office.php; www.aprendamais.com.br.

Microsoft PowerPoint: http://www.ecurso.com.br/; http://www.blogodorium.net/curso-word-excel-power-point-access-gratis-online/; http://www.cursos24horas.com.br/cursos/word.asp; http://www.sfm.pt/formacao/cursos-office.php; http://elearning.sfm.pt/; www.aprendamais.com.br; http://007blog.net/curso-de-informatica-gratuito/; http://search.4shared.com/q/1/informatica; http://www.semlimites.com.br/informatica/informatica_educacao_cursosonline.shtm; http://www.aprendaemcasa.com.br/; http://concursos.ig.com.br/curso/pacote-basico-informatica.aspx; http://www.asdf.com.br/; http://www.ev.org.br/Cursos/Paginas/Online.aspx; http://www.iped.com.br/curso/powerpoint-2007/.

Microsoft Access: http://www.semlimites.com.br/informatica/informatica_educacao_cursosonline.shtm; http://www.blogodorium.net/curso-word-excel-power-point-access-gratis-online/; http://www.ev.org.br/Cursos/Paginas/Online.aspx; http://www.ecurso.com.br/; http://www.sfm.pt/formacao/cursos-office.php; http://concursos.ig.com.br/curso/pacote-basico-informatica.aspx; http://www.cenedi.com.br/word.html    http://007blog.net/curso-de-informatica-gratuito/; http://www.asdf.com.br/; http://elearning.sfm.pt/; http://www.aprendaemcasa.com.br/; http://search.4shared.com/q/1/informatica; www.aprendamais.com.br.

Caso alguém encontre mais algum e queira divulgar aqui, basta me enviar o link. Basta fazer um comentário que publico o comentário e já acrescento o curso na lista.
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