sábado, 31 de dezembro de 2011

Brasil, 6a economia do mundo?


Neste final de ano fomos informados que, provavelmente, o PIB brasileiro superará o britânico, nos alçando ao posto de 6a maior economia mundial. Isto significa que somos o 6o país mais rico do mundo?
Bem, depende. O cálculo de tamanho de riqueza pelo tamanho do PIB tem um problema metodológico grave, visto que, quanto maior a população, maior o PIB, pela simples razão de ter uma maior população. Imaginem uma residência onde moram 20 pessoas ganhando R$ 500,00 cada por mês e uma segunda residência onde uma pessoa more sozinha e ganhe R$ 8.000,00 mensais. Qual das casas é a mais rica? Obviamente é a segunda, mas, ao olharmos o tamanho do PIB puro e simples, a primeira casa é mais rica, pois, 20 pessoas ganhando R$ 500,00 geram uma renda total de R$ 10.000,00 mensais.
Analisando os dados de 2010 (os últimos efetivamente consolidados), temos o seguinte ranking de riqueza total:

País
1 -  Estados Unidos
2 - China
3 - Japão
4 - Alemanha
5 - França
6 - Reino Unido
7 - Brasil (que será o 6o em 2011)
8 - Itália
9 - Índia
10 - Canadá
11 -  Rússia
12 -  Espanha
13 - México
14 -  Coréia do Sul
15 - Holanda

Porém, ao analisarmos o ranking do PIB per capita, uma medida muito mais sensata de medição de riqueza, temos a seguinte situação:

País
1 -  Luxemburgo
2 - Noruega
3 - Suíça
4 - Dinamarca
5 - Macau
6 -  Suécia
7 -  Estados Unidos
8 - Irlanda
9 -  Holanda
10 -  Canadá
11 -  Áustria
12 -  Finlândia
13 -  Bélgico
14 -  Japão
15 - Singapura

E onde está o Brasil neste ranking? Na singela 49a posição, atrás de países como Eslováquia, Arábia Saudita, Chipre, Croácia, Venezuela, Hungria, Chile, Uruguai e outras "potências" mundiais. Enfim, será que estamos tão ricos assim?

sábado, 17 de dezembro de 2011

Uma linda poesia

Fugindo total aos assuntos deste blog, não posso deixar de dar uma de tio coruja. Minha sobrinha, Isabela Scarpin Contatto, aluna do 7o ano do Colégio Galois em Brasília-DF participou de um sarau em seu colégio e teve sua poesia selecionada para publicação no livro do evento.
A poesia fala sobre algo que minha sobrinha é especialista, "o ser adolescente".

Nos olhos de um adolescente

Nos olhos de um adolescente,
vejo a alegria de viver
e a esperança de um novo amanhecer.

Nos olhos de um adolescente,
vejo as dúvidas da vida
e do futuro que está por vir.

Nos olhos de um adolescente,
vejo um brilho nascer
e a esperança florescer.

Nos olhos de um adolescente
Vejo o futuro da nação.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Tendências econômicas para 2012


Dezembro chegou, Natal se aproxima e o ano se encaminha para o final. Como em todo final de ano, é hora de um balanço do que se passou e do que está por vir.
Na área econômica, o ano foi extremamente agitado. Crises, greves, protestos, desaceleração econômica etc. Vamos separar os acontecimentos por tópicos.
1. Preços de commodities agrícolas. Os preços das commodities agrícolas que estavam muito valorizados no ano de 2010, continuaram com o mesmo comportamento em 2011 e a tendência é de que isto não sofra mudanças em 2012. Provavelmente em 2012 não haverá deflação de alimentos, mas sim uma estabilidade no patamar elevado que se encontra hoje. Uma das poucas commodities que está com preço depreciado é o arroz e a tendência é que esta depreciação se mantenha em 2012, para infelicidade dos produtos catarinenses.
2. Álcool combustível. Justamente pelo tratado no tópico anterior, o preço do açúcar está com tendência de manutenção de preços elevados e, felizmente ou não, o açúcar de cana é o mais competitivo em termos de produtividade e, como o insumo para o açúcar e o álcool são os mesmos (cana), os usineiros continuarão a produzir açúcar em detrimento do álcool combustível, ou seja, os carros flex não verão álcool por um bom tempo, visto que, álcool a R$ 2,49 o litro (média em Blumenau-SC) não é um preço convidativo. A única possibilidade de alteração deste quadro é uma intervenção governamental, seja reduzindo a carga tributária do álcool ou aumentando a carga tributária do açúcar (coisa que acho mais provável, por razões óbvias).
3. Crise europeia. Talvez o fato econômico mais marcante neste ano de 2011. Talvez pela primeira vez desde a reconstrução do pós-guerra, vemos a Europa em situação extremamente frágil. Para se ter uma ideia da fragilidade econômica, a União Europeia suplica por dinheiro do FMI e pede, encarecidamente, que a China, o Brasil e os demais emergentes comprem seus títulos (emprestem dinheiro a eles). Se um brasileiro entrasse em coma nos anos 80 e acordasse apenas hoje, juro que não acreditaria e pensaria que, efetivamente, os maias estavam certos e que o fim do mundo realmente se aproxima. O que espero para 2012 em relação a isto? Infelizmente sou pessimista neste aspecto. Não espero uma recuperação econômica, ao contrário, vejo o BCE comprando mais títulos podres dos estados membros via mercado secundário e a recessão e o desemprego, que em alguns países chega a mais de 20%, aumentando e colocando em risco a sobrevivência do euro no médio prazo.
E quanto ao Brasil? Se a crise europeia se agravar, é lógico que seremos atingidos, assim como o mundo todo o será. O que deve ser feito então é privilegiar o mercado interno, reduzir encargos sobre a produção industrial e não deixar o consumo cair, pois, menos consumo, mais desemprego e menos renda.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Entendendo a Crise Européia

Estamos vendo nas últimas semanas uma explosão de protestos pela Europa, bem como governos enfrentando dificuldades para vender seus títulos soberanos e algumas nações quase em risco de calote. Este tema parece complexo e temos a tendência de culpar os bancos ou o sistema financeiro por todas as crises do sistema capitalista. Entretanto, o tema é mais simples do que aparenta e, pelo menos nesta crise, os bancos são apenas uma parte dos culpados.
A crise fica mais fácil de ser compreendida com um exemplo básico de uma pessoa, que chamaremos de José e será colocado entre parênteses o paralelo com a crise atual. José trabalha e tem uma renda mensal de R$ 5.000,00. Porém, ele e sua família gastam R$ 5.500,00 por mês, além de uma ajuda mensal aos parentes no valor de R$ 2.500,00 por mês, totalizando um gasto mensal de R$ 8.000,00 (descontrole fiscal).
Como José tem um bom crédito na praça, consegue facilmente empréstimos bancários no valor de R$ 3.000,00 mensais para cobrir o rombo nas suas despesas. Esta é uma boa alternativa para manter seu padrão de vida e manter seus parentes satisfeitos com a renda transferida mensalmente a eles (aumento da dívida).
Entretanto, alguns anos atrás, diversas outras pessoas resolveram não pagar suas dívidas e, embora José não tivesse nada a ver diretamente com o fato, os bancos passaram a ser mais cautelosos na hora de fornecer créditos para todo o sistema financeiro (crise de 2008).
Agora, imaginem que José, depois de tanto pegar dinheiro emprestado no banco, tenha uma dívida superior ao que ele consegue produzir em um ano de trabalho (PIB), algo em torno de R$ 70.000,00 para quem fatura apenas R$ 5.000,00. Será que os bancos passarão a olhar para José como possível cliente com risco de calote? Provavelmente sim e, quando o banco percebe isto, a taxa de juros aumenta, pois como há um risco maior de não pagamento, o juro é mais alto para compensar eventual calote, e também o prazo para pagamento é mais curto, visto que não há garantia de pagamento no longo prazo (aumento da taxa de juros da rolagem dos títulos soberanos, que são os títulos que os Estados vendem aos bancos para captar dinheiro).
Neste caso, José tem duas alternativas, cortar gastos e/ou aumentar suas receitas. No caso do corte de gastos deve ser feito em duas frentes. A primeira é reduzindo seu padrão de vida, gastando menos, por exemplo, com sua educação, saúde e segurança (corte de gastos públicos). Já a segunda é reduzindo o valor pago aos parentes (redução de salários de funcionalismo público, redução de aposentadorias e aumento da idade para se aposentar). Agora, analisando friamente, será que José, sua família e seus parentes que são sustentados por ele ficarão contentes com estas medidas ou protestarão contra este corte de gastos, dando a alternativa de simplesmente dar calote nos bancos como medida mais apropriada? É exatamente este o motivo pelos protestos em toda a Europa, ou seja, protestos econômicos e não políticos.
Já em relação a receitas, deve trabalhar mais e arrecadar mais dinheiro para cobrir seus gastos. No caso dos Estados, isso ocorre em duas frentes, aumento de tributos cobrados da população e incentivo à atividade econômica. Mas, como o mercado interno está parado, a saída seria a exportação, sendo que aqui, a questão é outra: exportar para quem? A China, o motor da economia mundial é exportadora e não importadora, a Europa e EUA em crise, então, podemos ver um mercado excelente para as exportações: Brasil e demais emergentes.
Em tempo, não acho os bancos santos ou livre de qualquer parcela de culpa na crise. Entretanto, a maior culpa dos bancos foi de não ter cortado o crédito para os países perdulários antes, esperando até o último minuto para isto.

Texto com colaboração de Miguel Amaral.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Retrocesso na FURB Federal


Infelizmente, no dia 28 de novembro passado, tivemos uma notícia ruim, mas esperada, sobre o processo de Federalização da FURB. Dos dois processos que corriam em paralelo, a incorporação pela UFSC e a criação da UFVI (Universidade Federal do Vale do Itajaí), um foi quase que plenamente abortado no congresso nacional.
A criação da UFVI estava proposta em um projeto de lei do Senador Leonel Pavan que previa a criação de uma universidade federal em Blumenau (UFVI) e que depois foi feita uma emenda afirmando que os alunos e servidores da FURB seriam incorporados a esta instituição. O problema é que este projeto é e sempre foi inconstitucional, o que já vinha sendo alertado há tempos por várias comissões e já reproduzido por mim em textos passados.
O projeto possui dois grandes problemas, relatados agora no parecer final do deputado Angelo Vanhoni (íntegra pode ser obtida aqui).
O primeiro deles é que o projeto é autorizativo, ou seja, permite que o governo federal crie a instituição. Entretanto, o governo pode criar uma instituição de ensino sem autorização do congresso, logo a lei seria totalmente inócua, pois faculta ao poder executivo criar algo que ele já tem autorização para criar e, caso o governo federal não tome ação alguma, nada aconteceria, pois a lei teria caráter apenas autorizativo.
O segundo problema, e o mais grave deles, é que a criação de uma universidade ou qualquer instituição federal de ensino é de competência exclusiva do poder executivo, pois, segundo o Artigo 61 da Constituição Federal, é de competência exclusiva do(a) Presidente da República as leis que disponham sobre: “a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e autárquica ou aumento de sua remuneração”. Me parece claro e extremamente óbvio que a criação de uma universidade demanda na criação de cargos, funções e empregos públicos. Em virtude disto, o projeto é inconstitucional.
Sendo assim, o projeto foi alterado para uma indicação ao Ministério da Educação de que a criação de uma universidade federal em Blumenau é algo urgente e relevante, mas, uma indicação nada mais é do que uma indicação que pode ser aceita ou não e, mesmo se aceita, pode ser executada no curto, médio ou longo prazos.
Agora, a pergunta que tenho para nossos representantes é: os senhores não sabiam que o projeto era inconstitucional ou apenas “jogaram para a plateia” ao defender algo que sabiam que não aconteceria em virtude de futuras eleições?
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