quinta-feira, 24 de novembro de 2011

A inutilidade das Agências de Classificação de Risco


No mercado financeiro, as agências de classificação de risco foram criadas para ser um instrumento de aconselhamento e análise de mercados estrangeiros, a fim de facilitar investimentos por parte de bancos, fundos de pensão e corretoras locais. Por exemplo, é muito caro para um investidor norte americano avaliar se é seguro investir em títulos do governo tailandês, uruguaio ou turco; logo, se uma agência diz que o risco tailandês é mais alto do que o uruguaio, que, por sua vez é mais alto do que o turco, tal informação facilita e muito a alocação de investimentos.
Tais agências funcionaram bem quando da normalidade do mercado, porém, já desde as crises dos anos 90 e mais fortemente na crise do século XXI, que vem desde 2008, estas agências não foram capaz de detectar problemas com títulos de bancos e de países (títulos soberanos), levando seus detentores a graves perdas.
O maior problema é que as agências, até pelo seu relativo sucesso passado, ficaram extremamente poderosas e uma revisão de notas, principalmente para baixo, gera consequências políticas, muitas vezes de grande magnitude. Logo, o que fazer quando uma agência observa que um título, antes considerado como baixo risco de calote passa a sofrer ataques especulativos do mercado e este país se vê em graves dificuldades para honrar seus compromissos?
Observa-se hoje um agravamento cada vez maior da situação econômica europeia, com governos de países grandes e importantes como Espanha e Itália com enormes dificuldades em rolar as suas dívidas, necessitando de auxílio estatal externo, o chamado fundo europeu para estabilização, visto que o mercado já não mais aceita rolar a dívida a juros baixos. Isto funciona como na nossa vida cotidiana, quanto mais endividado o indivíduo, maior a taxa de juros que precisa pagar ao banco. Porém, quando olhamos as classificações de risco, os títulos italianos, por exemplo, tem uma classificação nível A, que significa baixo risco de não pagamento (para efeito de comparação, a classificação brasileira é B).
Por que então as agências simplesmente não diminuem a classificação de risco destes países, para uma classificação padrão B ou até mesmo C em alguns casos? Basicamente, por dois motivos. O primeiro político, se a classificação piorar muito, as taxas de juros cobradas pelos mercados subiriam mais ainda, aumentando o risco de calote, como uma bola de neve, além de vários fundos de pensão no mundo serem obrigados, por regras internas, a investir apenas em títulos com alta classificação, o que provocaria uma venda em massa destes papéis, caso a reclassificação ocorresse. O segundo é um motivo de imagem, pois uma forte reclassificação para baixo seria como se as agências assumissem que, durante anos, produziram classificações enganosas para seus clientes e, neste mercado, reputação é tudo.
Finalmente, isto está levando a um grande problema para as agências. O mercado não está esperando as agências para reposicionarem suas carteiras de investimento e, o que era para ser um guia para o mercado, está tomando um rumo inverso, com as agências seguindo o mercado e não o contrário.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Marcha contra a corrupção e a Economia

No último dia 15 de novembro foi promovida uma série de marchas contra a corrupção em diversas cidades brasileiras. Neste dia, a população foi às ruas clamando pelo fim de um dos maiores males da política brasileira, a corrupção. O tema é urgente e importantíssimo, pois se calcula que bilhões de reais são desviados por ano, dinheiro este que poderia ser usado na saúde, educação, segurança, obras públicas etc.
No entanto, o resultado ficou muito aquém do ideal. Organizadores do movimento comemoraram algumas centenas de pessoas na rua, o que pode ser razoável em cidades como Blumenau, com 300 mil habitantes, mas péssimo em cidades como São Paulo e Brasília, por exemplo. Ao invés de ficar bradando que o povo brasileiro não tem maturidade política, que somos um país subdesenvolvido e outros discursos prontos, penso que o problema é econômico e não político, ou seja, parafraseando James Carville, “é a economia, estúpido!”.
Estamos vendo uma quantidade extremamente grande de manifestações ao redor do mundo, começando pela primavera árabe, manifestações na Europa e o ocupe Wall Street. Serão manifestações políticas ou econômicas?
A primavera árabe, apesar de ser um movimento contra a ditadura nos países árabes, começou na Tunísia com um desempregado ateando fogo ao seu corpo justamente em protesto contra a falta de emprego. No Egito, protestos já haviam começado pela alta do preço do pão (base da alimentação local). Esta insatisfação econômica levou a uma revolta que ganhou corpo e passou a protestar contra o governo e então acabou contagiando a população, inclusive de outros países árabes, como em um efeito viral.
O movimento europeu já é diferente, 100% econômico. Protesta-se contra muita coisa, mas, principalmente, contra os pacotes de austeridade que incluem reduções de aposentadorias, demissões de funcionários públicos, corte de salários etc. E no último final de semana tivemos um exemplo muito concreto disto. O primeiro ministro da Itália Sílvio Berlusconi só caiu pelo agravamento da crise econômica, não pelas acusações de corrupção ou escândalos em sua vida pessoal.
Finalmente, o movimento ocupe Wall Street, em Manhattan, protesta contra o sistema financeiro, motivados pela grave situação econômica, visto que os bancos estão bem enquanto a população em geral está endividada, sem dinheiro para pagar a hipoteca das casas e tendo que abrir mão do seu padrão econômico de vida.
Já no Brasil, a situação é diferente. A crise econômica ainda não chegou com força por aqui. O desemprego é baixo, a renda da população está melhorando e o crédito continua a se expandir. Quando a situação econômica é boa, o povo tende a esquecer de problemas maiores, como os romanos já conheciam muito bem, com a política do pão e circo (panis et circenses). Logo, pode ser que as marchas não tenham tido a adesão desejada não pela falta de interesse ou maturidade política do povo brasileiro, mas tão somente pela boa situação econômica do país, o que traz um desafio ainda maior para todos aqueles que lutam contra a corrupção e mazelas do nosso país.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Previsão de Produtos Agropecuários para o fim do ano - Trigo


Dando continuidade à série de previsões descritas no blog (http://professorscarpin.blogspot.com/2011/07/previsao-de-produtos-agropecuarios.html), seguem as previsões para a média de preços mensais no mercado de trigo, com base no Preço médio do trigo CEPEA/ESALQ – Estado do Paraná - por tonelada, mercado disponível, a vista.
Os dados mostram uma queda dos preços para dezembro, com uma previsão de R$ 438,94, com uma oscilação forte de preços para cima até maio, voltando a cair em junho de 2012, para fechar em R$ 436,00.
A previsão completa encontra-se no quadro abaixo, onde é possível a extração do arquivo em .pdf.

Previsão de Produtos Agropecuários para o fim do ano - Soja

Dando continuidade à série de previsões descritas no blog (http://professorscarpin.blogspot.com/2011/07/previsao-de-produtos-agropecuarios.html), seguem as previsões para os preços médios mensais no mercado de soja, com base no Indicador CEPEA/ESALQ/BM&FBovespa - Paranaguá, por saca de 60 kg, descontado o Prazo de Pagamento pela taxa CDI.

Os dados mostram uma leve tendência de alta nos preços para dezembro, com uma previsão de R$49,37. A tendência é de estabilidade no primeiro semestre de 2012, devendo chegar em junho a R$ 49,83.
A previsão completa encontra-se no quadro abaixo, onde é possível a extração do arquivo em .pdf.

Previsão de Produtos Agropecuários para o fim do ano - Milho


Dando continuidade à série de previsões descritas no blog (http://professorscarpin.blogspot.com/2011/07/previsao-de-produtos-agropecuarios.html), seguem as previsões para os preços médios mensais no mercado de milho, com base no Indicador de Preços do MILHO ESALQ/BM&FBovespa, à vista por saca de 60 kg, descontado o Prazo de Pagamento pela taxa CDI/CETIP.

Os dados mostram uma redução dos preços para dezembro, com uma previsão de R$ 29,10 para a saca de 60kg, com um leve aumento no começo do ano, mas voltando-se ao patamar de R$ 30,00 no final do primeiro semestre de 2012, caso as condições atuais de mercado se mantenham constantes.
A previsão completa encontra-se no quadro abaixo, onde é possível a extração do arquivo em .pdf.

Previsão de Produtos Agropecuários para o fim do ano - Café

Dando continuidade à série de previsões descritas no blog (http://professorscarpin.blogspot.com/2011/07/previsao-de-produtos-agropecuarios.html), seguem as previsões para o preço médio mensal no mercado de café, com base no Indicador Café Arábica CEPEA/ESALQ para saca de 60kg líqüido, bica corrida, tipo 6, bebida dura para melhor, valor descontado o Prazo de Pagamento pela taxa da NPR, posto na cidade de São Paulo.
Os dados mostram um leve aumento dos preços para dezembro, com uma previsão de R$ 488,15 para a saca de 60kg. A tendência é de aumento de preços até março e uma forte queda a partir daí, chegando a um valor de R$ 428,17, caso não surjam outras variáveis externas para a mudança da curva.
A previsão completa encontra-se no quadro abaixo, onde é possível a extração do arquivo em .pdf.


Previsão de Produtos Agropecuários para o fim do ano - Boi Físico

Dando continuidade à série de previsões descritas no blog (http://professorscarpin.blogspot.com/2011/07/previsao-de-produtos-agropecuarios.html), seguem as previsões para o preço médio mensal no mercado de boi físico, com base na média ponderada do boi gordo no Estado de São Paulo, com Funrural (2,3%).

Os dados mostram uma queda de preços para dezembro, com uma previsão de R$ 93,64. O cenário, a partir daí, mostra um aumento e depois uma quase estabilidade de preços para o primeiro semestre de 2012, devendo chegar em junho a R$ 101,93, caso não surjam outras variáveis externas para a mudança da curva.
A previsão completa encontra-se no quadro abaixo, onde é possível a extração do arquivo em .pdf.

Previsão de Produtos Agropecuários para o fim do ano - Bezerro


Dando continuidade à série de previsões descritas no blog (http://professorscarpin.blogspot.com/2011/07/previsao-de-produtos-agropecuarios.html), seguem as previsões para o preço médio mensal no mercado de bezerros, com base no indicador Indicador Arroz em Casca ESALQ/BM&F Bovespa Mato Grosso do Sul.
Os dados mostram uma leve alta nos preços para dezembro, com uma previsão de R$ 755,31. O cenário continua favorável, pois os preços já estão elevados e devem se manter em torno dos R$ 755,00 até o final do primeiro semestre de 2012, caso não surjam outras variáveis externas para a mudança da curva.
A previsão completa encontra-se no quadro abaixo, onde é possível a extração do arquivo em .pdf.

Previsão de Produtos Agropecuários para o final do ano - Arroz

Dando continuidade à série de previsões descritas no blog (http://professorscarpin.blogspot.com/2011/07/previsao-de-produtos-agropecuarios.html), seguem as previsões para o mercado de algodão, com base no Indicador Arroz em Casca ESALQ/BM&F Bovespa para saca de 50 kg, tipo 1, 58/10, posto indústria Rio Grande do Sul, à vista (Prazo de Pagamento descontado pela taxa CDI/CETIP).
Os dados mostram uma quase estabilidade de preços até o final do ano, com uma previsão de R$ 22,95 para a saca de 50kg. Para o primeiro semestre de 2012, a previsão é de uma quase estabilidade, com preços girando em torno de R$ 25,00 a saca de 50 kg.
A previsão completa encontra-se no quadro abaixo, onde é possível a extração do arquivo em .pdf.


terça-feira, 15 de novembro de 2011

Previsão de Produtos Agropecuários - Algodão - Dezembro de 2011


Dando continuidade à série de previsões descritas no blog (http://professorscarpin.blogspot.com/2011/07/previsao-de-produtos-agropecuarios.html), seguem as previsões para o mercado de algodão, com base no indicador Algodão CEPEA/ESALQ - São Paulo. Os preços estão em centavos de reais por libra-peso. Para converter de centavos de reais para reais, desloque a vírgula duas casas para a esquerda.
Ressalte-se, neste caso que um libra-peso equivale a 0,453597 quilo. Para transformar de libra-peso para arroba, multiplique por 33,069. Para converter de arroba para libra-peso, dividida por 33,069. Para levar libra-peso para kg, multiplique por 2,2046; para tonelada, multiplique este resultado por 1.000.
Os dados mostram uma queda dos preços para dezembro, com uma previsão de R$ 155,21. A tendência é de uma recuperação de preços no primeiro semestre de 2012, devendo chegar a R$175,79 em junho de 2012.
A previsão completa encontra-se no quadro abaixo, onde é possível a extração do arquivo em .pdf.


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Previsão de Preços para o final do ano - Açúcar

Dando continuidade à série de previsões descritas no blog (http://professorscarpin.blogspot.com/2011/07/previsao-de-produtos-agropecuarios.html), seguem as previsões para o mercado de açúcar, com base no indicador Açúcar Cristal CEPEA/ESALQ - São Paulo.
Os dados mostram uma queda dos preços para dezembro, com uma previsão de R$ 58,14 para a saca de 50kg, com impostos e sem frete. Os preços devem oscilar no primeiro semestre, devendo estar a, aproximadamente, R$ 50,00 em junho de 2012.
A previsão completa encontra-se no quadro abaixo, onde é possível a extração do arquivo em .pdf.


Previsão de Preços - Açúcar - dezembro

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quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Dia do Basta – a primavera tupiniquim


Nos últimos meses, o mundo vem assistindo a uma quantidade nunca antes vista de protestos. O movimento que começou na Tunísia foi denominado de Primavera Árabe se alastrou pelos países árabes pedindo mais democracia e liberdade.
Entretanto, paralelo a isto, houve o recrudescimento da crise nos países desenvolvidos, principalmente na Europa. Isto fez com que o povo saísse às ruas, com maior rigor e violência nos países mais afetados pela crise, como Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha (apelidados de PIIGS um anagrama que dá quase a palavra “porcos”em inglês), mas aqui não tanto pedindo democracia, mas sim, melhorias na economia.
Finalmente, o mais recente é o movimento Occupy (Ocupe) Wall Street, desta vez mais genérico, que protesta principalmente contra o sistema financeiro americano e também por questões relativas a emprego e demais fatores econômicos.
No Brasil a situação é diferente. Nossas instituições democráticas não estão em risco e a situação econômica é bem mais confortável do que nos países desenvolvidos. Porém, a corrupção no Brasil, que sempre foi mais ou menos endêmica, está chegando a níveis insustentáveis, com escândalos periódicos e que, por incrível que pareça, deixaram de chocar a população, afinal, não é mais “o escândalo” e sim, apenas mais um escândalo que será esquecido rapidamente, pois haverá um próximo logo.
E, para piorar o problema brasileiro, isto não é fruto de um partido ou de um político. O caso brasileiro é endêmico, ou seja, a corrupção não tem partidos e não tem bandeiras e não se restringe a políticos eleitos, mas também a assessores, ministros, secretários etc.
Mas, começamos a ver uma luz no fim do túnel. Diversas cidades brasileiras estão organizando, para o próximo dia 15, feriado de Proclamação da República, o Dia do Basta, uma série de passeatas contra a corrupção brasileira. Este movimento, fortemente baseado nas redes sociais, é totalmente não partidário, o que mostra que, talvez pela primeira vez em anos, a mobilização pública esteja partindo da sociedade e não dos partidos políticos.
Na cidade de Blumenau, o dia do Basta será realizado as 17horas na Rua XV de Novembro, começando na praça do Biergarten (com concentração a partir das 15hrs) e terminando na prefeitura. Os temas a serem levantados e protestados serão, em nível nacional, corrupção como crime hediondo, voto aberto no congresso, constitucionalidade da ficha limpa, ENEM, pensões vitalícias de ex-governadores e 10% do PIB para a educação. Já a nível regional, serão levantados temas como  inércia na recuperação dos desastres de 2008, prestação de contas do dinheiro das enchentes, BR-470, privatização do esgoto, fraudes nas aposentadorias da Alesc, e reforço sobre baixo salários dos professores, fraudes da merenda escolar, licitações fraudulentas de remédios.
Finalmente, no sábado, dia 12 haverá uma manifestação chamada corruptódromo, na escadaria da igreja matriz com a encenação de alguns corruptos conhecidos, para chamar o público para o evento do dia 15. Vale a pena prestigiar e participar.

Invasão de prédios públicos na USP

Segue um texto bem interessante sobre a mais recente invasão dos prédios da USP. Uma visão talvez radical, mas que faz refletir.


8 mentiras que você anda lendo sobre a PM na USP
por Flavio Morgenstern
Quinta-feira, 27 de outubro, houve um confronto entre alunos e policiais na Cidade Universitária, principal campus da USP. Tudo ocorreu porque a polícia recebeu uma denúncia anônima no meio da tarde, e identificando um carro pela placa, autuou em flagrante três estudantes que fumavam maconha no estacionamento da FFLCH, a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas.
Ao tentar levá-los para a delegacia, alunos cercaram a viatura e iniciou-se um arranca-Habermas em que destruíram seis viaturas. Até um cavalete foi jogado contra policiais. Desde então, grupos de alunos discutem se querem ou não a Polícia Militar no campus.
Desde então, dá para perder de vista o número de vezes em que se escreveu que se ouviria “o outro lado”, o que não sai na “mídia”. Os textos com essa tônica pipocaram em número tão brutal que já fica difícil saber o que a tal “mídia” realmente diria, ao invés da visão dos que dizem criticá-la.

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