segunda-feira, 31 de maio de 2010

Similaridades entre Eleição 1994 e 2010

Pode parecer um pouco estranho, mas estou vendo uma relação entre estas eleições presidenciais e as eleições do ano de 1994.

Para embasar melhor o post, vamos a uma recordação das eleições do já quase longínquo ano de 1994. Nestas eleições havia um candidato muito bem colocado nas pesquisas, que perdera as eleições anteriores (1989) no segundo turno. Era o candidato Lula, de oposição ao atual governo (Itamar Franco). Por outro lado, havia o candidato oficial do governo, um acadêmico, senador, ministro, mas sem experiência em cargos executivos. Este era o, então ministro, Fernando Henrique Cardoso.

Então, com este cenário, seria de se esperar que o candidato Lula vencesse as eleições, por ter uma popularidade maior. Entretanto, o que aconteceu? Bem, o então candidato Fernando Henrique Cardoso teve um cabo eleitoral decisivo na campanha. O Plano Real. Para os mais novos, foi o Plano Real o responsável pelo fim da hiper inflação no Brasil. O Plano foi oficialmente lançado no final de junho de 1994 e, em virtude da inflação baixa, houve uma explosão de consumo, aliado a uma apreciação do Real, deixando os produtos importados muito baratos. Para ter uma idéia, a cotação ficou na casa de R$ 0,80 a R$ 0,90 por dólar depois de agosto de 1994, mantendo-se neste patamar até o fim das eleições. E, qual o impacto político disto? Simples, o Plano Real ficou tão popular que a oposição não conseguia atacá-lo e, muitas vezes, até o elogiava, falando que, se eleitos, não iriam acabar com o Plano e sim melhorá-lo. Com isto, a popularidade do candidato governista Fernando Henrique Cardoso simplesmente disparou e ele venceu no primeiro turno.

Mas, o que isto tem a ver com o cenário de 2010? Em minha opinião, o cenário está se tornando parecido. Temos um candidato conhecido e com uma boa popularidade na oposição (José Serra) e uma candidata governista, Dilma Roussef, que já foi ministra, mas sem experiência em cargos executivos.

E, o que a Dilma tem de especial? Tem um cabo eleitoral absurdamente popular, o presidente mais popular da história recente do Brasil, o Lula. E a popularidade dele está tão alta que a oposição evita atacá-lo e até o elogia em algumas situações. Vejamos 3 situações recentes do comportamento de José Serra.

1. 19/03/2010 – José Serra elogia Lula ao falar de candidatura na TV (http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI4330307-EI7896,00-Jose+Serra+elogia+Lula+ao+falar+de+candidatura+na+TV.html)

2. 16/04/2010 - Em Maceió, Serra elogia Lula, mas fala em 'avançar mais' (http://www.redebomdia.com.br/Noticias/Politica/17534/Em+Maceio,+Serra+elogia+Lula,+mas+fala+em+%27avancar+mais%27)

3. 29/04/2010 – No twitter, Serra elogia Lula (http://www.jusbrasil.com.br/politica/4750684/no-twitter-serra-elogia-lula)

A oposição de hoje faz o mesmo que a oposição de 1994, ou seja, elogia algo extremamente popular. Se a oposição continuar elogiando Lula, falando que vai continuar as obras etc., para que a população vai querer mudar? Se for para continuar, voto no candidato do governo e não na oposição.

Ao usar a tática de dizer que a eleição é contra Dilma Roussef e não contra o Lula, a oposição de hoje comete o mesmo erro da oposição de 1994. Em 1994, dizia-se o mesmo, a eleição era contra Fernando Henrique Cardoso e não contra o Plano Real. Entretanto, a candidata Dilma está sendo vendida como a continuação do Lula e, mesmo Lula ainda não entrando de cabeça na campanha, dando apenas seu apoio, já há um empate nas pesquisas.

Em suma, ou o PSDB muda a sua tática, ou teremos Dilma Roussef eleita ainda no primeiro turno da eleição. A propósito, eu, particularmente, estou extremamente indeciso quanto ao meu voto, portanto, este post não tem nenhuma inclinação ideológica, só uma análise de cenário.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Bilhete Único em Ônibus ou Transporte Coletivo em Geral


Hoje pela manhã, quando em viagem para ministrar um curso em Chapecó-SC, estava ouvindo uma rádio e havia uma discussão sobre a polêmica da implantação do bilhete único no transporte coletivo local. Entretanto, esta polêmica não é apenas daquela cidade (Rio do Sul-SC), mas sim de diversas cidades onde este tipo de tarifação está sendo estudada.
A polêmica se traduzia em uma questão simples: para a implantação do bilhete único, as passagens deveriam subir ou o governo municipal teria que aumentar o subsídio no transporte público. Isto seria justo? Seria justo o poder público ou o usuário arcar com o ônus deste aumento? E qual a razão do aumento?
Primeiramente, qual a diferença entre os dois sistemas? No sistema normal (sem bilhete único), a cada ônibus utilizado, paga-se uma passagem. No bilhete único, a cada viagem realizada (com um ou mais ônibus, em determinado período de tempo), paga-se uma passagem. Sendo assim, com o mesmo número de ônibus utilizados, menos passagens serão cobradas, logo, a receita da empresa de transporte coletivo tende a cair.
Por conta disto, há uma alteração do equilíbrio econômico-financeiro do contrato, o que não é permitido, ou seja, com bilhete único ou não, a receita da empresa deve-se manter constante, ou até aumentar, no caso desta implantação incorrer em custos.
Para facilitar o entendimento, vamos assumir que os custos para a implantação do bilhete único ficarão a cargo do Estado, não havendo então o problema para a empresa concessionária. Sendo assim, o problema passa a ser uma questão matemática que envolve, na verdade, o percentual das viagens feitas com dois ônibus (com exceção de mega cidades raramente utilizam-se três ônibus para uma viagem urbana).
Vamos lá.
Podemos assumir que a R = % V1 x T1 + % V1 x 2 x T1, onde R = receita, V1 = viagens com um ônibus, V1 x 2 = viagens com dois ônibus (dobra-se o número de viagens) e T1 = tarifa atual.
Se considerarmos que, em uma determinada cidade, 30% dos passageiros usem dois ônibus para chegar ao destino e 70% apenas um, temos a seguinte equação:
R = 70% V1 x T1 + 30% V1 x 2 x T1, que é igual a R= 70% V1 x T1 + 60% V1 x T1, chegando à equação final de R = 130% V1 x T1 ou R= 1,3 x V1 x T1
Para o bilhete único, teríamos R = 100% V1 x T2, ou simplesmente R = V1 x T2 (já que 100% = 1 e 1 x V1 = V1), onde R = mesma receita da fórmula anterior (visto que a receita deve ficar constante), V1 = viagens com ônibus, e aqui o número é 100%, pois todos os passageiros pagariam apenas uma passagem e T2 = nova tarifa.
Assumindo que a receita deve ficar constante, podemos igualar a primeira equação com a segunda, chegando à seguinte equação final:
V1 x T2 = 1,3 x V1 x T1, o que, passando V1 para o outro lado dividindo, teríamos T2 = (1,3 x V1 x T1) / V1, podendo ser simplificado para T2 = 1,3 x T1.
Pela equação, a tarifa final deve ser 30% maior do que a atual, ou seja, o aumento da tarifa deve ser igual ao percentual de usuários que usam dois ônibus ao invés de um.
Isto se torna lógico, pois, para que a receita fique constante, quem usa um ônibus terá que subsidiar quem usa mais de um ônibus, que são os reais beneficiários desta medida.
Bem, espero ter contribuído para o debate.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Futebol e Política

Este post teve origem em uma troca de emails e posterior postagem no blog do colunista do Jornal de Santa Catarina, Valther Osterman (http://wp.clicrbs.com.br/valtherostermann/2010/05/26/selecao-e-eleicao/?topo=77,2,18,,,77). Bem, aqui vai o texto, um pouco melhorado agora.

Muitos estão falando e algumas campanhas por email já estão rolando por aí sobre torcer contra a seleção na Copa do Mundo da África do Sul, pois, se ganhar, vai ser usada pelo Governo para efeitos políticos. Acho isto descabido e, por mais que os governos tentem, isto não funciona.

Vamos a alguns fatos. Como a Copa do Mundo e os mandatos presidenciais possuem a mesma duração e são feitos no mesmo ano, sempre os dois fatos vão coincidir. Isto acontece, no período de redemocratização, desde 1994. Façamos uma análise, então, das últimas 4 Copas e eleições:


1994 – Seleção do Brasil ganhou, mas não empolgou. O candidato governista ganhou as eleições. Entretanto, a vitória foi causada por outro fator externo, o Plano Real. Naquele ano, com a popularidade que o Plano Real tinha e com a política de sobrevalorização do real (chegamos a comprar dólar por menos de R$ 0,80) até eu ou você ganharíamos, se fôssemos apoiados pelo Plano.

1998 – Fracasso da seleção. Ronaldo doente na final. Um caso inexplicável. Conspirações. O patrocinador da seleção, a Nike, mandou a seleção entregar o jogo para a França, patrocinada pela sua maior rival, a Adidas, para obter não sei o que de lucro (que história mais sem pé nem cabeça, não?). Isto foi tão forte na época que houve até CPI. Ou seja, povo irado com a seleção. O que aconteceu? O candidato governista se reelegeu.

2002 – Brasil campeão. O trio de R do Brasil (Ronaldos e Rivaldo) destruíram os nossos adversários. Técnico carismático. Tínhamos a família Scolari. Uma maravilha. Aliado a isto, uma crise cambial, pois o mercado estava dizendo não ao candidato opositor, candidato, aliás, que já era comparado ao Rubinho da F-1, pois já havia ficado em segundo lugar em 3 eleições seguidas, rumando para a quarta. O que aconteceu? O candidato da oposição ganhou.

2006 – Decepção. Balbúrdia na concentração. Brasil perdeu de forma vergonhosa para a França e não empolgou em nenhum jogo. De novo, população revoltada, pedindo que os medalhões fossem expulsos do time, pediam por renovação. O que aconteceu? O candidato governista se reelegeu.

2010 – Será que vai haver correlação positiva? A não ser que o Dunga e os jogadores virem cabos eleitorais efetivos (o que duvido), nada vai acontecer. A Copa termina muito longe da eleição. Se houver efeito, será só na primeira pesquisa pós-Copa.

Entrevista BandNews FM - São Paulo

No post anterior, comentei sobre uma entrevista que dei para a Rádio BandNews FM. Aqui segue o link para o áudio e o texto.

http://www.bandnewsfm.com.br/ancora.asp?ID=307163

terça-feira, 25 de maio de 2010

Novo Relatório de Desenvolvimento Humano do PNUD

Foi divulgado hoje a segunda etapa do novo Relatório de Desenvolvimento Humano do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
Uma boa reportagem sobre isto encontra-se no site do Bom Dia Brasil (http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2010/05/brasileiros-se-preocupam-com-bem-estar-dos-proximos.html).
Basicamente o relatório questionou "O que precisa mudar no país para sua vida melhorar?", ou seja, procurou saber a percepção sobre os novos valores dos brasileiros. Os resultados foram interessantes.
Os 10 principais itens foram:
1. Bem-estar dos próximos (benevolência). Exemplo: honestidade - 8,8
2. Bem-estar de da humanidade e natureza (universalismo). Exemplo: justiça social - 8,5
3. Estabilidade social (segurança). Exemplo: segurança familiar - 8,3
4. Autonomia (autodeterminação). Exemplo: independência - 8,2
5. Tradição. Exemplo: cumprimento dos deveres - 8,1
6. Prazer (hedonismo). Exemplo: desfrutar a vida - 8,0
7. Êxito pessoal (realização). Exemplo: competência - 7,2
8. Conformidade. Exemplo: respeito - 6,5
9. Vida estimulante (estimulação). Exemplo: audácia - 6,1
10. Poder. Exemplo: autoridade - 6,3

Sobre isto, dei uma entrevista a tarde para a Rádio BandNews FM São Paulo comentando os números do Relatório. Foi bem interessante.

domingo, 2 de maio de 2010

Congressos em Contabilidade

Este ano haverá quatro grandes congressos acadêmicos na área contábil, o congresso da ANPCONT, o congresso USP de Contabilidade e Controladoria, o Encontro da ANPAD e o Congresso Brasileiro de Custos.

O primeiro evento do ano será o IV Congresso ANPCONT (Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Ciências Contábeis) de 06 a 08 de junho de 2010 na cidade de NATAL/RN.
Este ano estarei participando com a apresentação de um trabalho, juntamente com meu orientando Ari Söthe entitulado IMPLEMENTAÇÃO DO REGIME DE COMPETÊNCIA NO SETOR PÚBLICO: IMPACTOS NA ESTRUTURA PATRIMONIAL DOS GOVERNOS MUNICIPAIS DA MICRORREGIÃO DE SÃO MIGUEL DO OESTE - SC. O evento tem tudo para ser um grande sucesso.

Para informações completas sobre o evento, consultem o site do congresso (http://www.furb.br/congressoanpcont).
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