sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Erros em entrevistas

Como segunda dica, segue matéria desta semana sobre 10 erros fatais em uma entrevista. Isto serve para estágios, empregos etc.
A matéria original encontra-se em http://www.universia.com.br/carreira/materia.jsp?materia=15265

Você já parou para pensar que o seu sucesso numa entrevista de emprego pode depender de alguns detalhes? Uns pequenos, outros nem tanto assim. Às vezes, os erros cometidos pelos candidatos a uma vaga de trabalho são inacreditáveis. Uma roupa mal escolhida, uma frase dita fora de hora... Para ajudar você a ser melhor sucedido nas próximas seleções, o Universia consultou diversos especialistas em recrutamento e seleção que falaram, afinal, o que põe tudo a perder quando você está frente a frente com o entrevistador. Confira os dez erros fatais na entrevista de emprego!

1. Chegar atrasado
"Chegar atrasado numa entrevista, além de desorganização, demonstra que o candidato não está dando o devido valor à entrevista. A displicência com o horário mostra que você não priorizou tal compromisso em sua agenda. Além disso, fazer uma pessoa esperar é falta de respeito. Tempo é um recurso escasso, logo, deve ser bem aproveitado. Caso você, por algum motivo, atrase na entrevista, informe imediatamente o entrevistador. Verifique se é possível passar um candidato na sua frente, ou, se necessário, remarque a entrevista. Se você chegou no horário, mas tem compromisso para mais tarde o ideal é avisar o entrevistador de antemão. Não faça a entrevista na correria para não se sentir pressionado. Isso pode prejudicar seu desempenho."
Wander Mendes, professor e consultor na área de Gestão de Pessoas e Planejamento Estratégico da FGV-PR (Fundação Getúlio Vargas do Paraná).

2. Usar roupas informais demais
"Hoje em dia, os jovens são muito despojados. Na faculdade, não há nada de mal nisso. Agora, para a entrevista de emprego, não custa melhorar um pouco o visual. Isso não quer dizer que todo candidato a estágio ou jovem recém-formado deva vestir terno e gravata ou, no caso das meninas, tailer e scarpin. É preciso saber escolher a roupa e adequar o vestuário a cada tipo de empresa. Uma agência de publicidade, por exemplo, permite um visual mais informal. Agora, se a entrevista é para uma instituição financeira, é óbvio que o candidato terá de seguir a regra básica: esporte fino. Lembre-se: o que deve prender a atenção do entrevistador é o seu conteúdo e não a 'embalagem', portanto, jamais vá para a entrevista de chinelo, regata, roupa decotada, barriga aparecendo, saia curta ou short."
Marisa Silva, consultora de Recursos Humanos da Career Center

3. Não saber nada sobre a empresa ou o setor
"É muito comum que os candidatos partam para a entrevista de emprego sem saber sobre a empresa em questão ou sobre o setor em que ela está inserida, quando na verdade, ele deveria estar munido do maior número de informações possível. Se a empresa de recrutamento não divulgar qual é a companhia que está em busca de candidatos, ela deverá, ao menos, informar sobre o setor. Tem mais chance de sucesso o candidato que sabe se posicionar na entrevista porque domina o assunto trabalho, em detrimento daquele que não se deu ao trabalho de pesquisar mais sobre a empresa em questão. Sempre repito isso para meus alunos: informação nunca é demais."
Jaqueline Mascarenhas, consultora de carreira do Ibmec Minas Gerais

4.Expressar-se mal, com gírias e frases sem sentido
"O discurso mais adequado para uma entrevista é aquele em que o candidato consegue ser objetivo, responder as perguntas do entrevistador, expor seu ponto de vista quando é convidado a fazer isso e perguntar, com tato, detalhes sobre a vaga. No meio do caminho, porém, é muito comum que os candidatos façam uso de gírias e regionalismos na hora de tirar suas dúvidas. O linguajar é um detalhe importante, dependendo das expressões utilizadas, o discurso demonstra certa imaturidade do candidato. O ideal é responder as perguntas com calma, ter tempo para pensar e expor suas idéias com tranqüilidade. Este, aliás, é outro problema grave de muitos discursos. Tem candidato que fica tão nervoso na hora da entrevista que dispara a falar e quando percebe já mudou de assunto e não respondeu a pergunta do entrevistador. Isso é muito ruim, já que o ritmo da entrevista é um fator importante."
Marco Túlio Rodrigues Costa, professor de Aspectos Comportamentais Éticos de Gestão de Pessoas da FGV-BH (Fundação Getúlio Vargas de Belo Horizonte)

5.Mentir sobre suas qualificações
"Mentir na entrevista é o mesmo que dar corda para se enforcar. Inventar cursos, referências e pequenos sucessos colocam o candidato numa situação vulnerável porque, caso seja contratado, terá de sustentar essa inverdade por muito tempo. E como diz o ditado: mentira tem perna curta, hora ou outra seu deslize será descoberto. Aí o prejuízo será bem maior. Uma vez que seu superior descobrir que você não tem as habilidades destacadas na entrevista, perceberá que seu perfil não atende às necessidades da empresa, e mais, que errou ao apostar em sua seleção. Ao ser contratado, o indivíduo precisa ter claro que convenceu o recrutador de possuir determinadas competências. Ao mentir, não só estará provando que não as tem como atestará sua falta de caráter ao faltar com a verdade. Isso deixará o recrutador descontente duas vezes e poderá resultar em demissão comprometendo, inclusive, futuras recomendações."
Gustavo G. Boog, diretor da Boog Consultoria

6.Falar mal do emprego ou do chefe anterior
"Mesmo que esteja com raiva da empresa ou do chefe antigo, jamais fale mal deles na entrevista de emprego. Essa atitude é vista com maus olhos por 99,9% dos recrutadores. Na entrevista de emprego, o recrutador não está interessado em ficar por dentro de 'pendengas' cujas pessoas e razões ele simplesmente desconhece. Seu objetivo é investigar de que maneira seu perfil profissional e suas qualificações poderão ser úteis para a empresa. Caso você vá logo partindo para o discurso de que estava infeliz no emprego anterior porque seu chefe o perseguia, além de desviar o foco da entrevista, estará levantando questões que podem levar o recrutador a repensar sua contratação. Afinal, numa situação de conflito, é preciso avaliar a parcela de culpa de ambas as partes. Além disso, falar mal da empresa ou do antigo chefe revela uma postura antiética de sua parte, pois se tratam de segredos e detalhes de um negócio do qual você não faz mais parte. Mas, atenção: isso não quer dizer que você deva mentir, e sim, contornar a situação. Uma boa saída é dizer que saiu da empresa por estar em busca de novos desafios profissionais."
Maria Bernadete Pupo, gerente de Recursos Humanos da Unifeo e professora da FAC FITO

7.Disputar espaço com o entrevistador
"Para disfarçar o nervosismo, tem muita gente que acaba partindo para o ataque e disputando espaço com o recrutador durante a entrevista. Para driblar a insegurança, ele acaba querendo fazer pose de sabido a fim de triunfar sobre o recrutador. Isso tudo, porém, é muito mais que previsível para quem trabalha com Recursos Humanos. Aí, das duas uma: ou você perde a vaga porque o recrutador percebe sua insegurança por meio de uma postura imatura de quem está na defensiva, ou acaba sendo eliminado pela prepotência e o excesso de arrogância que esse comportamento demonstra. Por isso, não entre numa disputa direta com o recrutador. Espere, escute e, aí sim, faça suas considerações, sempre com humildade."
Mariá Giuliese, diretora-executiva da Lens Minarelli e especialista em análise e aconselhamento de carreira

8.Vangloriar-se de suas conquistas pessoais
"Na hora de 'vender seu peixe' ponha o ego de lado e não em primeiro lugar. O discurso não pode estar recheado de "eu fiz"; "eu consegui"; "eu conquistei"; e "eu realizei". Quando você coloca todas as conquistas em primeira pessoa pode soar presunçoso para o entrevistador. Até porque, na maior parte das empresas, os projetos e as realizações não são fruto do trabalho individual, mas sim, de uma equipe. Na hora de destacar seus feitos, procure valorizar sua participação em um projeto de sucesso implementado por uma equipe, e a partir disso, destaque como foi sua atuação para que ele fosse bem-sucedido. Lembre-se: egocentrismo não é uma característica admirada pelos contratantes. Para não cair nessa, vale treinar na frente do espelho. Olho no olho, com segurança no discurso. Um pouco de bom humor também ajuda. Existe uma tese que diz: quando você sorri, se desarma internamente e se torna mais receptivo."
Irene Ferreira Azevedo, professora de Liderança da BBS (Brazilian Business School)

9. Não perguntar nada durante a entrevista
"Não é porque você está fazendo uma entrevista que sua participação na conversa deve se limitar a responder o que o entrevistador pergunta. Por timidez ou insegurança, muita gente sai com dúvida da entrevista e isso é ruim. Caso o recrutador não mencione, é sua obrigação perguntar detalhes sobre a rotina de trabalho e benefícios. Porém, isso não significa que você deve incorporar o perguntador chato. Caso a explicação sobre a vaga não tenha sido suficiente para esclarecer suas dúvidas, pergunte com bastante delicadeza novamente: 'Desculpe-me, não ficou muito claro para mim'. Agora, se mesmo assim restarem dúvidas, deixe para outra ocasião. Perguntar sobre o salário não é uma coisa ruim, desde que você não se preocupe só em saber quanto será a remuneração. Procure se informar sobre outros detalhes para não mostrar que está interessado só no dinheiro."
Cristiane Cortez, consultora de carreira do IBTA Carreiras

10. Demonstrar desequilíbrio emocional
"Não é segredo para ninguém que o nervosismo pode atrapalhar, e muito, nos momentos decisivos. Na entrevista de emprego não poderia ser diferente. O candidato pode até ter o perfil ideal para a vaga, mas se deixar a tensão dominá-lo no momento em que precisa deixar claro suas qualificações, sua chance pode ir por água abaixo. O desequilíbrio emocional demonstrado pela insegurança e o nervosismo pode dizer ao recrutador que você não está pronto para assumir uma grande responsabilidade. Por isso, evite cometer erros como: levar um acompanhante para esperá-lo após a entrevista, inflar seu discurso com comentários negativos ou colocar-se em uma posição de vítima frente adversidades. Se você tem um bom currículo e suas características correspondem ao perfil da vaga, não há motivo para se preocupar."
Priscila Lara, consultora de Recursos Humanos do Grupo Foco

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Curriculuns para estágios

Pessoal, aproveitando o começo de ano, segue uma matéria antiga, de setembro de 2008, mas que é bem interessantes, principalmente aos alunos de graduação.
Este post é uma cópia da matéria original, disponível em http://noticias.uol.com.br/empregos/ultnot/2008/09/09/ult880u7353.jhtm

A primeira peneira em várias seleções de estágio e trainee é a análise de currículo. Mas, para quem nunca trabalhou e não vem de uma universidade de ponta, isso significaria pontos a menos desde o início?

Não, dizem as consultoras ouvidas pelo UOL Empregos. O currículo é um espaço em que o estudante pode mostrar outras habilidades e experiências que vão além do nome da faculdade em que estuda.

Em primeiro lugar, não se pode falar de currículo, mas sim de currículos: tenha um para cada área em que queria atuar, senão o recrutador vai achar que você anda atirando para todos os lados. O que vai mudar, basicamente, é o item Objetivo.

Quer atuar em um banco? Defina se quer a área financeira, de crédito ou de risco, por exemplo. "Você pode também, ao hierarquizar as informações dos itens do currículo, mostrar primeiro aquelas atividades ligadas à área", diz Renata Perrone, gerente de consultoria da assessoria de recursos humanos Ricardo Xavier.

Resuma tudo em uma única página e redobre as atenções com erros de português. E, a menos que você já tenha muita habilidade com criações gráficas e esteja concorrendo a vagas nessa área, não invente: use um tipo de letra já conhecida (as especialistas ouvidas pelo UOL Empregos sugerem Arial), de tamanho padrão (12) e na cor preta. "O candidato não pode ser lembrado pelo formato muito diferenciado do currículo, e sim pelas informações que está nele", diz a gerente da Ricardo Xavier.

O primeiro item é o nome do profissional, num tamanho de letra um pouco maior do que a usado no restante do texto (corpo 14, por exemplo). Em seguida vêm os dados pessoais: nacionalidade, idade (e não o ano em que nasceu, para evitar que o recrutador tenha de fazer contas), estado civil e os contatos (endereço, com bairro e CEP, telefone, celular e e-mail).

Importante: a conta de email tem de ser algo profissional: não use e-mails que tenham brincadeiras ou apelidos. Foto? Só inclua se a empresa pedir. Documentos? Não precisa. Isso ocorria porque as organizações buscavam o perfil de candidatos em cadastros de credores ou criminais, o que agora está proibido por lei.

No que você é bom
Carmen Alonso, coordenadora de treinamentos corporativos do Nube (Núcleo Brasileiro de Estágios), diz que o currículo pode ter também uma categoria chamada de Qualificações, logo após o Objetivo, em que o candidato pode listar suas quatro principais competências.

Mas como saber quais são elas? "Pela sua vocação. Veja o que faz na escola ou pergunte à família e aos professores. São habilidades como liderança, dinamismo, pontualidade, boa administração do tempo, facilidade de relacionamento interpessoal, perfil analítico [mais técnico], organização e foco em resultados", diz.

Para a coordenadora do Nube, os conhecimentos de informática também podem entrar aí. Já Renata Perrone acredita que seja bom criar um item Informática, mais perto do fim do currículo, descrevendo os programas que domina -- os mais requisitados são Office, PowerPoint e Excell.

Na Formação acadêmica, se ainda estiver estudando, indique a previsão de conclusão do curso, e não o semestre ou o período que cursa. O recrutador não pode ter dúvidas quanto ao tempo restante para o fim da graduação.

Na categoria Idiomas, nada de humildade excessiva. "Se você já fez algum curso de línguas na vida, mesmo que seu nível seja muito básico, tem de colocar, porque já é um diferencial", diz Renata Perrone. Por outro lado, não diga se é fluente caso não domine muito bem a língua. Vale mais escrever que está cursando o nível intermediário ou avançado.

Informação Contábil - Parte VII - Pesquisas

Finalizando a série de posts sobre informação contábil, vamos tratar da visão da evolução sobre Pesquisas na área informacional. Ressalte-se que os posts estão sendo extraídos de minha tese de doutorado disponível em http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12136/tde-24052006-145759/publico/Tese_completa.pdf.
A pesquisa em contabilidade passou por mudanças no último século. Principalmente a partir das décadas de 60 e 70, em nível internacional, a pesquisa contábil passou por fortes transformações de âmbito metodológico. Até essa época, segundo Dias Filho e Machado (2004), a pesquisa contábil se resume ao enfoque normativo, ou seja, uma abordagem prescritiva, que fornece soluções teóricas, dita regras, ou seja, determina o que deveria ser adotado pela prática contábil. O enfoque positivo surge em contraposição a este tipo de pesquisa, sugerindo a construção da teoria baseada em evidências empíricas. Com isso, a teoria atinge o objetivo de “descrever como a contabilidade se desenrola, no mundo real, e predizer o que irá ocorrer (poder preditivo)” (DIAS FILHO e MACHADO, 2004, p. 15).

Watts e Zimmerman (1986) afirmam que a teoria positiva não oferece prescrições, mas procura explicar a prática contábil. Ainda de acordo com Dias Filho e Machado (2004, p.19) “a teoria positiva é fundamentalmente baseada em observações da realidade. Seu princípio básico é testar hipóteses sobre determinados fenômenos, empiricamente”.
A metodologia positiva geralmente inicia o desenvolvimento de um determinado assunto a partir de artigos analíticos, ou seja, trabalhos com descrições de modelos matemáticos que procuram desenvolver relações entre variáveis. Posteriormente, esses modelos fornecem subsídio teórico para a elaboração de hipóteses, as quais são testadas com os dados da realidade. Uma vez testados, os modelos são ajustados ou adaptados a fim de ampliar a sua capacidade de explicação da realidade.
A teoria positiva começou a ter aceitação com a publicação de trabalhos relacionando a contabilidade ao mercado de capitais, com seu início com Ball e Brown (1968) e Beaver (1968), acompanhando o desenvolvimento das teorias sobre finanças.
No Brasil, essa tendência de substituição do enfoque normativo pelo positivo também tem sido verificada, porém, esse processo é mais lento do que o verificado internacionalmente, ou seja, ainda se verificam trabalhos de cunho normativo. Apesar disso, Dias Filho e Machado (2004, p. 30-31) destacam que “a pesquisa em contabilidade tem procurado instrumentalizar-se cada vez mais para fornecer explicações e predições para a prática contábil. À luz dessa metodologia, diversas questões passaram a ser examinadas com maior rigor científico”.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Informação Contábil - Parte VI - Posicionamento do CFC

Dando continuidade à série de posts sobre informação contábil, vamos tratar da visão do Conselho Federal de Contabilidade sobre informação contábil. Ressalte-se que os posts estão sendo extraídos de minha tese de doutorado disponível em http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12136/tde-24052006-145759/publico/Tese_completa.pdf.
No Brasil, a posição do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) sobre informação contábil é tratada na Norma Brasileira de Contabilidade (NBC) T1, norma esta que tem como título das características da informação contábil.

De forma geral, a NBC T1 trata do conceito de contabilidade, usuários e atributos da informação contábil. Quanto à informação contábil, a norma diz que a informação contábil deve ser, em geral e antes de tudo, veraz e eqüitativa, de forma a satisfazer as necessidades comuns a um grande número de diferentes usuários, não podendo privilegiar deliberadamente a nenhum deles, considerado o fato de que os interesses destes nem sempre são coincidentes.
Diz ainda a norma que a informação contábil deve ter quatro atributos: confiabilidade, tempestividade, compreensibilidade e comparabilidade.

Informação Contábil - Parte V - Comparabilidade

Dando continuidade à série de posts sobre informação contábil, vamos tratar da característica de comparabilidade da informação contábil. Ressalte-se que os posts estão sendo extraídos de minha tese de doutorado disponível em http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12136/tde-24052006-145759/publico/Tese_completa.pdf.
Por fim, há a figura da comparabilidade. Hendriksen e Van Breda (1999, p.101) a definem como sendo “a qualidade da informação que permite aos usuários identificar semelhanças e diferenças entre dois conjuntos de fenômenos econômicos”. A comparabilidade depende de dois aspectos primordiais: uniformidade e consistência.
A uniformidade pressupõe que eventos iguais são representados de maneira idêntica. A uniformidade, entretanto, não deve servir como um gesso para as demonstrações contábeis, mas sim deve ter o objetivo de facilitar a comparabilidade. Segundo Hendriksen e Van Breda (1999, p.102) a uniformidade pode ser definida como sendo “a qualidade de possuir características suficientemente parecidas pra tornar as comparações apropriadas”. Além da uniformidade, a consistência também deve existir para que a comparabilidade seja completa.
Hendriksen e Van Breda (1999, p.103) afirmam que “a consistência pode e deve ser interpretada mais amplamente, no sentido da divulgação, a cada período, de toda informação necessária relevante para que os usuários possam fazer predições”. Em virtude disto, passa a ser um meio para se conseguir a relevância da informação contábil e não uma meta em si mesmo.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Informação Contábil - Parte IV - Confiabilidade

Dando continuidade à série de posts sobre informação contábil, vamos tratar da característica de confiabilidade da informação contábil. Ressalte-se que os posts estão sendo extraídos de minha tese de doutorado disponível em http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12136/tde-24052006-145759/publico/Tese_completa.pdf.
A segunda característica básica da informação contábil, após a relevância, é a confiabilidade. O FASB, no SFAC nº 2 define confiabilidade como sendo “a qualidade da informação que garante que a mesma seja razoavelmente livre de erro e viés e represente fielmente o que visa representar”. Ainda segundo o FASB, a confiabilidade é função de fidelidade de representação, verificabilidade e neutralidade.

A fidelidade de representação é definida pelo FASB como “a correspondência ou concordância entre uma medida ou descrição e o fenômeno que visa representar”. Cita-se como exemplo um ativo e o valor monetário pago por ele. Neste caso, a contabilidade estaria representando com fidelidade o ativo adquirido.
Já a verificabilidade tem relação com a possibilidade de verificação da mensuração feita pela contabilidade. O FASB, no glossário do SFAC Nº 2, define verificabilidade como sendo “a capacidade de assegurar, por meio do consenso entre mensuradores, que a informação representa o que se destina a representar, ou que o método de mensuração foi utilizado sem erro ou viés”.
Entretanto, isto não quer dizer que sempre haverá uma mesma opinião sobre a mensuração, visto que, muitas vezes, o julgamento pessoal é importante. Todavia, é provável que as mensurações fiquem dentro de um certo intervalo e que convirjam para uma média, gerando uma curva simétrica.
Há também a figura da neutralidade, que tem profunda relação com a verificabilidade. O FASB, no parágrafo 77 do SFAC nº 2 define viés como sendo “a tendência de uma medida situar-se mais de um lado do que de outro do que representa, em lugar de ter igual probabilidade de ficar em qualquer um dos lados”. Apesar de intrinsecamente relacionados, neutralidade não é necessariamente a ausência de viés e sim, segundo Hendriksen e Van Breda (1999, p.100) “que não há viés na direção de um resultado predeterminado”. A neutralidade é importante, para que a contabilidade não seja usada para atingir padrões específicos de desempenhos individuais.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Informação Contábil - Parte III - Utilidade e Relevância

Dando continuidade à série de posts sobre informação contábil, vamos tratar da característica de utilidade para a tomada de decisões e da relevância da informação contábil. Ressalte-se que os posts estão sendo extraídos de minha tese de doutorado disponível em http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12136/tde-24052006-145759/publico/Tese_completa.pdf.
Para a utilidade da informação, consideraram-se três características: relevância, confiabilidade e comparabilidade. Devido à extensão do tema, neste post iremos nos ater à primeira característica, a da relevância.
O FASB, no SFAC Nº 2, parágrafo 46, conceitua relevância como sendo “a capacidade que a informação teria de fazer diferença em uma decisão”. Este conceito de relevância é vital para o próprio conceito de informação, pois, se não houver a figura da relevância, tal fato não é uma informação completa.

Segundo Hendriksen e Van Breda (1999, p.97), a informação pode ser relevante de três maneiras: “afetando metas, afetando a compreensão e afetando decisões”.
Hendriksen e Van Breda (1999, p.97) explicam ainda o que seriam estas três maneiras e de que modo o FASB as trata.
  • Relevância para metas: “alcançada quando a informação permite que as metas dos usuários sejam atingidas. Determinação difícil quando as metas são subjetivas”.
  • Relevância semântica: “alcançada quando o destinatário da informação compreende o significado pretendido da informação divulgada. Um pré-requisito essencial, mas não um objetivo primordial”.
  • Relevância para tomada de decisões: “alcançada quando a informação facilita a tomada de decisões pelos usuários. Este é o objetivo primordial para o FASB”.
De acordo com a Ilustração expressa no primeiro post da série, a relevância é função de: valor preditivo, valor como feedback e oportunidade.
Para que os dados contábeis tenham valor preditivo, devem servir de insumo para os modelos de tomada de decisão dos investidores. E, como somente as expectativas futuras são relevantes para esses modelos, os dados contábeis teriam que ser proxy para proporcionar ou permitir predições de eventos futuros. Hendriksen e Van Breda (1999, p.98) destacam quatro tipos de valor preditivo.
  • Predição direta: “oferecimento de previsões à administração. Seu emprego é limitado por questões potenciais de uso incorreto e responsabilidade no caso de previsões erradas”.
  • Predição indireta: “fornecimento de dados passados. Pressupõe correlação elevada entre eventos passados e futuros, o que pode não ser justificado”.
  • Indicadores adiantados: “fornecimento de dados cujos movimentos precedem os movimentos dos objetos ou eventos. Pressupõe que os indicadores que antecederam pontos de mudança de direção no passado continuarão a fazê-lo no futuro”.
  • Informação comprobatória: “fornecimento de dados contábeis que podem ser utilizados para predizer outras variáveis. Pressupõe que a relação entre dados contábeis e outros dados é conhecida”.
Já o valor como feedback desempenha um papel importante em termos de confirmação ou correção de expectativas anteriores. Segundo Hendriksen e Van Breda (1999, p.98), a contabilidade permite que os investidores “ajustem suas estratégias de investimento com o passar do tempo”, pois usariam os dados contábeis para comprovação ou não de expectativas anteriores.
Por fim, a informação não pode ser relevante quando não é oportuna, devendo estar disponível para um investidor antes de perder sua capacidade de influenciar a decisão. A oportunidade não garante necessariamente a relevância, porém, só há a relevância se houver a oportunidade.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Informação Contábil - Parte II - Compreensibilidade

Dando continuidade à série de posts sobre informação contábil, vamos tratar da primeira característica que é a relação custo/benefício. Ressalte-se que os posts estão sendo extraídos de minha tese de doutorado disponível em http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12136/tde-24052006-145759/publico/Tese_completa.pdf.
A primeira das características qualitativas da informação contábil proposta pelo FASB é a de benefícios e custos. A informação deve proporcionar benefícios maiores do que os seus custos. Apesar de simples no conceito, a análise custo-benefício é difícil, e segundo alguns autores até impossível (Demski apud Hendriksen e Van Breda, 1999). O FASB, no SFAC nº 2, parágrafo 136, ressalta esta dificuldade, ao afirmar que “muitos dos custos de fornecimento de informações recaem, inicialmente, sobre quem as prepara, enquanto os benefícios são auferidos tanto pelos seus produtores quanto pelos usuários. Em última instância, os custos e benefícios distribuem-se de maneira bastante ampla”.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Informação Contábil - Parte I

Depois de tratarmos sobre o conceito de lucro, vamos tratar agora do conceito de informação contábil. Todo o conteúdo desta série será extraído de minha tese de doutorado, disponível em http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12136/tde-24052006-145759/publico/Tese_completa.pdf.
os preceitos de informação contábil serão mostrados tendo como base pronunciamentos do Financial Accounting Standards Board (FASB), visto que não há diferença na caracterização da informação contábil, seja vinda da contabilidade pública ou da contabilidade societária.

Antes de ser discutida a informação contábil e suas características, vale ressaltar que o conceito de informação utilizado para este trabalho está apoiado em Laudon e Laudon (2003, p.7): “informação quer dizer dados apresentados em uma forma significativa e útil para os seres humanos após terem sido organizados e arranjados de uma forma que as pessoas possam entendê-los e usá-los”, assim como na definição de Stair (1998, p.4): “informação é um conjunto de fatos organizados de tal forma que adquirem valor adicional além do valor do fato em si”. Em virtude disto, a informação contábil precisa de uma série de qualidades qualitativas para torná-la realmente útil.
O FASB, no Statements of Financial Accounting Concepts (SFAC) 2 sugeriu uma série de características qualitativas da informação contábil. A figura expressa como essas características estão relacionadas.

Nos próximos posts estaremos explicando com detalhes esta preciosa figura.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Lucro segundo a Contabilidade - Parte II

Agora, vamos tratar do lucro contábil em si.
Em tese, o lucro é receitas - despesas + ganhos - perdas. Para entendermos o todo, na melhor do que separar as partes.

Receitas:
Criação de bens ou serviços por uma empresa durante um período; expressão monetária dos produtos ou serviços agregados transferidos por uma empresa a seus clientes num período. Ou seja, receita não tem a ver com entrada de caixa. Uma venda a prazo é uma receita, mas ainda não houve uma entrada de caixa. A obtenção de um empréstimo é uma entrada de caixa, mas não uma receita (aqui a contabilidade privada difere da pública, mas vamos tratar do conceito na ótica privada).

Despesas:
Conceito de fluxo. As despesas constituem o uso ou consumo de bens e serviços no processo de obtenção de receitas. As despesas indicam o gasto de serviços de fatores relacionados direta ou indiretamente à produção e venda do produto da empresa. Aqui o que é aplicado na receita vale aqui também. Despesa não tem a ver com saída de caixa. Compra de uma máquina, de um veículo não é despesa, é investimento. Despesa é o uso e consumo deste veículo ou desta máquina. Alguns autores, principalmente da contabilidade de custos diferem despesas de custos, mas sob a ótica estrita da teoria da contabilidade, não há esta diferença, o que há é a diferença entre despesa/custo e estoque, algo que não será discutido aqui.

Ganhos:
São os umentos de Patrimônio Líquido decorrentes de operações periféricas ou incidentais. Incluem, na maioria das empresas, lucros em atividades como a venda ocasional de terrenos e outros imóveis, bem como os aumentos de patrimônio resultantes de doações e outros lucros imprevistos.

Perdas:
As perdas resultam de eventos externos e exógenos não previstos como necessários para o processo de geração de receitas, tais como, prejuízo na venda de um bem, perda de ativos não segurados etc. É algo ocasional e não previsto.


Finalizando, despesa é uma coisa, compra de bem é outra, receita é uma coisa, venda de bem é outra. Basicamente, o lucro é necessário para a geração de caixa para a empresa se auto-financiar. Sem lucro, sem continuidade no longo prazo.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Lucro segundo a Contabilidade - Parte I

Para falarmos sobre a visão contábil de lucro, precisaremos de alguns posts, pois o tema é extenso.
Primeiramente, vamos a alguns conceitos:
Ativo: a grosso modo, conjunto de bens e direitos de uma entidade, capaz de produzir benefícios futuros (capaz de gerar receita).
Passivo: conjunto de obrigações de uma entidade.
A diferença entre o Ativo e o Passivo é o Patrimônio Líquido. Para que haja um aumento de patrimônio líquido, há que se ter um aumento de Ativo, uma diminuição do Passivo ou uma combinação de ambos. De maneira geral, este aumento do Patrimônio Líquido se dá ou pela injeção de dinheiro na empresa pelos sócios (chamado de Capital Social) ou pela obtenção de lucros (desde que não seja distribuído aos sócios). Ressalta-se que há outras formas de aumento de Patrimônio Líquido mas que, por sua natureza extremamente técnica, não será explicado aqui.
O lucro contábil pode ter duas destinações. Ou paga-se para o acionista (como uma remuneração pelo capital investido) ou se mantém na própria empresa (para aumento de Patrimônio Líquido).
Se a empresa sempre distribuir 100% do lucro aos proprietários, poderá ter sérios problemas de financiamento pois, se o lucro não ficar na empresa, a única forma de expansão é com dívidas, o que sabemos que, no Brasil, não é muito sensato nem viável.
Sendo assim, pela ótica contábil, o lucro, desde que retido na empresa, nada mais é do que uma forma de auto financiamento, para futuras expansões e melhorias do negócio. Logo, uma entidade que não gera lucro, normalmente não é sustentável no longo prazo.
No próximo post comentaremos sobre os componentes do lucro, que seriam, receitas, despesas, custos, ganhos e perdas.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Visão Econômica de Lucro

Na Economia, a visão de lucro é bem interessante e tem alguns conceitos que são únicos.
A Teoria da Firma conceitua lucro como sendo a remuneração obtida num dado setor acima do custo de oportunidade do recurso ali utilizado. Se os donos da empresa possuem um conjunto de bens de capital e os utilizam para fins produtivos, a decisão dependerá dos rendimentos que eles poderiam obter num uso alternativo. Resultados superiores a esses custos alternativos é que são chamados de lucros. Na firma, o lucro total é dado pela diferença entre receita e despesa, considerado, para cada recurso utilizado, seu custo de oportunidade (fonte: João Rogério Sanson, disponível em http://www.periodicos.ufsc.br/index.php/economia/article/viewFile/6138/5696).
E aqui precisamos conceituar custo de oportunidade que seria uma alternativa de investimento (normalmente de baixo risco) ao capital empregado na firma. Por exemplo, se o investimento na firma é de 1 milhão de reais e uma aplicação financeira de baixo risco oferece uma remuneração de 10 mil reais mês, o lucro da empresa é dado pelas receitas - custos - 10 mil reais, ou seja, lucro mesmo só o que ultrapassa o investimento seguro. A lógica é, se uma firma oferece uma remuneração abaixo da remuneração segura, não vale a pena o risco.
O único problema desta visão é a não conceituação clara de custos e receitas, não fazendo a distinção, principalmente entre custos e ativos. Esta é mais uma conceituação contábil, tema que será tratado no próximo post, provavelmente mais para o final de semana.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Lucro segundo Karl Marx

Explicar a visão marxista do lucro é algo deveras complexo e que não será neste post que tudo será explicado, até porque, precisaríamos de quase um livro para expor todo o pensamento.
Marx não trabalha com o conceito de lucro e sim o conceito de mais valia.
Para uma leitura mais profunda sobre o tema, recomendo o link http://www.marxists.org/portugues/ que faz uma extensa visão do pensamento de Karl Marx. Sobre a visão de lucro propriamente dito, neste mesmo site, no endereço http://www.marxists.org/portugues/marx/1865/salario/index.htm há uma visão bem profunda sobre o tema salário, preço e lucro.
Em minha opinião o conceito de Marx, apesar de exremamente profundo, passa por um problema conceitual/contábil, pois Marx define que, do preço, uma parte vai para o salário, uma parte para os demais fatores de produção e uma parte para o lucro e que o lucro seria do detentor do capital (empresário capitalista).
Entretanto, nisto há um pequeno problema. O lucro não é do empresário e sim da entidade. Faltou aqui a visão do princípio da entidade contábil, que assim define entidade: O Princípio da ENTIDADE reconhece o Patrimônio como objeto da Contabilidade e afirma a autonomia patrimonial, a necessidade da diferenciação de um Patrimônio particular no universo dos patrimônios existentes, independentemente de pertencer a uma pessoa, um conjunto de pessoas, uma sociedade ou instituição de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos. Por conseqüência, nesta acepção, o patrimônio não se confunde com aqueles dos seus sócios ou proprietários, no caso de sociedade ou instituição. (para maiores informações, ver http://www.portaldecontabilidade.com.br/legislacao/resolucaocfc774.htm)
Segundo o princípio da entidade, o lucro é da organização e não do proprietário. A organização, se assim o desejar, pode distribuir 100% do lucro ao proprietário (caminhando para a visão marxista). Porém, se isto for feito, a empresa ficará sem capacidade de crescimento e de renovação dos seus ativos, o que, provavelmente, acarretará uma alta probabilidade de descontinuidade.
Sobre ese tópico de reinvestimento, capacidade de crescimento etc, um post específico sobre isto será feito nos próximos dias.
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