sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Entendendo a nova crise financeira


Nas últimas semanas estamos sendo bombardeados com notícias sobre o agravamento da crise europeia e norte-americana. Ambas as crises possuem a mesma razão: alto endividamento do setor público e, em alguns países, do setor privado também. O motivo disto é simples e fácil de entender: os governos gastam mais do que arrecadam. A lógica para os governos é a mesma das empresas e das pessoas físicas: se gastamos mais do que recebemos, fazemos dívida e, se não conseguimos pagar a dívida, precisamos fazer uma nova dívida para pagar a antiga, fazendo com que fique uma bola de neve. O grande problema é que a dívida ficou grande demais e está chegando a hora de pagar a conta.
Quando estamos nesta situação, só há três possibilidades para continuarmos honrando nossos pagamentos e não declararmos moratória, ou seja, deixarmos de pagar nossas dívidas: aumentando as receitas, diminuindo os gastos ou conseguindo mais crédito. As soluções dos países desenvolvidos estão basicamente nas duas últimas.
Os Estados Unidos estão tentando uma solução mista, aumentando o limite de endividamento, ou seja, conseguindo mais crédito e também com um amplo pacote de contenção de gastos públicos, principalmente de programas sociais e orçamentos das forças armadas.
Por sua vez, a Europa está sendo mais radical. Estão propondo cortes fantásticos nos gastos públicos, por meio de diminuição de gastos com funcionalismo público e também por corte em programas sociais.
Entretanto, o que o mercado analisa é que estas decisões podem se tornar um grande tiro no pé, o que reforça a expectativa de que a crise e a recessão nestes países serão de longo prazo, alguns falando de três, outros chegando até a falar em dez anos de crise e/ou baixo crescimento.
E por que isto pode ser um grande tiro no pé? A razão, por mais estranha que possa parecer, é simples: quando o governo gasta dinheiro, principalmente com salários e programas sociais, isto tem o efeito de geração de renda para a população e, quanto mais renda para a população, mais as pessoas gastam e, quanto mais se gasta, maior a arrecadação de tributos por parte do Estado, conseguindo, assim, aumentar a sua receita para equilibrar o caixa. O exemplo brasileiro do Bolsa Família é bem explicativo deste fenômeno.
Então, surge a questão: por que então os governos não gastam mais dinheiro ao invés de economizar? Por uma razão simples: não há mais dinheiro. Os países gastaram rios de dinheiro para salvar o sistema financeiro na crise de 2008 e este dinheiro não foi suficiente para impulsionar a economia. Por esta razão, os governos dos países europeus mais relevantes (Alemanha e França), bem como a oposição radical nos EUA simplesmente fecharam as torneiras para aumentar o gasto público. Onde isto vai nos levar? Sinceramente, não me arrisco a fazer previsões neste momento, mas vejo um cenário não muito otimista pela frente, visto que uma crise lá fora, fatalmente vai impactar nosso país, mesmo que de maneira menos intensa.

Um comentário:

  1. Olá Jorge, tudo bom? Excelente post, com certeza tudo isso que vem acontecendo na economia mundial terá reflexos no Brasil, temos realmente que nos preparar e não ficar muito otimistas com o que está por vir. Parabéns pelo texto.

    Abs!

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