Crise européia afetando o esporte

Tempos atrás, em conversa com o amigo Fábio Balassiano, editor do melhor blog de basquetebol do país, o Bala na Cesta, discutíamos o locaute da NBA e entramos em um debate sobre o valor pago aos esportistas.
Eu disse a ele que o mundo dos esportes em geral poderia estar em um grande castelo de cartas, com altos patrocínios e altas quotas de TV que geravam altos salários para os esportistas.
Também ponderei que o mundo dos esportes poderia estar assentado em uma grande bolha e que os locautes da NBA e da NFL poderiam ser presságios disso, mas que, a real situação ruim estaria no futebol europeu, com salários altíssimos para países em crise.
Pois bem, semana passada fomos todos surpreendidos pela greve dos jogadores da Liga Espanhola de Futebol, uma das mais ricas do planeta. E o que os jogadores pleiteiam? Aumento de salários? Maior participação nos lucros da liga? Nada disso. Desejam apenas uma coisa: querem que a Liga de Futebol crie um fundo para garantir o pagamento de salários durante toda a temporada.
Percebem a catástrofe disto tudo? Os jogadores querem a criação de um fundo para, caso o clube quebre, consigam receber seus salários. Isto vislumbra a decadência financeiras dos clubes espanhóis, onde clubes tradicionais como Valência, Villarreal, Sevilla e Atlético de Madrid não conseguem fechar acordos de patrocínio e a dívida acumulada dos clubes já passa de 28 milhões de reais, apenas com salários atrasados. Aqui vale uma questão normal em qualquer atividade empresarial: primeiro se atrasa todas as contas para, só ao final de tudo, atrasar salários. Logo, imaginem como estão as dívidas com bancos e demais fornecedores.
Para finalizar, uma triste mensagem de Luis Rubiales, presidente do Sindicato dos Atletas da Espanha: "Vivemos uma situação lamentável. Não se pode pedir mais dos jogadores. Não queremos mais dinheiro, apenas que os contratos sejam cumpridos."
O pior é que não verei como surpresa se notícias assim começarem a pipocar em outras ligas europeias. A propósito, será que isto explica um pouco o sucesso de clubes russos na contratação de jogadores e até a repatriação dos nossos?