sábado, 1 de outubro de 2011

Lições de mais uma enchente em Santa Catarina


Neste mês de setembro de 2011, houve mais uma enchente na região do Vale do Itajaí, em Santa Catarina, com saldo foi de 264 deslizamentos, 930 mil pessoas atingidas, 26 mil pessoas desalojadas ou desabrigadas e apenas seis mortes.
Os prejuízos materiais foram muito grandes, mas, poderia ser muito maior, visto que muitos moradores conseguiram levar seus pertences a um lugar seguro. Ressalta-se também o número de mortes proporcionalmente pequeno ao total de pessoas atingidas.
Depois da tragédia de 2008, a cidade mapeou os pontos mais suscetíveis a deslizamentos e, dos 264 deslizamentos desta enchente, 161 deles foram em locais já previstos, o que minimizou e muito a perda de vidas humanas e bens materiais.
Entretanto, nesta enchente o problema maior foram as águas, com o rio subindo 12,50m acima do seu nível normal (dois metros acima da tragédia de 2008), porém sem maiores danos. Isto se deveu a três grandes ações tomadas depois das enchentes da década de 80 (1983 e 1984).
A instalação de um sistema de barragens no Rio Itajaí Açu, o que permite que o rio suba três metros a menos do que se o sistema não existisse. Isto ameniza as cheias do rio.
Implantação de um sistema denominado de cotas de enchente. Equipes de especialistas mapearam as ruas da cidade e foi elaborado um documento que informa quando o rio atingirá cada rua da cidade. Por exemplo, a rua onde moro inunda quando o rio chega a 10 metros acima do seu nível normal. Este documento é público e encontra-se no http://www.blumenau.sc.gov.br/defesa/cotas1.asp? e praticamente todos da cidade sabem a a cota de enchente da sua rua. Além disto, em períodos de enchente, isto é amplamente divulgado pelas TVs e rádios locais.
Finalmente, foi criado, em parceria com a Universidade Regional de Blumenau, um centro chamado Ceops, Centro de Operação do Sistema de Alerta da Bacia do Itajaí, (http://ceops.furb.br/) que tem como função monitorar e, principalmente, prever o nível do rio com base em dados meteorológicos.
Nesta enchente de setembro, todo o sistema funcionou perfeitamente. Na quarta-feira o Ceops já comunicou que a cidade seria inundada na quinta-feira no final da tarde, permanecendo em estado crítico até o final da semana. Este pequeno aviso já acionou todo o sistema de alerta contra enchentes, com a abertura dos abrigos para os possíveis afetados pelas águas (o abrigo do bairro também é algo que todos os moradores conhecem), rádios e TVs locais com coberturas ao vivo, cancelamento de aulas para diminuir o trânsito na cidade, alerta para a população tirar seus pertences de valor das partes baixas de suas casas, alerta para os lojistas guardarem seus estoques em locais seguros etc. Isto fez com que o prejuízo não existisse? É óbvio que não, porém, com certeza foi amenizado.
Enfim, um bom sistema de monitoramento, prevenção e informação, aliado ao treinamento da população local contra catástrofes pode ajudar o ser humano a conviver mais em harmonia com a mãe natureza, minimizando o risco de perdas econômicas e, principalmente, de vidas humanas.

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