quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Marcha contra a corrupção e a Economia

No último dia 15 de novembro foi promovida uma série de marchas contra a corrupção em diversas cidades brasileiras. Neste dia, a população foi às ruas clamando pelo fim de um dos maiores males da política brasileira, a corrupção. O tema é urgente e importantíssimo, pois se calcula que bilhões de reais são desviados por ano, dinheiro este que poderia ser usado na saúde, educação, segurança, obras públicas etc.
No entanto, o resultado ficou muito aquém do ideal. Organizadores do movimento comemoraram algumas centenas de pessoas na rua, o que pode ser razoável em cidades como Blumenau, com 300 mil habitantes, mas péssimo em cidades como São Paulo e Brasília, por exemplo. Ao invés de ficar bradando que o povo brasileiro não tem maturidade política, que somos um país subdesenvolvido e outros discursos prontos, penso que o problema é econômico e não político, ou seja, parafraseando James Carville, “é a economia, estúpido!”.
Estamos vendo uma quantidade extremamente grande de manifestações ao redor do mundo, começando pela primavera árabe, manifestações na Europa e o ocupe Wall Street. Serão manifestações políticas ou econômicas?
A primavera árabe, apesar de ser um movimento contra a ditadura nos países árabes, começou na Tunísia com um desempregado ateando fogo ao seu corpo justamente em protesto contra a falta de emprego. No Egito, protestos já haviam começado pela alta do preço do pão (base da alimentação local). Esta insatisfação econômica levou a uma revolta que ganhou corpo e passou a protestar contra o governo e então acabou contagiando a população, inclusive de outros países árabes, como em um efeito viral.
O movimento europeu já é diferente, 100% econômico. Protesta-se contra muita coisa, mas, principalmente, contra os pacotes de austeridade que incluem reduções de aposentadorias, demissões de funcionários públicos, corte de salários etc. E no último final de semana tivemos um exemplo muito concreto disto. O primeiro ministro da Itália Sílvio Berlusconi só caiu pelo agravamento da crise econômica, não pelas acusações de corrupção ou escândalos em sua vida pessoal.
Finalmente, o movimento ocupe Wall Street, em Manhattan, protesta contra o sistema financeiro, motivados pela grave situação econômica, visto que os bancos estão bem enquanto a população em geral está endividada, sem dinheiro para pagar a hipoteca das casas e tendo que abrir mão do seu padrão econômico de vida.
Já no Brasil, a situação é diferente. A crise econômica ainda não chegou com força por aqui. O desemprego é baixo, a renda da população está melhorando e o crédito continua a se expandir. Quando a situação econômica é boa, o povo tende a esquecer de problemas maiores, como os romanos já conheciam muito bem, com a política do pão e circo (panis et circenses). Logo, pode ser que as marchas não tenham tido a adesão desejada não pela falta de interesse ou maturidade política do povo brasileiro, mas tão somente pela boa situação econômica do país, o que traz um desafio ainda maior para todos aqueles que lutam contra a corrupção e mazelas do nosso país.

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