No entanto, o resultado ficou muito aquém do ideal.
Organizadores do movimento comemoraram algumas centenas de pessoas na rua, o
que pode ser razoável em cidades como Blumenau, com 300 mil habitantes, mas
péssimo em cidades como São Paulo e Brasília, por exemplo. Ao invés de ficar
bradando que o povo brasileiro não tem maturidade política, que somos um país
subdesenvolvido e outros discursos prontos, penso que o problema é econômico e
não político, ou seja, parafraseando James Carville, “é a economia, estúpido!”.
Estamos vendo uma quantidade extremamente grande de
manifestações ao redor do mundo, começando pela primavera árabe, manifestações
na Europa e o ocupe Wall Street. Serão manifestações políticas ou econômicas?
A primavera árabe, apesar de ser um movimento contra a
ditadura nos países árabes, começou na Tunísia com um desempregado ateando fogo
ao seu corpo justamente em protesto contra a falta de emprego. No Egito,
protestos já haviam começado pela alta do preço do pão (base da alimentação
local). Esta insatisfação econômica levou a uma revolta que ganhou corpo e
passou a protestar contra o governo e então acabou contagiando a população,
inclusive de outros países árabes, como em um efeito viral.
O movimento europeu já é diferente, 100% econômico.
Protesta-se contra muita coisa, mas, principalmente, contra os pacotes de
austeridade que incluem reduções de aposentadorias, demissões de funcionários
públicos, corte de salários etc. E no último final de semana tivemos um exemplo
muito concreto disto. O primeiro ministro da Itália Sílvio Berlusconi só caiu
pelo agravamento da crise econômica, não pelas acusações de corrupção ou
escândalos em sua vida pessoal.
Finalmente, o movimento ocupe Wall Street, em Manhattan,
protesta contra o sistema financeiro, motivados pela grave situação econômica,
visto que os bancos estão bem enquanto a população em geral está endividada,
sem dinheiro para pagar a hipoteca das casas e tendo que abrir mão do seu
padrão econômico de vida.
Já no Brasil, a situação é diferente. A crise econômica
ainda não chegou com força por aqui. O desemprego é baixo, a renda da população
está melhorando e o crédito continua a se expandir. Quando a situação econômica
é boa, o povo tende a esquecer de problemas maiores, como os romanos já
conheciam muito bem, com a política do pão e circo (panis et circenses). Logo,
pode ser que as marchas não tenham tido a adesão desejada não pela falta de
interesse ou maturidade política do povo brasileiro, mas tão somente pela boa
situação econômica do país, o que traz um desafio ainda maior para todos
aqueles que lutam contra a corrupção e mazelas do nosso país.
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