Nos últimos dias temos visto uma polêmica enorme sobre a adoção do livro “Por uma vida melhor” pelo MEC para cursos de Educação de Jovens e Adultos. Isto se deve ao fato que o livro, ao tratar da diferença entre linguagem falada e linguagem escrita, afirma que, na linguagem falada (coloquial), não haveria problemas com o uso de expressões do tipo “os livro ilustrado mais interessante estão emprestado” na linguagem falada.
Como ressalva, o livro, em nenhum momento, afirma que esta espécie de frase é aceita na norma culta, bem como este tipo de frase é aceita apenas na linguagem falada e não na escrita. As autoras do livro defendem que tratar desta questão abertamente diminuiria o preconceito contra alunos que falam uma linguagem popular. Se formos considerar uma educação de jovens e adultos que há anos ou décadas não freqüentam a escola, tal raciocínio pode ser válido, principalmente nas primeiras semanas de aula.
O maior problema disto tudo é que no Brasil, infelizmente, adoramos fazer generalizações e extrapolar este assunto para a educação de forma geral e aqui eu vejo um enorme problema. Adotar este procedimento na educação básica e fundamental é uma sandice. Muitos especialistas e o próprio MEC dizem que isto diminuiria o preconceito, porém, em minha visão, isto aumenta o preconceito, pois a sala de aula deve ser o reflexo da sociedade e não uma ilha isolada do mundo.
Será que as crianças e jovens serão incentivados a falar um português mais correto se lhes forem dito que falar fora dos padrões da língua culta é algo aceitável? Como uma empresa reagiria, selecionando um funcionário para um cargo intermediário, se o mesmo utilize a língua coloquial, tal como “nós vai pegar as coisa”? Não estaríamos condenando este jovem a sempre ter um emprego de baixa remuneração pois o mercado acabaria o excluindo-o das melhores funções?
É claro para mim que não se deve exigir que a escola fundamental ensine o português de Machado de Assis para nossas crianças, porém, a simples aceitação de erros de concordância, regência etc como sendo algo natural e aceito na linguagem falada já é um pouco demais.
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