sexta-feira, 24 de junho de 2011

Perspectivas para Inflação no Segundo Semestre

Nos últimos meses, o tema inflação voltou a fazer parte do cotidiano do noticiário econômico brasileiro. O que era um problema secundário meses ou anos atrás, passou para uma das principais preocupações nacionais.
A escalada da inflação recente teve três grandes vilões: alimentos, combustíveis e gastos públicos. E a grande questão é: como estes elementos se comportarão nos próximos meses?
Os alimentos, principalmente carne e commodities agrícolas, com exceção do arroz, tiveram altas acentuadas desde o começo do segundo semestre do ano passado. Em minha opinião, para a grande maioria dos alimentos, o preço chego no teto, sendo que os preços ou cairão, ou permanecerão constantes, apenas com oscilações normais de curto prazo.
Já os combustíveis, temos que separar a questão em duas, álcool e petróleo (gasolina e diesel). O álcool está com uma forte tendência de queda, pelo início da safra de cana de açúcar. Entretanto, esta queda deverá continuar por mais um mês ou dois no máximo, sendo que, após este período, a tendência é se estabilizar, mas em patamares menores do que os atuais. Por sua vez o petróleo está com um comportamento errático e os analistas não se aventuram com previsões muito confiáveis, visto que inúmeros fatores têm afetado sua cotação, como os conflitos políticos no Oriente Médio e a crise que ainda assola a Europa e os Estados Unidos. Portanto, o petróleo pode se tornar uma das grandes incógnitas para o segundo semestre e, infelizmente, não há nada que o governo brasileiro possa fazer, a não ser conter o repasse desta variação brusca nos preços do petróleo nos preços dos combustíveis brasileiros, pelo poder monopolista detido pela Petrobrás, o que é uma solução paliativa de curto prazo, mas que pode ser bastante eficaz.
Finalmente a questão do gasto público manda sinais contraditórios. No início de seu mandato a presidente Dilma anunciou um corte de gastos de 50 bilhões de reais em despesas correntes e que isto seria suficiente para equilibrar as contas do governo. Por um lado, não conseguimos ver esta redução afetando preços e alguns analistas desconfiam se esta redução é para valer ou se ficará apenas no discurso. Por outro lado, vemos alguns setores da máquina pública com problemas de funcionamento, principalmente no que tange a passagens aéreas e diárias de trabalho para servidores, o que pode vir a afetar alguns setores da máquina pública.
Para finalizar, uma nova variável estará presente no segundo semestre: dissídios salariais. Por mais paradoxal que seja, quanto mais aumento o trabalho conseguir em negociação de acordos coletivos, maior será o fantasma inflacionário, pois, quanto mais renda o trabalhador tiver para gastar, maior a probabilidade dos preços aumentarem.

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