O governo encontra-se, já há alguns meses, com um grave problema de inflação dos alimentos. Isto se torna complexo, pois, em economia, não se deve olhar uma única variável de maneira isolada, ou seja, uma mudança no nível de preços dos alimentos traz alterações em diversos aspectos da economia.
Os preços de produtos agro-pecuários são definidos internacionalmente, o que significa que uma ação isolada de um produtor ou grupo de produtores não consegue alterar os preços. Atualmente, o que vemos é uma escalada de aumento de preços para as commodities agrícolas e, em minha opinião, esta tendência continuará durante todo o ano de 2011.
Em virtude disto, o que o governo pode fazer para impedir que os preços dos alimentos não subam para o consumidor final? Há algumas alternativas, sendo duas possíveis e já pensadas para implantação:
a) Taxas ou impostos de exportação: se o governo aumentar taxas ou impostos para exportações de alimentos, a quantidade disponível para o mercado externo irá diminuir, criando então um excedente de alimentos no mercado interno, fazendo com que o preço diminua. Porém, caso isto aconteça, o volume de exportações do país irá cair drasticamente, afetando o equilíbrio das contas externas brasileiras, podendo haver uma queda de solidez da economia como um todo.
b) Câmbio: aqui reside, atualmente, um dos maiores nós da política externa brasileira. Devido a inúmeros fatores que não vamos tratar aqui, a taxa de câmbio brasileira está sobre valorizada, fazendo com que os produtos importados fiquem baratos demais e a exportação cara demais. O setor produtivo pede, há tempos, uma correção do câmbio, pois, se o dólar subir para R$ 2,00, por exemplo, os produtos brasileiros ficarão mais baratos no exterior, pois a empresa pode oferecer um preço em dólar mais barato para seu cliente internacional, visto que na hora que este dólar entra no país, a empresa consegue mais reais por ele. Porém, se o câmbio subir, o preço dos alimentos aqui no Brasil irá aumentar ainda mais, visto que, se o valor recebido numa venda externa subir, as empresas irão preferir exportar alimentos ao invés de vendê-los internamente, o que diminui a quantidade disponível para o mercado nacional, fazendo com que os preços subam.
Finalmente, o governo brasileiro está com um enorme problema nas mãos. Se quiser agradar o setor industrial e aumentar nosso volume de exportação, vamos ter um aumento maior ainda no preço dos alimentos. Por outro lado, caso queira reduzir o preço dos alimentos, terá que derrubar ainda mais o câmbio, provocando perda acentuada para nosso setor industrial.
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