terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Até a China já exporta café para o Brasil - Um exemplo de possível sensacionalismo na imprensa

Saiu na Folha de São Paulo de ontem (03/01) uma reportagem de capa do caderno Mercado com o título: "Até a China já exporta café para o Brasil", talvez uma das reportagens mais mal feitas do jornal nos últimos tempos, em minha opinião.

Lendo o título, o que se depreende é o seguinte: o Brasil, maior exportador mundial de café, passou a importar café da China, um país que não tem tradição no consumo de café e que o café chinês estaria invadindo o Brasil, assim como brinquedos, tecidos etc.
Entretanto, o que achamos na matéria? Achamos 2,5 míseros parágrafos sobre isto, e a principal chamada é: "Líbano e China se juntam à lista de vendedores de café torrado para o Brasil. A quantidade é pequena:560 e 332 quilos, respectivamente, nos 11 primeiros meses de 2010".
Das duas uma, ou o Colunista responsável pela matéria e quem aprovou a matéria não entendem absolutamente nada do assunto ou a falta de pauta é terrível. Importamos 332 quilos de café da China. Sabem o que isto representa? 332 quilos = 6,5 sacas de 60 kg de café. De acordo com um cálculo grosseiro, isto tudo cabe dentro de uma KOMBI e ainda sobra muito espaço. Será que uma importação de 6,5 sacas de café que cabem dentro de 1/4 de uma Kombi (acho que cabe em menos espaço ainda, mas estou sendo generoso com a matéria) representa alguma coisa no mercado nacional de café ou representa algo na balança comercial do Brasil? Ou será que é puro sensacionalismo?
Outra coisa, falaram da importação de café suiço, italiano etc com cifras GIGANTESCAS na casa de 16 MILHÕES de dólares (o mais alto) de café da Suiça, assim como cifras menos gigantescas como 1,6 milhão de dólares (Itália) e coisas assim. O que se pode tirar desta matéria? Que o brasileiro de alto poder aquisitivo prefere os Café Premium vindos de fora, como aliás SEMPRE ocorreu.
O que a matéria deveria ter enfocado e passou muito longe disto é por que o Brasil não emplaca venda de café com alto valor agregado e apenas o café como commodity. Aliás, isto ocorre também com a soja, milho, trigo, frutas e praticamente todos os produtos agrícolas do país.
Logo eu me pergunto: no que isto agregou de valor ao leitor mais informado? Ao leitor menos informado eu garanto que agregou muita confusão, principalmente porque foram feitas análises sobre a China entrando no mercado etc com um volume de 1/4 de uma carga de Kombi em 11 meses de importação. E aí eu me pergunto: foi feito um levantamento de quantas importações foram feitas? Será que não foi feita apenas uma
única importação, talvez para abastecer comunidades chinesas de SP? Ou será que foram feitas várias importações, aí sim para conhecer o mercado?
Realmente, ainda precisamos de uma qualidade melhor em análises econômicas por parte da grande imprensa para não confundir conceitos e desinformar o leitor.

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