quarta-feira, 26 de maio de 2010

Futebol e Política

Este post teve origem em uma troca de emails e posterior postagem no blog do colunista do Jornal de Santa Catarina, Valther Osterman (http://wp.clicrbs.com.br/valtherostermann/2010/05/26/selecao-e-eleicao/?topo=77,2,18,,,77). Bem, aqui vai o texto, um pouco melhorado agora.

Muitos estão falando e algumas campanhas por email já estão rolando por aí sobre torcer contra a seleção na Copa do Mundo da África do Sul, pois, se ganhar, vai ser usada pelo Governo para efeitos políticos. Acho isto descabido e, por mais que os governos tentem, isto não funciona.

Vamos a alguns fatos. Como a Copa do Mundo e os mandatos presidenciais possuem a mesma duração e são feitos no mesmo ano, sempre os dois fatos vão coincidir. Isto acontece, no período de redemocratização, desde 1994. Façamos uma análise, então, das últimas 4 Copas e eleições:


1994 – Seleção do Brasil ganhou, mas não empolgou. O candidato governista ganhou as eleições. Entretanto, a vitória foi causada por outro fator externo, o Plano Real. Naquele ano, com a popularidade que o Plano Real tinha e com a política de sobrevalorização do real (chegamos a comprar dólar por menos de R$ 0,80) até eu ou você ganharíamos, se fôssemos apoiados pelo Plano.

1998 – Fracasso da seleção. Ronaldo doente na final. Um caso inexplicável. Conspirações. O patrocinador da seleção, a Nike, mandou a seleção entregar o jogo para a França, patrocinada pela sua maior rival, a Adidas, para obter não sei o que de lucro (que história mais sem pé nem cabeça, não?). Isto foi tão forte na época que houve até CPI. Ou seja, povo irado com a seleção. O que aconteceu? O candidato governista se reelegeu.

2002 – Brasil campeão. O trio de R do Brasil (Ronaldos e Rivaldo) destruíram os nossos adversários. Técnico carismático. Tínhamos a família Scolari. Uma maravilha. Aliado a isto, uma crise cambial, pois o mercado estava dizendo não ao candidato opositor, candidato, aliás, que já era comparado ao Rubinho da F-1, pois já havia ficado em segundo lugar em 3 eleições seguidas, rumando para a quarta. O que aconteceu? O candidato da oposição ganhou.

2006 – Decepção. Balbúrdia na concentração. Brasil perdeu de forma vergonhosa para a França e não empolgou em nenhum jogo. De novo, população revoltada, pedindo que os medalhões fossem expulsos do time, pediam por renovação. O que aconteceu? O candidato governista se reelegeu.

2010 – Será que vai haver correlação positiva? A não ser que o Dunga e os jogadores virem cabos eleitorais efetivos (o que duvido), nada vai acontecer. A Copa termina muito longe da eleição. Se houver efeito, será só na primeira pesquisa pós-Copa.

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