quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Transparência no Transporte Coletivo


Praticamente todo ano é a mesma celeuma em relação ao reajuste das passagens de ônibus em diversas cidades brasileiras: empresas de um lado, sociedade do outro e a prefeitura no meio.
As empresas anunciam o quanto querem de reajuste, a imprensa divulga, a sociedade reclama, as empresas enviam as planilhas de custos, a prefeitura inspeciona e concede um aumento um pouco menor do que o anteriormente solicitado. A quem interessa este sistema atual? Só às empresas? Ledo engano. Este sistema interessa a muito mais gente. Vejamos:
a) As empresas, pelo óbvio motivo do reajuste das passagens, inclusive provavelmente colocando no cálculo inicial o eventual desconto que vai haver quando houver a inspeção da prefeitura (pelo menos eu assim o faria);
b) A prefeitura, pois atua como defensora da sociedade ao reduzir o preço proposto pelas empresas, com o discurso de “trabalhamos favor da sociedade e por isto reajuste foi menor”;
c) Os vereadores com seus discursos inflamados na Câmara como defensores dos “fracos e oprimidos”. Isto é ótimo para ser utilizado na próxima campanha, pois o vereador argumenta que sempre defendeu os usuários do transporte coletivo, lutando contra os aumentos abusivos das empresas etc.
O único que não mencionei aqui foi a sociedade. O que ela ganha com isto? Absolutamente nada, os preços sobem e ficamos com a sensação de que fomos ludibriados.
Há solução para o problema? Em minha opinião há e ela não é tão complexa. Basicamente se divide em três grandes decisões:
1.  Inverte-se a ordem dos acontecimentos. Primeiro a planilha de custos é apresentada, depois analisada e corrigida, para, a partir daí, ser divulgada para a imprensa. Isto vai fazer com que não haja aproveitamentos políticos da situação.
2. Mais importante do que a primeira é uma adequada verificação da planilha de custos. Não por técnicos da prefeitura que são parte interessada no problema, mas por analistas independentes. Analistas que efetivamente entendam de custos e de logística. Sendo independentes, a pressão exercida sobre eles é bem menor.
3. Finalmente, uma auditoria independente na contabilidade das Empresas. Considerando que as planilhas são feitas com base em dados contábeis, por que não são auditados? Existem diversos profissionais especializados e altamente capacitados para isto. Inclusive diversas empresas brasileiras passam por este mesmo processo trimestralmente.
É algo fácil para ser implantado? Com certeza sim. É interessante para os atuais atores do sistema? Duvido muito.

Um comentário:

  1. Claro que sempre existe uma forma melhor para sociedade, mas o brasileiro não pensa no coletivo. Cada um quer levar o seu.

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