terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Aos jovens idealistas, Solla, Nahor e Ale, e à princesa Alice.

Este texto maravilhoso é de um blog muito bom, chamado "Um quê de Transgressão" da jornalista Eloísa Deveze e trata do tema corrupção, com um olhar crítico, ácido e verdadeiro sobre os "combatentes da corrupção" no mundo virtual. O texto completo pode ser acessado em (http://umquedetransgressao.blogspot.com/2012/02/aos-jovens-idealistas-solla-nahor-e-ale.html)


Essa pichação feita nos muros de Paris, em 68, ganhou o mundo e traduziu com perfeição o espírito libertário de uma juventude que queria mudar o mundo. Hoje, esse espírito, propulsor de revoluções sociais, culturais e científicas ao longo dos séculos, cedeu terreno para o discurso conservador que tem embalado os sonhos de um punhado de gente jovem e madura que quer acabar com a corrupção no Brasil.
    Prova disso é que, poucos meses atrás, o movimento contra à corrupção ganhou, aqui, em São Paulo, a adesão da Associação da Parada do Orgulho GLBT e pronto: alguns integrantes torceram o nariz para essa aliança e dispararam posts e emails nas redes sociais, em que diziam, basicamente, que não  engrossariam manifestações que, por contar com o pessoal da Parada, seriam contra a família e a ordem social.
     Basta dar uma navegada nas páginas de alguns desses grupos para se ter a impressão que se, pudessem, diversos de seus integrantes não despachariam apenas os homossexuais para outro planeta. Eles também aproveitariam a nave espacial para se livrar de dependentes químicos, ex-moradores da favela Pinheirinho, empresários que contratam profissionais estrangeiros, defensores da legalização do aborto e/ou de uma política pública para, pelo menos, reduzi-lo, críticos da ditadura militar, favoráveis à campanha do desarmamento, além de petistas, simpatizantes, que ganharam o apelido de Petralha. E, em especial, qualquer um que conteste suas ideias, também chamado de Petralha, fake, infiltrado e autoritário.
   Na contramão desse povo, eu tive o prazer de ver entrar em cena cavaleiros solitários que deram uma lufada de vento fresco a esses embates. É claro que falam para um exército com uma séria deficiência auditiva, que o impede de ouvir tudo o que não lhe soa bem. Mas esses jovens idealistas não são do tipo que jogam a tolha por falta de incentivo da torcida. O professor Nahor Lopes Jr., de 26 anos, e o atrevido Ale Brasil/Virgu Lino, de 28 anos, por exemplo, vira e mexe, enfrentam uma dezena de lutadores conservadores que, como dizia o bom e finado colunista social Athaíde Patreze, acham o deputado federal Jair Bolsanaro e o período da ditadura militar um luxo!
   Nahor tira proveito de sua sólida formação cultural e vocação para transmitir e compartilhar conhecimentos, talvez até, para baixar a guarda e ampliar o  leque de informações de alguns deles, com outras ideias, teorias e palavras. Como resultado, o professor, e não os seus argumentos, como seria natural, vira o alvo da discussão e ele começa a ser insultado. Ora de petista, ou melhor, Petralha, como dizem . Ora de professor que não sabe nada da história do Brasil.
  Católico até a medula, o catarinense lembra que Deus condena o pecado, mas não o pecador. E já que citam tanto o Seu Nome nesses espaços, vale ressaltar que Ele, em sua infinita sabedoria e misericórdia, nos concedeu a vida, o livre-arbítrio e o perdão. O que, pra mim, indica que Deus não compactua com nenhuma forma de opressão e acolhe todos os seus filhos, e com todos os seus pecados.
    Os desaforos, um dos pecados mais cometidos por essa turminha insólita, nem sequer arqueariam uma mísera sobrancelha se não saíssem da língua de quem enche a  boca pra falar em democracia, mas é incapaz de manter um debate de ideias no campo das ideias. Que o diga Ale, analista de compras, de 28 anos, que, além de petralha, of course, também é tachado de comunista, hipócrita etc nesse território minado de convicções pra lá de ultrapassadas. Que, diga-se de passagem, foram soterradas e/ou descartadas há décadas por autoridades mundiais, que se debruçam, por anos a fio, sobre a tarefa de estudar, desvendar e encontrar soluções para n problemas contemporâneos.
   De natureza impetuosa, esse paulistano solta o verbo, sem recorrer a ofensas e outras baixarias, em defesa da atual compreensão que pesquisadores do mundo inteiro tem de uma série de questões e enfrenta chumbo, cada vez mais grosso, disparado pela artilharia conservadora.
   Outro jovem idealista, Francisco Solla, decidiu parar de, como dizem os chineses, atirar pérolas aos porcos desse exército virtual e foi lutar com outra farda. Dono de um bom senso de causar inveja, o estudante, de 18 anos, que acaba de ingressar na Unicamp, se movimentou com elegância entre esses internautas democratas que, ao serem contrariados, ardem na fogueira das vaidades e promovem uma espécie de caça às bruxas.As bruxas, no caso, são qualquer um que, além de discordar de suas brilhantes ideias, se atreva questionar decisões e "verdades". Como Solla cometeu esses crimes, ele, claro, também caiu na língua dos conservadores. Mas nem ligou para as ofensas. É que o estudante baiano já havia sido abatido pela perda de um sonho: o de acreditar que, no combate contra à corrupção, todos eram movidos, exclusivamente, pelo  idealismo.
     Esses rapazes são apenas três entre milhões que perdem batalhas para aqueles que comungam com o ideário conservador e autoritário. Se hoje, eles lutam contra os ganchos de direita da turma que reeditou no espaço virtual as famosas marchas com Deus, pela família e propriedade, contra a guitarra elétrica etc dos anos 60. Amanhã, terão de enfrentar golpes vindos de outros frontes.
     E como acontece com todos, eles vão perder e ganhar nos sucessivos embates por uma vida e um mundo melhor. Em compensação, na volta, serão sempre recebidos pela princesa Alice - uma menina linda, de 15 anos, de apurado senso estético, que, como tantas outras meninas, nasceu para embelezar  e zelar pela beleza do mundo.
   Espero, também, que esses cavaleiros nunca comprem o discurso de que ser idealista, após uma certa idade, é burrice. Burrice pra quem?  Há quem interessa arrefecer o entusiasmo de gente que quer fazer desse mundo um bom lugar para se viver?
   Einstein dizia que é mais fácil dividir um átomo que quebrar um preconceito. Imagine, então, ter de lidar com preconceituosos e sectários para tentar promover mudanças que contribuam para o bem-estar da sociedade? Tai um combate que consome uma vida inteira. O desafio, no entanto, é talhado para gente de coração bom, mente arejada e espírito libertário como é o caso desses três meninos e dessa princesa do Brasil.
   Allez les enfants! Soyez réalistes, demandez l'impossible! ( Vamos lá crianças! Sejam realistas, exijam o impossível). Até porque, cá entre nós, da vida não se leva nada mesmo. Nem as batatas de Quincas Borba, do genial e libertário Machado de Assis.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

O doente grego

Este excelente texto, de autoria do economista português Miguel Amaral, do blog Perspectiva Lusófona (http://perspectiva-lusofona.weebly.com/5/post/2012/02/o-doente-grego.html) é uma visão lúcida sobre a situação grega e as consequencias para Portugal e o restante da Europa. Com autorização do autor, segue o texto para leitura.


Possivelmente, há 5 anos atrás ninguém seria capaz de prever o estado caótico em que se encontraria a Europa, à data de hoje, e é pouco provável que hoje alguém consiga fazer as mesmas previsões para o mesmo lapso de tempo. Talvez, a única excepção, sejam os tipos de Wall Street e/ou da City.

Quando penso na situação grega e no comportamento dos parceiros europeus não consigo evitar fazer uma analogia de cariz médica. Penso naquele doente em estado grave que se dirige as Urgências, onde diagnosticado com gravidade é imediatamente submetido à cuidados intensivos, à cirurgia e o consequente internamento e tratamento para debelar a doença.

No caso, do doente chegar a Urgência já em caso terminal, numa situação em que já não é possível reverter a situação, não há lugar à cirurgia, nem o consequente tratamento para debelar a doença, simplesmente, o doente fica internado para receber tratamento paliativo para minorar a dor e proporcionar uma morte digna.

Penso, que é isto, que está a acontecer com a Grécia, não tem salvação possível, é a explicação que encontro para as sucessivas Cimeiras Europeias nunca alcançarem nenhum acordo, os alemães cogitam deixar cair os gregos. Algo que ainda não aconteceu porque o doente grego não sofre de uma patologia cancerígena, mas de peste. Uma peste que pode contagiar os demais, enquanto, os alemães não encontrarem um antídoto eficaz para restringir a peste à Grécia e evitar o contágio à Alemanha, nomeadamente, ao seu sector bancário. No entanto, já começam a ser muitos os analistas, que consideram o sistema financeiro alemão um hospedeiro da dita peste. Enquanto isso, os gregos vão continuar num estado vegetativo e moribundo. Estou convencido que o destino da Grécia, já está decidido, será a queda e a bancarrota. É apenas uma questão de tempo.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Currículo Lattes na Administração Pública


Entra governo, sai governo, entra administrador público, sai administrador público e uma prática política brasileira se mantém firme: a indicação de padrinhos para cargos públicos, nos chamados cargos comissionados, bem como secretarias, ministérios e assessorias afins. Alguns apadrinhados possuem competência técnica para a função a ser desempenhada, outros não. O problema maior é a sociedade não ser capaz de discernir o joio do trigo.
A solução para isto não é tão complexa, basta o currículo dos funcionários não concursados da administração direta e indireta estar disponível para a população. Imaginem uma mulher nomeada para uma secretaria municipal qualquer poder informar à população que, além de ser mãe de um vereador, também possui competência para o cargo em questão? E não seria ótimo a sociedade descobrir que um assessor qualquer tem como única qualificação ser filiado ao partido que está no poder, ou ser parente de algum deputado da base aliada do governo?
Entretanto, há milhares de pessoas nesta situação e seria virtualmente impossível colocar todos estes dados de forma organizada na internet, não havendo uma maneira técnica de se fazer um banco de dados desta magnitude. Ledo engano, há, no Brasil, uma plataforma, 100% nacional, que compila, de maneira organizada e sistemática, as qualificações acadêmicas, experiência profissional, projetos de pesquisa, publicações acadêmicas e outras informações sobre a vida profissional de pesquisadores, docentes em geral, além de alunos participantes de projetos de pesquisa.
Esta plataforma, denominada Lattes, é um projeto do CNPq de integração de bases de dados de Currículos, de Grupos de pesquisa e de Instituições em um único Sistema de Informações público e aberto para acesso sem senhas ou permissões especiais.
A dimensão atual da plataforma Lattes se estende não só ao CNPq, mas também de outras agências de fomento federais e estaduais, das fundações estaduais de apoio à ciência e tecnologia, das instituições de ensino superior e dos institutos de pesquisa, além de ser utilizada também pelo MEC e INEP.
A plataforma pode ser acessada pelo endereço http://lattes.cnpq.br/ e depois no link “buscar” para ter acesso a todos os currículos cadastrados e, para facilitar a pesquisa, todo currículo cadastrado possui um link direto para consulta. Como exemplo, o link direto para o meu currículo é o http://lattes.cnpq.br/6474056681420203.
Tecnologia e expertise o Brasil tem de sobra, falta apenas disposição política para que as informações de nossos gestores serem disponíveis para consulta, gerando uma maior transparência para a administração pública nacional.
dreamhost review Ping Blog