sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Revolução no Mundo Árabe - dois pesos e duas medidas

Vamos fazer um exercício de imaginação e ver se conseguimos chegar a alguma resposta. Imaginem um país onde:
a) O presidente é reeleito sempre com altíssimos percentuais de votos em eleições muitas vezes denunciadas como fraudulentas e está no poder a 30 anos;
b) Reprime com violência manifestações contrárias aos seus governantes, contabilizando mortos e feridos em decorrência dos confrontos (http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/internacional/2011/01/28/confrontos-no-centro-de-cairo-deixam-3-mortos.jhtm);
c) Tem como um dos seus principais opositores um laureado com o Prêmio Nobel da Paz, sendo também um influente membro na ONU que vive fora do país e é detido um dia depois de retornar ao seu país natal (http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/internacional/2011/01/28/governo-do-egito-enfrenta-nova-onda-de-protestos-e-detem-premio-nobel-da-paz.jhtm);
d) Corta o acesso dos seus cidadãos à internet, como forma de repressão à organização dos movimentos sociais;
e) Não vendo resultado na medida anterior, obriga as concessionárias de telefonia móvel a interromper o serviço nas maiores cidades do país (http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/efe/2011/01/28/telefonia-celular-para-de-funcionar-no-egito.jhtm);
Estamos falando de qual país? Estamos falando do governo tirânico da Coréia do Norte, de Cuba, do Irã ou do nosso vizinho Hugo Chaves? Ou então da China, cujo governo ditatorial e sangrento persegue suas minorias?
Não, apesar de ser um país de regime sangrento e tão ruim quanto os acima citados, não é nenhum deles. Vamos a outras "dicas":
a) Controla um canal que liga o Mar Mediterrâneo ao Mar Vermelho, fazendo com que as embarcações do Oriente Médio e toda a Ásia não sejam obrigadas a contornar o continente africano para chegar à Europa;
b) Possui um tratado de paz com o vizinho que é odiado na região, servindo muitas vezes como mediador nestes conflitos;
c) É um dos maiores aliados dos Estados Unidos da América na região.
d) Recebe, anualmente, 1,3 bilhão de dólares em ajuda militar, para evitar que movimentos extremistas atuam por aquelas bandas.

Descobriram que país é este? Pois então senhores, estamos falando do Egito, país que sofre com protestos de sua população. E onde estão os países defensores da liberdade de expressão, liberdades individuais e contra as ditaduras para defender a população egípcia? Esta é uma boa pergunta que, infelizmente, não sei responder.
Entretanto, aqui vai uma dica: "Mubarak foi um aliado nosso em uma série de coisas. E ele foi muito responsável, em relação ao interesse geopolítico na região, por esforços de paz no Oriente Médio; o Egito tomou medidas para normalizar relações com - com Israel… Eu não chamaria ele de ditador" Quem disse isso? Algum aliado tirânico de um vizinho árabe? Errado, quem disse isso foi o vice-presidente dos Estados Unidos, Senhor Joe Biden. Estaremos vendo dois pesos e duas medidas? Vamos aguardar para ver.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Aspectos Econômicos do Big Brother Brasil

Início de ano e somos "brindados" com mais uma edição do reality show mais famoso da TV brasileira, o Big Brother Brasil em sua décima primeira edição, sendo conhecido mais carinhosamente como BBB 11. Acho este programa um dos fenômenos de análise mais interessantes da TV brasileira, seja do ponto de vista econômico quanto social.

Acho algo fantástico sobre o BBB 11. É um programa que ninguém assiste, mas quase todo mundo sabe o que se passa nele. Será que não assistem mesmo ou será que existe uma certa "vergonha" em dizer que assiste? Quando eu era criança (década de 80), havia um programa, em Londrina-PR, que passava na hora do almoço, chamado Cadeia. Pelo nome, já devem saber do que se trata, era um programa pioneiro do estilo "mundo cão", onde Datena e Cia perderiam de goleada (para quem não conhece, entrem neste link do youtube - http://www.youtube.com/results?search_query=cadeia+alborghetti&aq=0). O que eu achava mais engraçado é que ninguém assistia o Cadeia, mas todo mundo sabia o que se passava nele porque, parafraseando Mano Brown, o primo do cunhado do meu genro assistiu e me contou, ou a empregada doméstica que trabalha em casa liga a TV e eu assisto. O fato prático é que, por anos a fio, seu programa, apresentado pela antiga retransmissora da TV Bandeirantes, depois CNT, era líder absoluto de audiência no horário. Penso que um fenômeno assim acontece com o BBB 11. E não é só isto, o BBB é um programa com altíssima reverberação na imprensa escrita via web, basta ver a quantidade de portais que abrem páginas especialmente dedicadas a este fim, tais como MSN, Uol, Terra etc. e que devem ter uma altíssima audiência.

Quais as conseqüências de tanta audiência e, principalmente, de tanta mídia espontânea? O primeiro é o aumento do Ibope, consolidando a TV Globo como líder de audiência, principalmente numa época pobre de programas, com as suas principais estrelas dos programas da faixa de horário pós novela em férias. E o segundo argumento é puramente financeiro. O BBB é um programa relativamente barato, muito mais barato que uma novela, por exemplo, pois o cachê dos "atores" é irrisório (falam em R$ 500,00 por semana) e mesmo o prêmio final é ínfimo (sei que é muito dinheiro, mas é menos do que o custo de uma semana de gravação de uma novela, por exemplo) e vende todas as cotas de patrocínio a um preço bem elevado. Apesar de não divulgar valores, estima-se que seja um dos maiores, senão o maior, faturamentos da casa.

Sendo um programa que traz retornos financeiros altíssimos para a emissora, temos que considerar alguns fatores que norteiam o programa, afinal, a TV segue a lógica econômica já de algum tempo. Vamos pontuar aqui alguns fatores.

1. O BBB é um programa que espelha a sociedade brasileira. FALSO. E é óbvio que é falso. A sociedade brasileira não tem este percentual imenso de gente sarada e bonita, assim como não tem um percentual tão grande de jovens e de homossexuais, por exemplo (e longe de mim aqui dizer que o programa não deveria tê-los, acho extremamente interessante, do ponto de vista mercadológico). E, por que então não refletir a sociedade brasileira no programa? Simples, porque isto é chato. Imagine juntar pessoas com mais idade, de diferentes classes sociais, gente bonita e feia em um mesmo programa. O resultado seria um programa sem emoção, seria um experimento científico, não um programa de entretenimento. E aqui vale a ressalva: nunca o BBB se intitulou como experimento científico, afinal, experimento científico é chato e maçante, precisamos ficar levantando amostras, comparando com padrões ou controles, fazer testes, comparar, verificar se não cometemos erros, transcrever resultados, analisá-los etc. Entretanto, pode-se utilizar o BBB para analisar padrões e comportamentos pessoais, mas isto é assunto lá para o tópico 3.

2. O que acontece na casa é fielmente apresentado aos telespectadores. FALSO. E aqui também é algo fácil de explicar. Encarem o BBB como uma novela. Em uma novela há um script que normalmente é mudado em virtude de aceitação ou não do público. Quantos casos já vimos que uma personagem que começou principal e morreu no meio do caminho ou virou secundária e vice-versa? No BBB é igual. Se o público mostra simpatia por um participante, a edição tende a mostrar coisas positivas dele ou tende a colocá-lo em evidência. E outra coisa, toda obra televisiva que se preze tem que ter o mocinho e o bandido, onde um dos dois vence no final. Se o BBB tem necessariamente um vencedor, por que não haveria o mocinho e o bandido? É muito mais fácil torcer pelo mocinho ou pelo bandido do que pelo Senhor João Ninguém. E isto é algo que a Rede Globo também nunca escondeu: o BBB é um programa de entretenimento, é a tal "novela da vida real".

3. Será o BBB realmente a "novela da vida real"? Aqui também é FALSO. Apesar da produção não dar ordens expressas para fulano ser bonzinho, para o casal se separar ou namorar, a casa é conduzida segundo regras e padrões. Os participantes da casa são guiados a terem comportamentos que o "Grande Irmão" (referência a George Orwell e meio que inspiração do programa) determina. Aqui podemos avaliar o programa do lado social e psicológico. Muitas vezes os participantes se comportam como cobaias em experimentos científicos, talvez até como os cachorros de Pavlov. Afinal, para que a bebida nas festas? E neste ano tem a figura do tal sabotador. Apesar de não saber exatamente como funciona, por não ser um aficionado, mas ter uma pessoa para prejudicar os outros muda o comportamento do grupo perante todos, pois vai haver sempre a desconfiança mútua que há algum falso entre eles, ou seja, os participantes serão guiados a serem mais desconfiados, a fazerem mais conchavos para saber quem os está sabotando, vai haver traições, pois uma sabotagem é um tipo de traição, ou seja, os participantes serão guiados a terem comportamentos que o público aprecia.

4. A votação do BBB é séria e idônea? Em minha opinião, VERDADE. E tenho uma plena convicção disto não porque ache a Rede Globo uma empresa ética acima de tudo etc etc etc. É uma razão econômica. Se ficar evidenciado que a votação é uma fraude, o programa será tachado de fraudulento e as empresas não irão querer ter sua imagem vinculada a um programa fraudulento. Ou seja, é melhor ter um participante que eu não gosto muito no programa e perder um participante "atrativo" do que perder milhões de reais com a fuga de patrocínio.

Enfim, muitos gostam, a maioria diz que não, mas o BBB é um programa que caiu como uma luva na programação da Rede Globo, principalmente no seu aspecto econômico. Entra uma receita muito grande no período de "entressafra" dos programas noturnos da casa a um custo muito baixo. Em virtude disto, vai estar nas nossas casas por muitos anos ainda, até que a receita de patrocínio caia a um nível que não seja mais atrativo economicamente para a emissora. E um conselho para os que não gostam. Praticamente 100% das TVs hoje em dia apresentam um dispositivo chamado "controle remoto", use-o sem moderação.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Capacitação e Qualificação Profissional


Muito se tem falado nos últimos tempos sobre a criação de empregos no Brasil, bem como a falta de profissionais capacitados para uma quantidade cada vez maior de profissões, sejam elas de nível técnico ou superior.
Agora, que tipo de capacitação as empresas tanto necessitam? A primeira coisa que vem à mente é a educação superior, o diploma em uma boa universidade. Entretanto, nos dias de hoje, um diploma não abre tantas portas quanto antigamente, devido, em boa parte, ao aumento da oferta da educação superior no país. As empresas também necessitam da capacitação obtida fora dos bancos universitários. Vou citar os dois exemplos mais reclamados pelas empresas:
Conhecimento de idiomas: em muitas áreas, principalmente nas áreas de administração, comércio exterior, engenharias, contabilidade e áreas afins, o domínio do inglês é fundamental. No mundo globalizado, onde negócios são feitos mundialmente e onde as grandes empresas possuem filiais em diversos países, é mais do que necessário o domínio da língua mundial dos negócios, o inglês. E, na nossa região, o domínio do alemão deveria ser uma vantagem competitiva, mas, infelizmente, isto não acontece pela falta de uma educação formal da língua alemã, principalmente a escrita e a gramática.
Domínio de tecnologias e máquinas: como falar em produção que não envolva o uso de máquinas? Infelizmente, o domínio é muito baixo e as empresas precisam sempre oferecer treinamento para os novos funcionários. E há um segundo e maior problema, o uso de computadores. Por mais que a nova geração já nasça usando internet com seus emails, redes sociais, comunicação instantânea, fotos e vídeos on-line, há uma deficiência enorme no domínio de planilhas eletrônicas, editores de texto, buscas na internet, e-commerce etc.
Mas, e o dinheiro? Como pagamos estes cursos? Fazer isto tudo é muito caro. Será? Dois conselhos que sempre dou aos meus alunos da primeira fase dos cursos de graduação da FURB: primeiro, procurem por este tipo de curso gratuito na internet, há uma quantidade enorme disponível; segundo, um bom curso de inglês custa, aproximadamente, um final de semana (dois dias) de balada nos barzinhos da moda na nossa cidade. Como tudo na vida, isto é uma questão de escolha de como vamos gastar o nosso dinheiro.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Entrevista com arcebispo de Brasília e o Estado Laico

Saiu hoje no UOL uma matéria com o título Dilma precisa explicar suas convicções, diz ministro do Vaticano - 19/01/2011. A entrevista me deixou absurdamente preocupado e até chocado pela posição de dom João Braz de Aviz, arcebispo de Brasília e futuro prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica. Não sei se ele falou em nome da Igreja ou do Estado do Vaticano. Porém, em ambos os casos eu ficaria preocupado. Quem tiver interesse em ler a entrevista inteira, basta clicar no link acima, mas vou reproduzir aqui alguns trechos que julgo preocupantes, com meus comentários entre parênteses.

O sr. imagina que a igreja terá alguma dificuldade de diálogo com o governo Dilma?
Claro que a gente sempre espera que o diálogo seja muito bom. Mas a verdade é que não temos uma ideia clara de quem é Dilma do ponto de vista religioso. Ela precisa explicar melhor as suas convicções religiosas para que o diálogo possa progredir. (e a quem interessa se ela é católica praticante, protestante, evangélica, atéia, agnóstica, muçulmana, budista, hinduísta etc? A mim interessa que ela seja uma boa presidente, não suas convicções religiosas, afinal, estamos em um Estado Laico, Graças a Deus)

O que sabemos é que Dilma mostrou flexibilidade com relação a temas importantes para a igreja. Mas também sabemos que políticos fazem isso: durante a campanha é uma coisa, e na prática o caminho às vezes é outro.
O que o sr. espera dela com relação a isso?
Eu espero que as posições dela se aproximem das posições da igreja. (novamente, para que????? Por que as posições dela não podem se aproximar das questões de outras religiões, ou, melhor ainda, as posições dela sirvam para o desenvolvimento do nosso país). Para isso, precisamos conhecer melhor o que pensa a Dilma presidente em relação a certos temas.
Não só o aborto, que teve destaque na disputa eleitoral, mas também quanto ao PNDH-3 [Plano Nacional de Direitos Humanos], que traz posições contudentíssimas para a igreja. Há aspectos muito bonitos com relação à questão social, mas temos aborto, homossexualismo, um monte de coisa que precisamos ver como vai ficar.

Resumindo isto tudo. Presidente Dilma, deixe suas convicções religiosas para si, isto é assunto pessoal e a senhora não foi eleita por conta disto. E meu caro dom João Braz de Aviz, saiba que estamos em um Estado Laico, onde há separação entre Estado e Igreja. Portanto, exija isto de seus subordinados. Assim como a presidente não tem que revelar suas convicções pessoais sobre os países do Oriente Médio, sobre os EUA, sobre a Europa, também não precisa revelar suas convicções pessoas nem sobre a Igreja, nem sobre o Estado do Vaticano.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Mensagem de solidariedade aos moradores da Região Serrana do Rio de Janeiro

Vejo com muita tristeza o desastre natural que se abateu na região serrana do Rio de Janeiro nestes dias. Moro em Blumenau-SC a 5 anos e gostaria de partilhar a experiência que tive com a tragédia ocorrida por aqui no ano de 2008.

Na época, a região onde moro foi uma das menos atingidas na cidade. Mesmo assim, tive água na garagem do edifício onde moro, fiquei sem luz por três dias e sem água por oito dias. A sensação de impotência é terrível e só passando por uma situação desta que é possível entender a real dimensão deste sentimento.

Pessoal da região serrana do Rio de Janeiro, vocês devem estar se sentindo meio perdidos. A água está parando de subir e agora o que fazer? Primeiro, vocês vão sentir pânico a cada vez que o céu virar para chuva. Provavelmente este sentimento vai durar meses, não se preocupem, isto é absolutamente normal. Além disto, a primeira sensação que temos é ficar revoltado com o poder público, que o Estado precisa fazer algo. Entretanto, depois a gente percebe que a reconstrução depende dos cidadãos, dos moradores das cidades. Uma das razões para a cidade de Blumenau ter se reerguido de forma rápida (3 dias depois do início das cheias, com a cidade ainda sem água e boa parte dela sem luz, o comércio já estava 80% funcionando) foi a mobilização popular e das empresas locais no processo de limpeza e reconstrução. Era comum ver caçambas e tratores privados limpando as ruas e trabalhando independente do poder público, pois, é muito mais barato para a cidade como um todo se mobilizar para fazer por conta própria do que ficar com a economia paralisada esperando ajuda governamental.

E a sensação de perda é terrível. Mesmo quem não perdeu a casa ou familiares, tem amigos que perderam vidas, que perderam tudo o que possuem. E um problema horrível é que muita gente perde não só a casa, mas o terreno também. E a explicação é simples. Se um morro desaba, os terrenos mais altos simplesmente desaparecem, visto que o seu terreno caiu e a sua terra se foi.

Outro ponto a ser tratado é a falta de água e luz. Até então, eu imaginava que viver sem luz seria terrível. Porém, viver sem luz é algo fácil, quando se tem água. Viver sem água é a pior coisa do mundo. E não falo aqui de água para beber, mas sim de água para uso. Esta foi uma das piores sensações que tive durante a tragédia. Já imaginaram não poder lavar a louça de casa? E tomar banho? E dar descarga no seu banheiro? Em 2008 a falta de água foi anunciada pela prefeitura. No primeiro dia de enchente, as tubulações se romperam e a prefeitura anunciou que antes de 8 dias, a cidade toda ficaria sem água. Então, como usar o banheiro se não vou poder dar descarga? Isto te dá uma sensação de falta de higiene e você começa a ter que controlar as suas próprias necessidades fisiológicas.

Finalmente, um ponto a ser tratado. Uma das coisas que eu me assustei, desta vez pelo lado positivo, foi a grande preparação da Defesa Civil e da própria população. Quando a água começou a subir, a cidade já sabia para qual abrigo ir (cada bairro já possui o seu), onde levar donativos, quais ruas estariam alagadas, quais ruas teriam o sentido invertido para escoar o trânsito etc. E isto aconteceu aqui porque a região é propensa a enchentes, assim como a região serrana do Rio de Janeiro. Desde o início da colonização da região de Blumenau, a 160 anos, ocorrem grandes enchentes a cada 20 anos, em média, e enxurradas de forma praticamente anual. Uma boa Defesa Civil, com uma coordenação entre o poder público, empresas, associações de bairros, bombeiros, exército etc ajuda muito a minimizar os problemas.

Para encerrar, quero expressar todas as minhas condolências à população fluminense e que Deus abençoe esta terra tão linda e conforte a todos.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Feliz Ano de 2011

Desculpem pela pouca postagem destes dias, mas este humilde blogueiro encontra-se em férias. Entretanto, gostaria de deixar este pequeno recado sobre o que espero do blog para 2011.
Para este ano de 2011 estou com alguns desejos para este blog. Desejo produzir atualizações mais frequentes voltados também à área contábil e manter os posts relacionados à área econômica tanto a nível regional, no Vale do Itajaí-SC quanto a nível nacional e internacional.
Também estarei trabalhando com assuntos relacionados às pesquisas que tenho desenvolvido na área contábil e financeira, postando aqui resumos e links para as pesquisas já publicadas. Infelizmente, as pesquisas em andamento não podem ser publicadas pois as revistas especializadas exigem que as pesquisas sejam inéditas.
Neste ano tive a grata surpresa de ter meu blog sendo premiado como Top3 no Prêmio Top Blog Brasil. Neste ano de 2011 quero estar entre os 3 melhores de novo.
Enfim, quero desejar a todos os leitores e seguidores muitas alegrias e um Ano Novo repleto de felicidades e realizações.

Até a China já exporta café para o Brasil - Um exemplo de possível sensacionalismo na imprensa

Saiu na Folha de São Paulo de ontem (03/01) uma reportagem de capa do caderno Mercado com o título: "Até a China já exporta café para o Brasil", talvez uma das reportagens mais mal feitas do jornal nos últimos tempos, em minha opinião.

Lendo o título, o que se depreende é o seguinte: o Brasil, maior exportador mundial de café, passou a importar café da China, um país que não tem tradição no consumo de café e que o café chinês estaria invadindo o Brasil, assim como brinquedos, tecidos etc.
Entretanto, o que achamos na matéria? Achamos 2,5 míseros parágrafos sobre isto, e a principal chamada é: "Líbano e China se juntam à lista de vendedores de café torrado para o Brasil. A quantidade é pequena:560 e 332 quilos, respectivamente, nos 11 primeiros meses de 2010".
Das duas uma, ou o Colunista responsável pela matéria e quem aprovou a matéria não entendem absolutamente nada do assunto ou a falta de pauta é terrível. Importamos 332 quilos de café da China. Sabem o que isto representa? 332 quilos = 6,5 sacas de 60 kg de café. De acordo com um cálculo grosseiro, isto tudo cabe dentro de uma KOMBI e ainda sobra muito espaço. Será que uma importação de 6,5 sacas de café que cabem dentro de 1/4 de uma Kombi (acho que cabe em menos espaço ainda, mas estou sendo generoso com a matéria) representa alguma coisa no mercado nacional de café ou representa algo na balança comercial do Brasil? Ou será que é puro sensacionalismo?
Outra coisa, falaram da importação de café suiço, italiano etc com cifras GIGANTESCAS na casa de 16 MILHÕES de dólares (o mais alto) de café da Suiça, assim como cifras menos gigantescas como 1,6 milhão de dólares (Itália) e coisas assim. O que se pode tirar desta matéria? Que o brasileiro de alto poder aquisitivo prefere os Café Premium vindos de fora, como aliás SEMPRE ocorreu.
O que a matéria deveria ter enfocado e passou muito longe disto é por que o Brasil não emplaca venda de café com alto valor agregado e apenas o café como commodity. Aliás, isto ocorre também com a soja, milho, trigo, frutas e praticamente todos os produtos agrícolas do país.
Logo eu me pergunto: no que isto agregou de valor ao leitor mais informado? Ao leitor menos informado eu garanto que agregou muita confusão, principalmente porque foram feitas análises sobre a China entrando no mercado etc com um volume de 1/4 de uma carga de Kombi em 11 meses de importação. E aí eu me pergunto: foi feito um levantamento de quantas importações foram feitas? Será que não foi feita apenas uma
única importação, talvez para abastecer comunidades chinesas de SP? Ou será que foram feitas várias importações, aí sim para conhecer o mercado?
Realmente, ainda precisamos de uma qualidade melhor em análises econômicas por parte da grande imprensa para não confundir conceitos e desinformar o leitor.
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